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11/Jan/2021

Área de trigo deverá crescer novamente em 2021

A área plantada com trigo deve crescer na safra 2021, embalada pelo ano excepcionalmente favorável para a cultura em 2020, com os maiores valores pagos ao produtor dos últimos cinco anos. Embora a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) ainda não tenha indicado, em seus levantamentos mensais, qual será o desempenho das culturas de inverno no atual ciclo, os triticultores vão investir na ampliação da área cultivada, com perspectiva de colheita bem acima da anterior. Nossa Consultoria estima aumento de 10,9% na área plantada com trigo no Brasil em 2021, para 2,6 milhões de hectares, com projeção de produção de 7,569 milhões de toneladas, 23% acima de 2020. No caso do Rio Grande do Sul, que divide com o Paraná o posto de maior produtor de trigo do País, a Federação da Agricultura do Estado (Farsul) projeta que o espaço destinado à cultura crescerá 6%, para 1 milhão de hectares, ante 930 mil hectares da safra anterior, marca que não se via desde 2014. A perspectiva de colheita é de 2,65 milhões de toneladas, ou 17% mais ante 2020, quando a safra foi de 2,26 milhões de toneladas.

No Paraná, que produziu em 2020 um total de 3,045 milhões de toneladas, a expectativa é de que pelo menos a área se mantenha, já que o triticultor conseguiu uma ótima liquidez na temporada mais recente, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento. O preço foi remunerador e com uma grande liquidez da safra em 2020, o que ajuda o produtor a encarar com bons olhos o próximo plantio, já que liquidez no trigo é um dos principais desafios. Além disso, a tendência é aumentar a produção, mesmo se a área for mantida. Houve quebra de 17% na safra 2020, que tinha potencial de colheita de 3,7 milhões de toneladas. Se o dólar continuar nos patamares atuais, em torno de R$ 5,00, e o clima ajudar, em 2021 a produção brasileira deve superar os 6,2 milhões de toneladas colhidas no País em 2020. Especificamente para o Paraná, a Organização das Cooperativas do Estado (Ocepar) estima que a área semeada com o grão deve aumentar principalmente no sul e sudeste, onde não há opção de plantar milho 2ª safra, por causa do risco climático. Já no oeste, noroeste e norte do Estado, o produtor pode ficar dividido entre trigo e milho 2ª safra, que também deu excelente resultado em 2020, tanto no verão como na 2ª safra.

Então, provavelmente, o trigo não deve avançar em área nessas três últimas regiões porque o milho estará igualmente ou até mais atrativo. Assim, com o crescimento nas outras localidades, o Paraná deve semear 1,25 milhão de hectares em 2021, ante 1,17 milhão de hectares em 2020. Há um otimismo em relação ao plantio em 2021. Sempre que há preços mais elevados e lucratividade o produtor planta mais, então a expectativa é de aumento de safra e de área para 2021 no País. Até porque o preço do trigo no primeiro semestre deve subir ainda mais. A cotação deve disparar porque já entra o ano em nível mais alto. Há chance de voltar a ter negociações por R$ 1.500 a tonelada e ir até R$ 1.700 a tonelada. Em dezembro, o valor proposto no Paraná pela tonelada foi de R$ 1.300. Mas o trigo em estoque vai acabar em fevereiro. Lotes da safra nova só chegarão no segundo semestre e, enquanto isso, o mercado terá de se abastecer com produto importado. Em maio, quando se inicia o plantio, podemos ter o cereal a R$ 1.500 a tonelada, o que será um estímulo para o produtor cultivar mais.

Em relação à necessidade de importação, a estimativa é que 6,8 milhões de toneladas serão internalizadas em 2021, ante 6,6 milhões de toneladas em 2020. Como o preço interno do trigo é pautado pelo importado, a partir de março, quem tiver trigo nacional vai vender a preço do importado. Isso porque a maior parte do grão que estiver sendo comercializada será do cereal trazido de fora. Sobre as importações, a maior parte de trigo vinda de fora na entressafra brasileira é da Argentina. Mas o país vizinho também teve quebra na safra e isso deve puxar mais ainda os preços globais para cima. A Argentina esperava colher 21,0 milhões de toneladas e colheu 16,8 milhões de toneladas. A safra se encerrou em dezembro na Argentina. Além disso, os estoques de passagem no Brasil continuarão baixos, como ocorreu na virada de 2019 para 2020, representando mais um fator altista para o primeiro semestre deste ano. A perspectiva também é de estoques globais baixos em 2021.

A pandemia fez com que o consumo aumentasse em 2020, tanto aqui quanto lá fora. Uma sinalização de que o trigo estará mais escasso no mundo é que a Rússia estabeleceu, em dezembro, um imposto de exportação de 25 euros por tonelada, o que a levará a vender menos no mercado externo. Essa atitude fez, por exemplo, com que os futuros de trigo na Bolsa de Chicago (CBOT) subissem, provocando alta aqui também para quem ainda tem o grão guardado. Mais um fator de sustentação aos preços do cereal em 2021 é que o produtor saiu capitalizado da safra de grãos 2019/2020, com preços recordes de soja, milho e trigo. A situação favorável fez com que o agricultor antecipasse as vendas da safra 2020/2021. Desta forma, vai colher milho e soja e embarcar direto, sem necessidade urgente de vender o trigo para esvaziar o armazém. Assim, vai liberar lotes conforme os preços, e não da necessidade de venda. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.