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02/Mar/2021

Tendência é de alta dos preços do trigo em grãos

Os preços do trigo em grão encerraram fevereiro, período de entressafra, em alta. O foco dos produtores tem sido a colheita da safra de verão (1ª safra 2020/2021), especialmente de soja, e a definição do cultivo da 2ª safra de 2021, em que se enquadra o trigo. Assim, a oferta está baixa. Do lado comprador, os moinhos permaneceram ausentes do mercado nos últimos dias do mês passado, visto que afirmam ter estoques elevados de produtos acabados. Nesse cenário, apesar das altas dos valores, as negociações seguem lentas. Em fevereiro, o preço médio do trigo no mercado de lotes (negociações entre empresas) do Rio Grande do Sul foi de R$ 1.445,57 por tonelada, avanços de 7,1% frente ao preço de janeiro/2021 e de expressivos 71% em relação a fevereiro/2020. No Paraná, a média foi de R$ 1.490,64 por tonelada, altas de 5,8% em um mês e de 53,2% em um ano. Em São Paulo, a média foi de R$ 1.526,49 por tonelada, elevações de 5,6% frente à de janeiro/2021 e de 51,4% na comparação com fevereiro/2020.

Em Santa Catarina, o preço médio do trigo foi de R$ 1.504,16 por tonelada, respectivos aumentos de 5,3% e de 63,7%. Nos últimos sete dias, especificamente, as cotações do trigo no mercado de balcão (preço ao produtor) registram alta de 1,1% em Santa Catarina, 1,67% no Rio Grande do Sul e 1% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os avanços são de 0,42% em Santa Catarina e de 0,51% no Paraná, mas há quedas de 1,01% no Rio Grande do Sul e de 0,07% em São Paulo. No mercado de balcão, a alta está atrelada ao menor interesse do produtor na comercialização do cereal e aos baixos estoques, especialmente no Paraná. No mercado de lotes, por outro lado, a maior procura por trigo argentino gerou maior competitividade e algumas regiões registram quedas nas cotações. Todavia, a taxa de câmbio segue dando sustentação à paridade de importação. Em fevereiro, o dólar se valorizou 3,2% frente ao Real, encerrando o mês a R$ 5,58.

Dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) divulgados em 25 de fevereiro indicam que a produção de trigo vendida e/ou consumida nas propriedades havia atingido 92,4% do volume previsto, contra 86,3% em janeiro/2021 e 82,4% em dezembro/2020, demonstrando que há baixo volume disponível nas mãos do produtor. Assim, as importações serão ainda mais relevantes neste semestre. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a terceira semana de fevereiro, as compras externas de trigo apresentaram média diária de 24,66 mil toneladas, contra 29,23 mil toneladas por dia no mesmo mês de 2020, baixa de 15,64%. Os preços de importação registram média de US$ 245,00 por tonelada FOB origem, 20,71% acima dos verificados no mesmo período do ano passado (US$ 203,00 por tonelada). Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 15 a 19 de fevereiro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 275,50 por tonelada para o produto posto no Paraná.

Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,42, o cereal importado era negociado a R$ 1.490,32 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média de R$ 1.491,39 por tonelada. Para o Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 258,08 por tonelada, o equivalente a R$ 1.396,07 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.468,04 por tonelada no Rio Grande do Sul. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram recuo, para US$ 265,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Março/2021 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago apresenta valorização de 0,7% nos últimos sete dias, a US$ 6,55 por bushel (US$ 240,67 por tonelada). A valorização está atrelada ao clima predominantemente seco no sul das Grandes Planícies dos Estados Unidos, importante região produtora do país. Na Bolsa de Kansas, por outro lado, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter registra recuo de 1,1%, a US$ 6,24 por bushel (US$ 229,56 por tonelada) no mesmo comparativo.

A baixa é resultado da menor demanda pela commodity norte-americana e, também, da valorização do dólar, o que reduz sua competitividade. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na semana encerrada em 18 de fevereiro, as exportações norte-americanas de trigo (safra 2020/2021) somaram 17,75 milhões de toneladas, volume 2,19% inferior ao escoado no mesmo período do ano passado. Na semana do dia 18 de fevereiro, foram exportadas 324,597 mil toneladas, 22,49% a menos que o da mesma semana de 2020, quando o total foi de 418,816 mil toneladas. Os principais destinos do cereal dos Estados Unidos nessa semana específica foram China (66,795 mil toneladas), Peru (49,499 mil toneladas) e Nigéria (48,242 mil toneladas). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.