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18/Mai/2021

Tendência de alta dos preços deve estimular plantio

Os preços do trigo no Brasil seguem em elevação desde o final de 2019, com altas mais intensas desde o último trimestre de 2020, em linha com o observado no mercado externo e com outros grãos e cereais. Para os produtores domésticos, esse é um estímulo ao maior cultivo. Dados divulgados neste mês pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) indicam previsão de crescimento de cerca de 5% da área em relação à safra de 2020. Para a produtividade, o aumento deve ser de 1,5% na mesma comparação. Entretanto, vale ressaltar que a cultura do trigo é sensível ao clima (especialmente à seca e geada), inclusive em fase final de ciclo. Portanto, os dados podem se alterar expressivamente ao longo dos próximos meses, principalmente porque o tempo seco tem atrapalhado o ritmo de semeadura. Por enquanto, espera-se crescimento de 6,5% na produção, para 6,63 milhões de toneladas, o maior volume desde 2016.

Com maior oferta, a importação deve recuar para 6,4 milhões de toneladas entre agosto/2021 e julho/2022, o menor volume desde 2017. A disponibilidade interna, por sua vez, está projetada em 13,15 milhões de toneladas, a maior desde 2018. Este volume deve atender à previsão da demanda doméstica de 12,11 milhões de toneladas, 0,12% acima do observado no período anterior. As exportações continuaram em 600 mil toneladas. Com isso, o estoque final, em julho/2022, deve ser de 438,7 mil toneladas, expressivamente maior que o estimado para julho/2021 (113 mil toneladas). As negociações de trigo no mercado interno permanecem em ritmo lento. Com o baixo volume da safra passada disponível, os vendedores não estão cedendo às indicações de compradores. Nos últimos sete dias, os preços registram alta no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, mas recuo no Paraná. Os motivos dessa baixa foram as chuvas da última semana no Paraná, o que deve favorecer o avanço da semeadura.

Nos últimos sete dias, as cotações do trigo no mercado de balcão (preço pago ao produtor) apresentam alta de 1,26% no Rio Grande do Sul e de 0,72% em Santa Catarina. No Paraná, os valores registram recuo de 2,54%. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os avanços são de 1,31% em Santa Catarina e de 0,16% no Rio Grande do Sul. Em São Paulo e no Paraná, os valores acumulam baixas de 0,37% e de 0,10%, respectivamente. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), na primeira semana de maio, as importações de trigo apresentaram média diária de 25,18 mil toneladas, contra 23,36 mil t no mesmo mês de 2020, elevação de 7,8%. Os preços de importação registram média de US$ 275,10 por tonelada FOB origem, 23,24% acima dos verificados no mesmo período de 2020 (US$ 223,20 por tonelada). Tomando-se como base dados da Conab, de 3 a 7 de maio, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 278,38 por tonelada para o produto posto no Paraná.

Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,35, o cereal importado era negociado a R$ 1.489,60 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média de R$ 1.657,82 por tonelada. Para o Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 260,77 por tonelada, o equivalente a R$ 1.395,39 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.574,78 por tonelada no Estado. Dados divulgados neste mês pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apresentaram as primeiras estimativas da safra 2021/2022, indicando produção mundial 1,7% maior frente à safra 2020/2021, somando 788,978 milhões de toneladas, um recorde. Este aumento está atrelado às previsões de maiores safras na União Europeia, no Reino Unido, Marrocos, na Argentina, Ucrânia e nos Estados Unidos. Quanto ao consumo, houve aumento de 1% de 2020/2021 para 2021/2022, atingindo 788,683 milhões de toneladas, também um recorde.

O consumo humano continua subindo, principalmente no sul da Ásia e na China, atrelado ao aumento populacional e a mudanças de hábitos alimentares. Além disso, o aumento no consumo de ração deve ser maior na Europa. Os estoques mundiais devem subir leve 0,1% sobre a safra 2020/2021, indo para 294,962 milhões de toneladas, devido a uma acentuada elevação da produção mundial e a um menor aumento no consumo global. Porém, a relação estoque/consumo permanece em queda, indo de 37,8% para 37,4%. Em relação às exportações da safra 2021/2022, o USDA prevê elevação de 3,1% em comparação à safra passada. O maior aumento nas vendas externas deverá ocorrer na Argentina, com alta de expressivos 36,8%, somando 13 milhões de toneladas. Outros aumentos representativos também foram notados na União Europeia (33 milhões de toneladas) e na Ucrânia (20 milhões de toneladas), de 3 milhões de toneladas no volume de cada um.

Relatório do USDA indicou que, até a semana de 9 de maio, 49% das lavouras de trigo de inverno dos Estados Unidos estavam entre condições boas e excelentes, 1% acima do registrado na semana anterior. Em condições médias estavam 33% das lavouras, e entre ruins e muito ruins, 18%, leve melhora em comparação ao período anterior. Para o trigo de primavera, o cultivo alcançou 70% da área estimada, contra 40% em 2020 e acima da média de 51% dos últimos cinco anos, mantendo o avanço acelerado nesta safra. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram recuo de 1,4% nos últimos sete dias, a US$ 284,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Maio/2021 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago apresenta desvalorização de 6% nos últimos sete dias, a US$ 7,27 por bushel (US$ 267,22 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Winter registra recuo de expressivos 10,4%, a US$ 6,51 por bushel (US$ 239,48 por tonelada). A desvalorização do cereal está relacionada à previsão do USDA de maiores estoques nos Estados Unidos. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.