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11/Jan/2021

Tendência de preços do trigo sustentados em 2021

A produção nacional de trigo, ainda concentrada no Sul do Brasil, é suficiente para suprir apenas uma parte das necessidades da indústria moageira nacional, sendo necessário, portanto, importar mais da metade do volume de trigo a ser consumido internamente. Nesse sentido, agentes brasileiros estão, neste início de 2021, atentos aos principais fatores que influenciam as compras externas, que são a disponibilidade de produto de qualidade no mercado brasileiro, o preço externo do cereal e o dólar. No geral, o valor internacional depende da relação entre a oferta e a demanda global. No caso da Argentina – sétimo maior exportador mundial –, os valores do trigo têm relação com os parâmetros externos, mas também com políticas comerciais (o governo pode optar por restringir as vendas externas) e tributárias do próprio país. Como a Argentina é o principal fornecedor de trigo ao Brasil, o dólar é um fator determinante ao importador. A moeda norte-americana deve seguir acima dos R$ 5,00 em 2021, o que tende a manter as importações encarecidas. Conforme os dados da Secex, em 2020, o preço médio das importações (FOB) foi de R$ 1.132,39, contra R$ 895,35 em 2019.

No mercado brasileiro, com o ligeiro aumento da oferta interna por conta da finalização da colheita, normalmente as cotações se enfraquecem, tendo em vista que muitos precisam liberar armazéns para a safra de verão. Apesar disso, os preços internos em patamares recordes nominais em 2020, a atual baixa oferta de trigo de PH 78 ou maior e a necessidade de indústrias de repor estoques podem manter aquecidas as compras externas. O Brasil deve importar 6,8 milhões de toneladas entre agosto/2020 e julho/2021, gerando disponibilidade interna de 13,2 milhões de toneladas, acima das 13,0 milhões de toneladas da temporada passada. Dessa forma, para auxiliar o suprimento das necessidades do mercado interno e aliviar a indústria moageira, a Camex (Câmara Brasileira de Comércio Exterior) renovou a cota para importação para mais 750 mil toneladas de trigo de fora do Mercosul isenta do pagamento da Tarifa Externa Comum (TEC), que seria de 10%. As compras podem ser realizadas de 18 de novembro de 2020 a 17 de novembro de 2021. Vale lembrar que, em dezembro de 2020, a greve nos portos argentinos prejudicou a importação.

Conforme a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), há preocupação relacionada à oferta para alguns moinhos brasileiros, que podem ficar sem a matéria-prima da farinha no curto prazo. Quanto à área brasileira com trigo em 2021, por um lado, a possível queda na oferta de trigo argentino, o preço brasileiro elevado e o atraso na janela ideal para semeadura de milho 2ª safra no Paraná, São Paulo e Mato Grosso do Sul devem levar produtores a ampliarem o cultivo de trigo. Por outro lado, o atual mercado atrativo do milho pode fazer com que agricultores produzam este cereal, mesmo em período mais tardio que o considerado ideal, em detrimento do trigo. Na Argentina, a produção de 2020/2021 deverá ser a menor em cinco anos, totalizando 16,8 milhões de toneladas. A Argentina deve exportar 11,0 milhões de toneladas nesta temporada, 9% a menos que em 2019/2020. Os baixos volumes de chuvas reduziram a produtividade e a qualidade do cereal argentino. Em termos mundiais, a produção de trigo na safra 2020/2021 está estimada pelo USDA em 773,663 milhões de toneladas, aumento de 1,2% frente ao da temporada anterior. As maiores produções na Austrália, Rússia e Canadá devem compensar as reduções na Argentina e na União Europeia.

Já o consumo mundial de trigo está previsto em 757,783 milhões de toneladas, 1,3% maior em relação a 2019/2020. O consumo mundial está sendo impulsionado pela maior demanda por parte de Austrália, China e União Europeia. Os estoques mundiais do cereal deverão se elevar em 5,3%, aumentando a relação estoque final/consumo para 41,8%, contra 40,2% na temporada anterior. Quanto aos preços externos, na Argentina, os valores FOB para o trigo tipo pão indicam aumento de 18% entre as médias de 2019 e 2020, a US$ 207,77 a tonelada. Dados da Bolsa mostram elevação das cotações para março/2021, para US$ 232,00 a tonelada. Nos Estados Unidos, o trigo duro vermelho negociado em Kansas acumula alta de 4,7% em 12 meses. Na mesma comparação, na Bolsa de Chicago, o trigo mole vermelho de inverno registra valorização de 4,7%. As cotações das farinhas e farelos devem ser sustentadas no mercado brasileiro em 2021, devido aos altos patamares da matéria-prima – muitas indústrias moageiras operam com as margens apertadas. Além disso, os estoques estão mais curtos neste início do ano. Para o farelo, as valorizações do milho também tendem a sustentar as cotações deste subproduto de trigo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.