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19/Jan/2021

Tendência é de alta dos preços do trigo no Brasil

Mesmo com o enfraquecimento do dólar frente ao Real, os preços do trigo e de parte dos derivados seguem em alta no mercado brasileiro. A valorização está atrelada à retração de vendedores, ao fortalecimento dos futuros externos e às cotações recordes do milho nos mercados doméstico e internacional. As negociações, no entanto, têm sido pontuais. Nos últimos sete dias, os preços do trigo no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram avanço de 2,5% em Santa Catarina, 2,14% no Paraná e 1,32% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os aumentos são de 3,61% em São Paulo, de 3,55% no Paraná, de 2,93% no Rio Grande do Sul e de 1,97% em Santa Catarina. A baixa liquidez no mercado interno, por sua vez, é resultado da resistência de venda por parte dos produtores, que estão à espera de novas altas nos valores do cereal, fundamentados nas altas cotações do milho.

Segundo o relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de janeiro, em 2020, a área com trigo no País somou 2,34 milhões de hectares, crescimento de 14,8% frente à temporada anterior. A produtividade também aumentou na mesma comparação (5,4%) e, com isso, a produção nacional atingiu 6,23 milhões de toneladas, 20,9% maior que em 2019. No geral, o rendimento médio foi considerado satisfatório, apesar das adversidades climáticas que atingiram algumas regiões do País ao longo de 2020. A Conab prevê importação de 6,8 milhões de toneladas entre agosto/2020 e julho/2021, o que deve gerar disponibilidade interna de 13,3 milhões de toneladas, acima das 13 milhões de toneladas da temporada passada. Este volume deve atender a uma demanda doméstica de 11,8 milhões de toneladas, contra 12,5 milhões de toneladas entre agosto/2019 e julho/2020. As exportações estão estimadas em 700 mil toneladas.

Com isso, os estoques em julho/2021 devem ser de 763,0 mil toneladas, frente às 227,4 mil toneladas em julho/2020. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a primeira semana de janeiro, as compras externas de trigo apresentavam média diária de 22,25 mil toneladas, contra 29,5 mil toneladas diárias no mesmo mês de 2019. Os preços de importação registram média de US$ 239,90 por tonelada FOB origem, 23,4% acima dos verificados no mesmo período do ano passado (US$ 194,50 por tonelada). Tomando-se como base dados da Conab, de 4 a 8 de janeiro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 259,78 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,28, o cereal importado era negociado a R$ 1.398,04 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média de R$ 1.345,85 por tonelada. Para o Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 243,13 por tonelada, o equivalente a R$ 1.308,88 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.289,92 por tonelada no Rio Grande do Sul.

Na Argentina, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires apontou que a colheita foi concluída e a expectativa de produção deve atingir 17 milhões de toneladas, com rendimento médio de 2.820 quilos por hectare. A produtividade esperada é a segunda menor dos últimos dez anos, com perdas de área de 7,2%. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram avanço de 5,1% nos últimos sete dias, a US$ 291,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Março/2021 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago apresenta valorização de 5,8% nos últimos sete dias, a US$ 6,75 por bushel (US$ 248,20 por tonelada. Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter registra avanço de 8,1% no mesmo período, a US$ 6,43 por bushel (US$ 236,26 por tonelada). A valorização dos futuros norte-americanos está atrelada à expectativa de aumento no imposto sobre as exportações da Rússia.

Dados divulgados neste mês pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que a produção mundial em 2020/2021 deve recuar 0,1% em relação ao relatório anterior, a 772,642 milhões de toneladas, mas ainda 1,1% maior que a safra 2019/2020. O recuo se deve às menores safras na Argentina e na China, mesmo com o aumento da safra da Rússia. Quanto ao consumo, houve aumento de 0,2% entre as estimativas de dezembro e a de janeiro e também de 0,2% frente à safra anterior, estimado em 759,544 milhões de toneladas, impulsionado pela maior demanda chinesa por ração animal e pelo maior uso da indústria alimentícia na Rússia. Em relação aos estoques mundiais, recuaram 1% frente ao relatório de dezembro, somando 313,186 milhões de toneladas, mas permaneceram 4,4% acima dos disponíveis em 2019/2020 (300,088 milhões de toneladas). Dessa forma, a relação estoque/consumo recua de 41,8% para 41,2%. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.