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01/Mar/2021

Tendência de preços sustentados do trigo no Brasil

A demanda ainda retraída da indústria moageira continua limitando a comercialização de trigo no mercado interno. Apenas negócios pontuais e de volume pouco expressivo são reportados. Os moinhos ainda possuem estoques alongados, em virtude do menor consumo de farinha e derivados. Estima-se queda de 25% a 30% no volume moído pelas fábricas no acumulado do ano, o que significa que somente no Rio Grande do Sul 60 mil toneladas a menos de trigo foram processadas. No Paraná, na região dos Campos Gerais, a negociação continua lenta. Os moinhos indicam entre R$ 1.450,00 e R$ 1.460,00 por tonelada, para entrega imediata e pagamento no fim de março. Os que não têm espaço para receber o cereal neste momento indicam entre R$ 1.500,00 e R$ 1.520,00 por tonelada, para entrega em abril e pagamento em maio. Os preços registram queda de R$ 20,00 a R$ 30,00 por tonelada nos últimos sete dias. Os vendedores, contudo, já negociaram bons volumes nos últimos meses e agora buscam entre R$ 1.550,00 e R$ 1.600,00 por tonelada FOB.

O desejo é negociar no disponível, para liberar espaço nos silos. Com prazo, a ponta vendedora não demonstra interesse em negociar devido à concentração nos próximos meses de movimentação de soja e milho que estão sendo colhidos na região. Contudo, os compradores estão bem abastecidos e argumentam que trigo importado do Paraguai estava chegando ao Paraná entre R$ 1.550,00 e R$ 1.560,00 por tonelada. Além das reservas de cereal, a indústria moageira retrai as compras na expectativa de queda dos preços, já que a tendência é que os produtores desovem armazéns para entrada da colheita de cereal. O movimento já é observado no Rio Grande do Sul. Há pressão de venda por parte das cooperativas para chegada da soja. Também não há espaço nos cerealistas, então é necessário vender trigo. No interior do Estado, os vendedores indicam R$ 1.400,00 por tonelada, para retirada imediata e R$ 1.500,00 por tonelada, para retirada em abril, mas os moinhos alegam que há descompasso entre o custo do cereal e preço final da farinha. Nesse patamar, haveria necessidade de reajuste de 10% em farinhas para panificação e 20% para farinhas para biscoitos e massas.

No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, a comercialização também está travada, mas os produtores se mantêm firmes. Moinhos, abastecidos, não mostram grande interesse em adquirir volumes de trigo devido à dificuldade em fechar novas vendas de farinha. A indicação de compra está entre R$ 1.420,00 e R$ 1.430,00 por tonelada, para entrega no fim de março e pagamento no fim de abril. Os vendedores ainda têm estoques da safra 2019/2020, mas buscam entre R$ 1.500,00 e R$ 1.600,00 por tonelada FOB. Os produtores têm que se desfazer do trigo para liberar espaço em silo, mas neste ano está mais resistente. Eles desejam preço maior, até porque o trigo nesta safra foi de excelente qualidade. Mesmo com os preços firmes, o cereal do Estado segue mais competitivo que o importado. O trigo argentino chega ao Rio Grande do Sul a R$ 1.700,00 por tonelada, considerando o dólar a R$ 5,50 e frete de R$ 100,00 por tonelada do moinho ao porto, o que corresponde a cerca de R$ 300,00 a mais por tonelada que o indicado pelo vendedor local.

Os exportadores argentinos indicam o cereal a US$ 297,00 por tonelada para entrega no Porto de Rio Grande. De contratos fechados previamente, desembarcaram 33 mil toneladas no Estado. Cerca de 50% do importado da Argentina por ano já está no Estado. Nas duas últimas semanas, desembarcaram três navios (cerca de 90 mil toneladas). A média histórica de consumo de trigo argentino por moinhos do Rio Grande do Sul é de 440 mil toneladas. No acumulado do ano, 250 mil toneladas de cereal de origem argentina já chegaram ao Estado. As tradings anteciparam a importação com receio de menor oferta do cereal argentino e das possíveis restrições de exportações que podem ser adotadas pelo governo. Esse cereal, contudo, chega na indústria aproximadamente US$ 18,00 por tonelada mais caro que o comercializado no momento. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.