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04/Mai/2021

Tendência de preços firmes e de aumento da área

Os preços internos do trigo tiveram uma reação expressiva nos últimos 16 meses e atualmente operam em patamares recordes nominais. Esse movimento de alta está em linha com o observado para outros produtos agrícolas, especialmente aqueles concorrentes em área, e no mercado internacional. Diante disso, a expectativa é de que a área com trigo neste ano aumente na Região Sul do País, que foi responsável por quase 90% da produção nacional em 2020. Nos últimos sete dias, os valores médios do trigo pagos ao produtor em abril/2021 estiveram 62,1% acima dos registrados em abril/2020, em termos nominais. No mercado de lotes (negociações entre empresas), o avanço foi de 42,1%. No mesmo período, a média do primeiro vencimento da Bolsa de Chicago) subiu 23,4%, e os valores FOB exportação do governo da Argentina, 9,2%, ambos em dólares. Nos últimos 12 meses, o dólar se valorizou 4,4%.

De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a área destinada ao trigo no Paraná deve crescer 3% neste ano frente à safra anterior, atingindo 1,16 milhão de hectares. Espera-se que a produtividade média seja 17,4% acima da registrada em 2020, o que contribuiria para que a produção aumentasse 21,7%, para 3,8 milhões de toneladas. A semeadura avançou para 5% no estado na última semana, mas os agentes seguem preocupados com o clima seco. No Rio Grande do Sul, informações divulgadas pela Emater-RS indicam que os produtores seguem planejando a safra, e a previsão é de aumento na área com o cereal no Estado. As negociações de trigo no mercado interno seguem lentas. Além dos altos preços do cereal, muitos moinhos sinalizam ter estoques. Por outro lado, as unidades do Paraná que precisam comprar novos lotes de trigo se deparam com a baixa disponibilidade e, com isso, precisam importar o cereal, especialmente do Paraguai. Nos últimos sete dias, as cotações do trigo no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram alta de 1,57% em Santa Catarina, 1,44% no Rio Grande do Sul e de 1,13% no Paraná.

No mercado de lotes (negociações entre empresas), os avanços são de 2,95% em São Paulo, de 2,19% no Rio Grande do Sul, de 2,1% no Paraná e 1,3% em Santa Catarina. Em abril, o preço médio do trigo no mercado de lotes do Rio Grande do Sul foi de R$ 1.496,13 por tonelada, avanços de 2,9% frente ao de março/2021 e de expressivos 47,1% em relação a abril/2020. Trata-se, também, de média mensal recorde em termos nominais, considerando-se toda a série histórica do Cepea, iniciada em 2004. Já em termos reais, a média de abril é a maior desde novembro de 2020 (os valores foram deflacionados pelo IGP-DI de março/2021). No Paraná, a média em abril foi de R$ 1.605,64 por tonelada, altas de 5,5% em um mês e de 36,7% em um ano e um recorde nominal. Em termos reais, esta é a maior média desde maio de 2020. Em Santa Catarina, o preço médio do trigo foi de R$ 1.544,17 por tonelada em abril, aumentos de 1,1% no mês e de 47,6% em um ano.

Em São Paulo, a média de abril foi de R$ 1.615,12 por tonelada, elevações de 3,5% frente ao mês de março/2021 e de 35,1% na comparação com a média de abril/2020. Ambas as médias também são recordes nominais. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até o dia 24 de abril, as importações de trigo apresentavam média diária de 21,94 mil toneladas, contra 37,4 mil toneladas no mesmo mês de 2020, forte redução de 41,34%. Os preços de importação continuam elevados e registram média de US$ 266,50 por tonelada FOB origem, 24,22% acima dos verificados no mesmo período de 2020 (US$ 214,50 por tonelada). Relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicou que, até a semana do dia 25 de abril, 49% das lavouras de trigo de inverno estavam entre condições boas e excelentes, 4% abaixo da semana anterior. Em condições médias estavam 32% das lavouras e 19%, entre ruins e muito ruins, leve piora em comparação com a semana anterior.

Para o trigo de primavera, o cultivo soma 28% da área estimada, contra 13% em 2020 e acima da média de 19% dos últimos cinco anos, demonstrando um avanço acelerado. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram queda de 0,7% nos últimos sete dias, a US$ 273,00 por tonelada. Apesar da queda semanal, houve alta de 3% em abril. Nos Estados Unidos, nos últimos sete dias, o contrato Maio/2021 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago apresenta valorização de 4,5%, a US$ 7,42 por bushel (US$ 272,82 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter acumula alta de fortes 3,7%, a US$ 6,98 por bushel (US$ 256,56 por tonelada). Os avanços em abril foram de 20,1% na Bolsa de Chicago e de 21,3% na Bolsa de Kansas. As altas do trigo estiveram relacionadas à valorização do milho no mercado internacional, pois ambos são utilizados na ração animal.

No início da semana passada, especificamente, os preços externos recuaram pela boa condição das lavouras de inverno nos Estados Unidos e pela previsão de chuva no país norte-americano. Contudo, no final da semana passada, as cotações do trigo subiram, influenciados pela orientação do governo chinês aos produtores de aumentar o volume do cereal na ração animal, devido aos elevados preços de milho. Segundo o USDA, até o dia 22 de abril, as exportações norte-americanas de trigo (safra 2020/2021) somavam 22,59 milhões de toneladas, volume 0,4% superior ao escoado no mesmo período do ano passado. Na semana do dia 22 de abril, especificamente, foram exportadas 564,047 mil toneladas, quantidade menor que a da semana anterior (626,670 mil toneladas), mas 11,31% acima da registrada em período equivalente de 2020 (de 506,7 mil toneladas). Os principais destinos do cereal dos Estados Unidos na semana foram China (162,563 mil toneladas), Coreia do Sul (94,247 mil toneladas) e Japão (71,544 mil toneladas). Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.