22/Fev/2021

A negociação com trigo no mercado interno ainda patina. A semana passada foi especialmente lenta em virtude do feriado prolongado de Carnaval. Tanto no Paraná quanto no Rio Grande do Sul somente negócios pontuais foram fechados. Os moinhos já estavam afastados do mercado. Os compradores se retraíram ainda mais na tentativa de pressionar os preços. Apesar da menor demanda, os preços no disponível seguem firmes. No Paraná, os produtores indicam R$ 1.520,00 por tonelada colocada em moinho no oeste do Estado e entre R$ 1.550,00 e R$ 1.570,00 por tonelada posta em moinho da região de Ponta Grossa e Curitiba. No Rio Grande do Sul, os vendedores indicam R$ 1.530,00 por tonelada do cereal tipo pão e R$ 1.550,00 por tonelada do cereal branqueador, ambos CIF moinho da região metropolitana.

Um dos motivos para a manutenção das cotações é a falta de interesse de venda dos produtores. Quem precisava vender trigo para esvaziar armazéns para soja e milho ou para capitalização já vendeu. Por outro lado, os moinhos alegam que não conseguem repassar o custo do cereal para o preço final da farinha ou absorver o aumento, dada a queda sazonal no consumo de massas, biscoitos e pães. Estima-se redução de 30% na moagem de fábricas na Região Sul em janeiro e fevereiro, em virtude da retração no consumo. Com isso, grande parte da indústria moageira possui estoques alongados até o fim de março, quando comumente há aumento no volume moído. Essa falta de acordo sobre preço também é observada no Paraná, na região dos Campos Gerais.

Os compradores indicam R$ 1.450,00 por tonelada, para entrega imediata e pagamento no início de março, abaixo dos R$ 1.470,00 a R$ 1.480,00 por tonelada sinalizados no meio da semana passada. Para entrega e pagamento em abril, a indicação é de R$ 1.500,00 por tonelada. Os moinhos estão abastecidos após compras recentes, além de terem recebido cereal da Argentina e do Paraguai. Deve restar em torno de 10% da safra ainda por comercializar. Os vendedores mostram pouco interesse neste momento, pois também já negociaram o que precisavam para liberar espaço em armazéns. A maioria já vendeu e agora quer um valor mais alto porque pode esperar. Março vai ser um mês de menos ofertas porque a prioridade é para soja e milho.

As indicações de venda na região dos Campos Gerais estão entre R$ 1.550,00 e R$ 1.600,00 por tonelada FOB fazenda para março. No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, a negociação também segue limitada. Os compradores indicam entre R$ 1.380,00 e R$ 1.400,00 por tonelada, para entrega em março e abril e pagamento 30 dias após cada embarque, queda de R$ 40,00 a R$ 50,00 por tonelada ante a semana anterior. As ofertas estão na faixa de R$ 1.500,00 por tonelada FOB. Os moinhos estão acomodados, pois têm bastante trigo em estoque. A venda da farinha recuou com força, então a procura não é grande por trigo. Os moinhos estão retraídos também porque sabem que em breve os produtores precisarão desovar o cereal para liberar espaço nos armazéns para a soja e milho da safra 2020/2021.

A estimativa é de que a importação de cereal da Argentina tenha chegado a 60 mil toneladas no Porto de Paranaguá (PR) na semana passada. Trata-se de contratos fechados previamente e que estão com desembarque atrasado, em virtude das greves portuárias que ocorreram na Argentina no fim do ano passado. Esse cereal foi comprado entre R$ 1.600,00 e R$ 1.700,00 por tonelada. O trigo do Paraguai chega no Paraná entre R$ 1.550,00 e R$ 1.570,00 por tonelada. No Rio Grande do Sul, há oferta de trigo do Uruguai entre R$ 1.530,00 e R$ 1.550,00 por tonelada. Os moinhos do Estado já importaram cerca de 100 mil toneladas e agora estão mais retraídos. Vendedores argentinos indicam US$ 297,00 por tonelada (cerca de R$ 1.615,00 por tonelada considerando o fechamento do dólar à vista a R$ 5,44) e US$ 303,00 por tonelada (R$ 1.648,00 por tonelada) posta em porto do país, mas não foram reportados negócios. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.