13/Abr/2021
Moinhos brasileiros se mostram abastecidos, sem necessidade de novas aquisições no curto prazo. Além disso, o fluxo de negociações dos derivados está relativamente lento. Os vendedores de trigo, por sua vez, estão resistentes nos preços pedidos por novos lotes. Nesse cenário, as negociações seguem lentas, com agentes se atentando a estimativas indicando crescimento na oferta brasileira de trigo na safra deste ano. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a área nacional de trigo deve aumentar 1,6% na safra 2021/2022 em relação à anterior e a produtividade, 0,6%, resultando em produção de 6,37 milhões de toneladas, 2,2% maior que temporada passada. A Conab também prevê queda de 3% nas importações, para 6,4 milhões de toneladas entre agosto/2021 e julho/2022. Ao somar estoque inicial (em agosto/2021) com produção de 2021 e as importações, a disponibilidade interna é prevista em 13,33 milhões de toneladas, 2,1% acima da estimada para o período de agosto/2020 a julho/2021.
Este volume deve atender a uma demanda doméstica de 11,8 milhões de toneladas, 1,8% maior que a do período anterior. As exportações indicadas pela Conab são de 600 mil toneladas, com queda de 33% sobre os embarques previstos para agosto/2020 a julho/2021. Com isso, o estoque final, em julho/2022, deve ser de 930,2 mil toneladas, 65,2% maior que o previsto para julho/2021. Dados divulgados neste mês pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que a produção mundial em 2020/2021 deve se reduzir 1,6% frente à safra 2019/2020, somando 776,492 milhões de toneladas. No relatório, foram ajustadas negativamente as safras na União Europeia, Etiópia e Japão, e houve elevação para a Argentina. Quanto ao consumo, houve aumento de 4,6% de 2019/2020 para 2020/2021, atingindo 781,013 milhões de toneladas. Destaca-se a elevação de cinco milhões de toneladas nas estimativas de consumo da China entre o relatório de março e o de abril, atingindo 150 milhões de toneladas.
Os estoques mundiais devem cair 1,6% sobre a safra passada, indo para 295,523 milhões de toneladas. Assim, a relação estoque/consumo permanece em queda, indo de 38,8% para 37,8%. Em relação às exportações da safra 2020/2021, o USDA prevê expressiva redução de 22,8% nas vendas externas da Argentina quando comparado ao volume da safra anterior, somando 10,5 milhões de toneladas. Na União Europeia, a queda nos embarques também foi notável, passando de 38,42 milhões de toneladas para 27,5 milhões entre as safras 2019/2020 e 2020/2021. Nos últimos sete dias, os valores do trigo no mercado de balcão (preço pago a produtores) registram alta de 1,17% no Paraná e de 0,91% em Santa Catarina. No Rio Grande do Sul, o valor apresenta baixa de 0,69%. No mercado de lotes (negociação entre empresas), os avanços foram de 1,58% em São Paulo, de 1,29% no Rio Grande do Sul, de 0,96% no Paraná e de 0,88% em Santa Catarina.
Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires permanecem estáveis nos últimos sete dias, em US$ 261,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Maio/2021 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago registra valorização de 3,4% nos últimos sete dias, a US$ 6,38 por bushel (US$ 234,70 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter apresenta alta de 4,2% no período, a US$ 5,86 por (US$ 215,50 por tonelada) no mesmo comparativo. As altas nas cotações estão atreladas aos menores estoques globais da safra 2020/2021. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as compras brasileiras somaram 611,05 mil toneladas em março/2021, volume 35,9% superior ao de fevereiro/2021, mas 7,4% abaixo do volume de março/2020. Do total importado pelo Brasil, 86,12% vieram da Argentina, 10,8%, do Uruguai e 3,08%, do Paraguai. O preço médio da importação em fevereiro/2021 foi de US$ 260,19 por tonelada, 4,6% acima do valor de fevereiro/2021 e 21,6% superior ao de março/2020.
Ao se considerar o dólar médio de R$ 5,64 em março/2021, o custo médio da importação no mês passado foi de R$ 1.468,01 por tonelada FOB, 39,6% a mais que em março/2020. Tomando-se como base dados da Conab, 29 de março a 2 de abril, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 262,74 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,73, o cereal importado era negociado a R$ 1.506,61 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média de R$ 1.555,43 por tonelada. Para o Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 246,15 por tonelada, o equivalente a R$ 1.411,46 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.456,73 por tonelada no Rio Grande do Sul. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.