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23/Mar/2021

Tendência de preço sustentado para trigo em grãos

A demanda por novos lotes de trigo está apenas pontual, o que mantém as negociações lentas no Brasil. No geral, os compradores estão incertos quanto à reação da procura diante do acirramento do isolamento social, visando conter o avanço da Covid-19 no Brasil, e da postergação de novo auxílio emergencial. A baixa liquidez é mais expressiva no mercado de farinhas. Vale considerar que, em 2020, o processamento industrial de trigo e a fabricação de derivados recuaram no início do isolamento social, no final de março e em abril, voltando a se recuperar parcialmente nos meses seguintes. No acumulado do ano, a produção industrial ficou em linha com o que havia sido registrado em 2019. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de agosto/2020 a julho/2021, estima-se que a demanda some 11,6 milhões de toneladas de trigo no mercado interno, queda de cerca de 7% em relação ao que havia sido consumido nos últimos dois anos. Para julho/2021, espera-se uma relação estoque final/consumo de 4,9%, contra 1,8% em julho/2020.

No geral, os dados indicam que as importações acabam ocorrendo conforme há demanda acima da produção industrial. Na média dos últimos cinco anos, as compras externas atenderam a 56,6% da demanda brasileira. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a segunda semana de março, as compras externas de trigo apresentavam média diária de 24,01 mil toneladas, contra 29,98 mil toneladas no mesmo mês de 2020, ou seja, redução de 19,9%. Os preços de importação registram média de US$ 256,80 por tonelada FOB origem, 20,05% acima dos verificados no mesmo período do ano passado (US$ 213,90 por tonelada). Tomando-se como base dados da Conab, de 8 a 12 de março, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 270,33 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,69, o cereal importado era negociado a R$ 1.539,23 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média de R$ 1.515,53 por tonelada.

Para o Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 253,30 por tonelada, o equivalente a R$ 1.442,29 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.453,85 por tonelada no Rio Grande do Sul. Mesmo em meio à baixa liquidez, as cotações do trigo seguem firmes, devido ao período de entressafra. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (preço pago ao produtor), os valores registram alta de 0,88% no Paraná, 0,79% em Santa Catarina e 0,04% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociação entre empresas), os avanços são de 1,43% no Paraná, de 1,02% no Rio Grande do Sul e de 0,34% em Santa Catarina. Em São Paulo, os preços permanecem estáveis no mercado de lotes. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires estão em alta, indo para US$ 268,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Maio/2021 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago apresenta desvalorização de 1,8% nos últimos sete dias, a US$ 6,27 por bushel (US$ 230,38 por tonelada).

Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter registra recuo de 3%, a US$ 5,85 por bushel (US$ 215,13 por tonelada) no mesmo comparativo. As menores cotações estão relacionadas às condições climáticas favoráveis durante o inverno em importantes regiões produtoras de Estados Unidos, Rússia e Ucrânia. Desta forma, quando a cultura sair da dormência, esta deve ser favorecida pela maior umidade. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), até o dia 11 de março, as exportações norte-americanas de trigo (safra 2020/2021) somavam 19,27 milhões de toneladas, volume 2,35% inferior ao escoado no mesmo período do ano passado. Apesar disso, na semana do dia 11 de março, foram exportadas 683,492 mil toneladas, quantidade expressivamente maior (45,67%) que a embarcada na mesma semana de 2020 (de 469,191 mil toneladas). Os principais destinos do cereal dos Estados Unidos na semana passada foram Filipinas (177,995 mil toneladas), Coreia do Sul (100,138 mil toneladas) e China (67,260 mil toneladas). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.