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18/Jan/2021

Tendência de alta do preço do trigo no 1º semestre

A produção nacional de trigo, ainda concentrada na Região Sul do Brasil, é suficiente para suprir apenas uma parte das necessidades da indústria moageira nacional, sendo necessário, portanto, importar mais da metade do volume de trigo a ser consumido internamente. Nesse sentido, os agentes brasileiros estão, neste início de 2021, atentos aos principais fatores que influenciam as compras externas, que são a disponibilidade de produto de qualidade no mercado brasileiro, o preço externo do cereal e o dólar. No geral, o valor internacional depende da relação entre a oferta e a demanda global. No caso da Argentina (sétimo maior exportador mundial), os valores do trigo têm relação com os parâmetros externos, mas também com políticas comerciais (o governo pode optar por restringir as vendas externas) e tributárias do próprio país. Como a Argentina é o principal fornecedor de trigo ao Brasil, o dólar é um fator determinante ao importador.

Estimativas do Boletim Focus do Banco Central indicam que a moeda norte-americana deve seguir acima dos R$ 5,00 em 2021, o que tende a manter as importações encarecidas. Conforme os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em 2020, o preço médio das importações (FOB) foi de R$ 1.132,39 por tonelada, contra R$ 895,35 por tonelada em 2019. No mercado brasileiro, com o leve aumento da oferta interna por conta da finalização da colheita, normalmente as cotações se enfraquecem, tendo em vista que muitos precisam liberar armazéns para a safra de verão. Apesar disso, os preços internos em patamares recordes nominais em 2020, a atual baixa oferta de trigo de PH 78 ou maior e a necessidade de indústrias de repor estoques podem manter aquecidas as compras externas.

Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimam que o Brasil deve importar 6,8 milhões de toneladas entre agosto/2020 e julho/2021, gerando disponibilidade interna de 13,2 milhões de toneladas, acima das 13,0 milhões de toneladas da temporada passada. Dessa forma, para auxiliar o suprimento das necessidades do mercado interno e aliviar a indústria moageira, a Câmara Brasileira de Comércio Exterior (Camex) renovou a cota para importação para mais 750 mil toneladas de trigo de fora do Mercosul isenta do pagamento da Tarifa Externa Comum (TEC), que seria de 10%. As compras podem ser realizadas de 18 de novembro de 2020 a 17 de novembro de 2021. Vale lembrar que, em dezembro de 2020, a greve nos portos argentinos prejudicou a importação. Conforme a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), há preocupação relacionada à oferta para alguns moinhos brasileiros, que podem ficar sem a matéria-prima da farinha no curto prazo.

Quanto à área brasileira com trigo em 2021, por um lado, a possível queda na oferta de trigo argentino, o preço brasileiro elevado e o atraso na janela ideal para semeadura de milho 2ª safra de 2021 no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul podem levar os produtores a ampliarem o cultivo de trigo. Por outro lado, o atual mercado atrativo do milho pode fazer com que produtores optem por este cereal, mesmo em período mais tardio que o considerado ideal, em detrimento do trigo. Conforme a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, a produção de 2020/2021 da Argentina deverá ser a menor em cinco anos, totalizando 16,8 milhões de toneladas. Conforme o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a Argentina deve exportar 12,5 milhões de toneladas nesta temporada, cerca de 8,1% a menos que em 2019/2020. Os baixos volumes de chuvas reduziram a produtividade e a qualidade do cereal argentino. Em termos mundiais, a produção de trigo na safra 2021/2021 está estimada pelo USDA em 773,663 milhões de toneladas, aumento de 1,2% frente ao da temporada anterior.

As maiores produções na Austrália, Rússia e Canadá devem compensar as reduções na Argentina e na União Europeia. O consumo mundial de trigo está previsto em 757,783 milhões de toneladas, 1,3% maior em relação a 2019/2020. O consumo mundial está sendo impulsionado pela maior demanda por parte de Austrália, China e União Europeia. Os estoques mundiais do cereal deverão se elevar em 5,3%, aumentando a relação estoque final/consumo para 41,8%, contra 40,2% na temporada anterior. Quanto aos preços externos, na Argentina, os valores FOB divulgados pela Bolsa de Cereais de Buenos Aires para o trigo tipo pão indicam aumento de 18% entre as médias de 2019 e 2020, a US$ 207,77 por tonelada. Dados mostram elevação das cotações para março/2021, para US$ 232,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, tomando-se como base os valores de dezembro/2020, o contrato Dezembro/2021 do trigo duro vermelho negociado na Bolsa do Kansas supera em 4,74% o de Dezembro/2020. Na mesma comparação, na Bolsa de Chicago, o trigo mole vermelho de inverno registra valorização de 4,73%. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.