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01/Jun/2021

Importação de trigo favorecida com queda no dólar

A recente desvalorização do dólar frente ao Real tornou a importação de trigo da Argentina e do Paraguai mais atrativa que a compra do cereal no mercado brasileiro. Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 17 a 21 de maio, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 285,47 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,28, o cereal importado era negociado a R$ 1.507,65 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média de R$ 1.643,55 por tonelada. No Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 267,44 por tonelada, o equivalente a R$ 1.412,45 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.601,32 por tonelada na média do Estado. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de maio, as compras brasileiras de trigo tiveram média diária de 29,71 mil toneladas, contra 23,36 mil toneladas no mesmo mês de 2020, elevação de 27,19%.

Os preços de importação registram média de US$ 271,50 por tonelada FOB origem, 21,63% acima dos verificados no mesmo período de 2020 (US$ 223,20 por tonelada). Nesse cenário, o ritmo de negócios no Brasil está lento, e os preços estão em queda. Muitos agentes de moinhos se mostram abastecidos e indicam que a demanda por farinhas está fraca. Apenas as vendas de farelo estão um pouco mais aquecidas, tendo em vista o elevado preço do milho, substituto em ração animal. Do lado da oferta, os vendedores estão afastados do mercado, focados no cultivo da nova safra. Ressalta-se que, apesar da menor demanda interna, o trigo disponível no País não deve ser suficiente até a colheita da safra deste ano. Nos últimos sete dias, as cotações no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram recuo de 1,28% no Paraná e de 0,58% no Rio Grande do Sul. Em Santa Catarina, os preços no mercado de balcão permanecem estáveis, mas apresentam avanço de 0,44% no mercado de lotes (negociação entre empresas).

Em São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná, os preços no mercado de lotes apresentam recuo de 1,66%, de 1,53% e 1,42%, respectivamente. De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), até o dia 24 de maio, a semeadura no Paraná havia atingido 58% da área esperada para o Paraná, com 92% em condições boas e 8% em médias. Do total já semeado, 68% estão em fase de germinação e 32%, em desenvolvimento vegetativo. A produção deve somar 3,820 milhões de toneladas em 2020/2021, aumento de 22% sobre a safra anterior. Isto será possível com a área plantada de 1,169 milhão de hectares e rendimento de 3.266 quilos por hectare. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que, até o dia 23 de maio, 47% das lavouras de trigo de inverno do país estavam entre condições boas e excelentes, 7% abaixo do registrado no ano anterior. Em condições médias estavam 35% das lavouras, e entre ruins e muito ruins, 18%, leve piora em comparação à semana anterior. Para o trigo de primavera, o cultivo segue avançado e já alcançou 94% da área estimada, contra 78% em 2020 e acima da média de 85% dos últimos cinco anos.

Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires relatou que, na última semana, a ocorrência de precipitação favoreceu o avanço da semeadura de trigo, que atingiu 10,1% da área total da safra, mas que ainda está 3,3% abaixo do verificado no ano anterior. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram recuo de 1,4% nos últimos sete dias, a US$ 272,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Julho/2021 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago apresenta desvalorização de 1,6% nos últimos sete dias, a US$ 6,63 por bushel (US$ 243,79 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Winter acumula queda de 1,7% no mesmo período, a US$ 6,13 por bushel (US$ 225,33 por tonelada). A desvalorização do cereal está relacionada à previsão de maior oferta mundial e a realizações de lucros. Apesar disso, chuvas intensas nas Grandes Planícies nos Estados Unidos, que podem prejudicar a safra, limitaram os recuos externos. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.