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15/Dez/2020

Tendência de baixa do trigo com a demanda fraca

A liquidez está lenta no mercado interno de trigo neste final de ano, especialmente devido à demanda enfraquecida. Os compradores se mostram abastecidos e atentos à desvalorização do dólar frente ao Real. Dessa forma, as cotações apresentam recuo em todas as regiões. Os preços externos, por outro lado, estão em alta, impulsionados pela possibilidade de a Rússia limitar as exportações e pela redução das estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de estoques mundiais e domésticos. No Brasil, nos últimos sete dias, os preços do trigo no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram recuo de 2,59% no Paraná, 1,06% em Santa Catarina, e 0,18% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociação entre empresas), as quedas são de 2,06% no Paraná, de 1,79% em Santa Catarina, de 1,68% no Rio Grande do Sul e de 0,25% em São Paulo.

Segundo o relatório da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), as operações de colheita estão praticamente finalizadas, e a área com trigo no País somou 2,34 milhões de hectares, crescimento de 14,6% frente à temporada passada. A produtividade também deve ser superior à da temporada anterior, em 4,7%. Com isso, a produção nacional deve ser de 6,18 milhões de toneladas, 19,9% maior que em 2019, mas 2,7% abaixo do que se previa até novembro. A Conab prevê importação de 6,8 milhões de toneladas entre agosto/2020 e julho/2021, o que deve gerar disponibilidade interna de 13,2 milhões de toneladas, acima das 13 milhões de toneladas da temporada passada. Esse volume deve atender a uma demanda doméstica de 11,8 milhões de toneladas, contra 12,5 milhões de toneladas entre agosto/2019 e julho/2020. As exportações estão estimadas em 700 mil toneladas. Com isso, os estoques em julho/2021 devem ser de 711,7 mil toneladas, contra 227,4 mil toneladas em julho/2020.

No campo, apesar das adversidades climáticas ao longo de outubro e novembro, a avaliação da Emater-RS para a safra do Rio Grande do Sul foi considerada positiva, em função do rendimento e da qualidade dos grãos obtidos. Além disso, segundo a Câmara Setorial do Trigo do Rio Grande do Sul, a expectativa é de que o Estado tenha uma colheita de boa qualidade nesta safra, entre 2,3 milhões de toneladas a 2,5 milhões de toneladas, a ser confirmada nos próximos dias. Para o próximo ano, a perspectiva é de aumento de área, que pode voltar a ser em torno de um milhão de hectares, número que o Estado não alcança desde 2014. Na Argentina, até o dia 9 de dezembro, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires apontou que o clima quente e seco acelerou a colheita no país, que atingiu 53,5% da área, avanço de 13,6% em relação à semana anterior, mas atraso de 7,8% frente ao mesmo período do ano passado.

Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a primeira semana de dezembro, as compras externas de trigo apresentavam média diária de 11,7 mil toneladas, contra 30,9 mil toneladas diárias no mesmo mês de 2019. Os preços de importação registram média de US$ 244,80 por tonelada FOB origem, 26,2% acima dos verificados no mesmo período de 2019 (US$ 193,90 por tonelada). Tomando-se como base dados da Conab, de 30 novembro a 4 de dezembro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 259,49 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,23, o cereal importado era negociado a R$ 1.358,08 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média de R$ 1.331,26/ por tonelada. Para o Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 242,88 por tonelada, o equivalente a R$ 1.271,12 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.305,25 por tonelada no Rio Grande do Sul. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, as cotações FOB no Porto de Buenos Aires registram avanço de 3,8% nos últimos sete dias, a US$ 273,00 por tonelada (maior valor registrado neste ano).

Nos Estados Unidos, o contrato Dezembro/2020 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago apresenta valorização de 7,4% nos últimos sete dias, a US$ 6,08 por bushel (US$ 223,49 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter registra avanço de 7%, a US$ 5,79 por bushel (US$ 212,75 por tonelada) no mesmo comparativo. A valorização dos futuros está atrelada aos rumores de que a Rússia pretende adotar um imposto de exportação para conter a inflação de alimentos no país. Além disso, a redução das estimativas de estoques mundiais e domésticos pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) influenciaram os ganhos. Conforme o relatório do USDA, a estimativa para a produção mundial em 2020/2021 subiu 0,2% em relação ao relatório do mês anterior, a 773,663 milhões de toneladas, e 1,2% acima da safra 2019/2020.

O avanço se deve às maiores produções na Austrália, Rússia e Canadá, que compensaram os recuos na União Europeia e no Brasil. Quanto ao consumo, houve aumento de 0,7% entre as estimativas de novembro e dezembro e de 1,3% frente à safra anterior, estimado em 757,783 milhões de toneladas. O consumo mundial está sendo impulsionado pela maior demanda por parte da Austrália, China e União Europeia. Em relação aos estoques mundiais, recuaram 1,2% frente ao relatório de novembro, somando 316,504 milhões de toneladas, mas permaneceram 5,3% acima dos disponíveis em 2019/2020 (300,755 milhões de toneladas). Dessa forma, a relação estoque/consumo passa de 42,6% para 41,8%. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.