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03/Mar/2021

Área plantada deverá crescer com preços elevados

Com produtores planejando a safra de inverno no Brasil, surge uma forte expectativa de avanço no plantio de trigo em 2021 diante dos elevados preços do cereal, que subiram mais que os custos de produção. Para a Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS), a semeadura no Estado deve crescer 10%, aproximando-se da área plantada no Paraná, líder no cereal no País. Juntos, os dois Estados respondem por 85% da safra nacional. Desde 2014, o Rio Grande do Sul não ultrapassava 1 milhão de hectares semeados, e neste ano deve chegar a pelo menos 1,040 milhão de hectares.

Os altos preços são incentivadores. Há uma perspectiva de rentabilidade mesmo diante de um cenário de custos 21,77% mais elevados no Estado. O primeiro levantamento sobre custos de produção para o trigo de 2021 mostrou que, para cobrir gastos como aquisição de insumos, manutenção de máquinas e equipamentos, combustíveis, entre outros, será necessário desembolsar R$ 3.997,10 por hectare produzido. Em contrapartida, dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostram que o preço médio do trigo para o Rio Grande do Sul disparou quase 70% no comparativo anual, de R$ 866,25 por tonelada para R$ 1.465,02 por tonelada atualmente.

Segundo o Itaú BBA, os preços do trigo em alto patamar são um incentivo a mais para os produtores do Rio Grande do Sul, que deverão ser estimulados também por uma grande colheita de soja, antes da semeadura do cereal. Combinada a soja com os altos preços, o produtor poderá recuperar, ao menos, parcialmente, a saúde financeira. No ano passado, os produtores sofreram com a soja e depois com o trigo. Há relatos de aumento de até 30% na área de trigo prevista para esta safra de inverno. No Paraná, maior produtor do cereal no Brasil, as projeções não estão tão claras, pois ainda dependem dos desdobramentos da semeadura da 2ª safra de milho de 2021, grão que concorre com o trigo em algumas regiões do Estado. A projeção deve sair no fim de março e há receios.

Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), mesmo que parte do trigo seja substituída pelo milho 2ª safra neste ano, a área tende a superar o total de 1,1 milhão de hectares que foram plantados com trigo no ano passado. Os custos com sementes, fertilizantes e agroquímicos estarão maiores em função do aumento na procura, influência do câmbio e do petróleo. Mas, o incremento nas despesas não será proporcional à elevação no preço do trigo, em torno de 50%. Atualmente, o trigo está cotado a R$ 1.496,38 por tonelada no Paraná, ante R$ 985,49 por tonelada registrado no mesmo período do ano anterior. O principal 'driver' para plantio é o aumento das margens da própria cultura.

Além disso, o que pode contribuir para um aumento mais expressivo de área no Paraná são os produtores que vão plantar mais tardiamente e perderiam a janela do milho, migrando para o trigo. Considerando que o Brasil é importador do cereal, os preços estão elevados em função do câmbio, restrições ou preocupações de oferta em grandes produtores como Estados Unidos, Rússia e Ucrânia que afetam as cotações internacionais e impulsionam os valores também da Argentina, principal fornecedor da indústria brasileira. O resultado da disparada nos preços é um aumento na pressão sobre as margens dos moinhos, visto que há dificuldade de repasse de custos para a farinha devido ao recuo no poder de compra da população após o fim do auxílio emergencial.

Para os moinhos, este ano vai ser difícil, como foi o ano passado. Para a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), é possível que se atenue um pouco a situação dos moinhos se os preços caírem, mas isso não deve ocorrer porque a situação na Argentina está apertada. A expectativa é de que o preço do cereal vai continuar alto e o pouco que os moinhos estão conseguindo repassar de custos não tem sido suficiente para melhorar as margens. Ainda que o auxílio emergencial volte, não seria uma medida de efeito direto sobre a indústria. Sobre a possibilidade de pedir uma cota adicional para compra do produto de fora do Mercosul sem a tarifa TEC, o setor vai aguardar até meados de maio ou junho e, se houver necessidade, a associação vai solicitar ao governo. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.