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17/Nov/2020

Tendência de estabilidade do trigo com dólar caindo

A colheita da nova safra de trigo caminha para o fim no Paraná e no Rio Grande do Sul. Ao mesmo tempo, na semana passada, o dólar cedeu frente ao Real, pressionando a paridade de importação. Esse cenário resultou em queda nos preços domésticos do trigo. No geral, os agentes estão alertas aos dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) deste mês, que indicam perdas na produção nacional frente às estimativas anteriores, sendo o Rio Grande do Sul o Estado mais prejudicado. Além disso, estimativas para a produção mundial também recuaram em comparação ao mês anterior, deixando menor também os estoques de passagens. Nos últimos sete dias, os preços do trigo no mercado de balcão registram recuo de 2,96% no Rio Grande do Sul e de 2,15% no Paraná, mas avanço de 1,92% em Santa Catarina. Neste último caso, os baixos índices pluviométricos dão suporte aos valores. No mercado de lotes, os recuou são de 2,93% em São Paulo, de 2,57% no Paraná e de 0,91% no Rio Grande do Sul, enquanto em Santa Catarina há leve avanço de 0,64%.

A comercialização de trigo no mercado interno está em ritmo mais fraco, visto que a queda do dólar aumentou o interesse de compradores brasileiros pela importação. Segundo o relatório da Conab deste mês, a área com trigo no País somou 2,34 milhões de hectares, crescimento de 14,6% sobre a temporada passada. A produtividade também deve ser superior à da temporada anterior, em 7,6%, apesar das perdas, especialmente no Rio Grande do Sul. Com isso, a produção nacional deve ser de 6,35 milhões de toneladas, 23,3% maior que em 2019, mas 7% abaixo do que se previa até outubro. A previsão de importação é de 6,8 milhões de toneladas entre agosto/2020 e julho/2021, o que deve gerar uma disponibilidade interna de 13,4 milhões de toneladas, acima das 13 milhões de toneladas da temporada passada. Esse volume deve atender a uma demanda doméstica de 11,8 milhões de toneladas, contra 12,5 milhões de toneladas entre agosto/2019 e julho/2020. As exportações estão estimadas em 700 mil toneladas. Com isso, os estoques em julho/2021 devem ser de 883,5 mil toneladas, contra 227,4 mil toneladas em julho/2020.

Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), na primeira semana de novembro, as compras externas de trigo apresentavam média diária de 6,1 mil toneladas, contra 4,7 mil toneladas diárias no mesmo mês de 2019. Os preços de importação registram média de US$ 216,90 por tonelada FOB origem, 1,4% acima dos verificados no mesmo período do ano passado (US$ 213,80 por tonelada). Tomando-se como base dados da Conab, de 2 a 6 de novembro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 260,87 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,61, o cereal importado era negociado a R$ 1.465,80 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média de R$ 1.451,93 por tonelada. Para o Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 244,34 por tonelada, o equivalente a R$ 1.372,91 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.432,56 por tonelada no Rio Grande do Sul. No campo brasileiro, dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicam que, até o dia 9 de novembro, a área colhida no Paraná havia alcançado 97% da área.

Das lavouras implantadas, 94% estavam em maturação e 6%, em frutificação. Do total semeado, 92% apresentavam boas condições e 18%, médias. Segundo a Emater-RS, no Rio Grande do Sul, a colheita havia atingido 95% da área cultivada até o dia 12 de novembro. Das lavouras implantadas, 5% estão em maturação. O predomínio de tempo seco na semana favoreceu os trabalhos, que avançaram 17%. No mesmo período do ano anterior, as atividades somavam 81% da área. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os valores FOB no porto de Buenos Aires subiram 3,5% nos últimos sete dias, a US$ 265,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Dezembro/2020 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago registra desvalorização de 1,4%, a US$ 5,93 por bushel (US$ 218,07 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter apresenta recuo de 0,6%, a US$ 5,52 por bushel (US$ 202,83 por tonelada). A desvalorização dos futuros está atrelada à expectativa de maior oferta da Rússia.

Conforme o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a estimativa para a produção mundial em 2020/2021 caiu 0,1% em relação ao relatório do mês anterior, a 772,375 milhões de toneladas, mas ainda ficou 1% acima da safra 2019/2020 (764,943milhões de toneladas). O recuo se deve às menores produções da Argentina e da Turquia, apesar do aumento na Rússia. Quanto ao consumo, houve leve aumento de 0,2% entre as estimativas de outubro e novembro e de 0,6% frente à safra anterior, estimado a 752,680 milhões de toneladas. O consumo mundial está sendo impulsionado pela maior demanda de ração por parte da China, União Europeia e Vietnã. Em relação aos estoques mundiais, recuaram 0,3% frente ao relatório de outubro, somando 320,450 milhões de toneladas, mas ainda será 6,5% maior que os disponíveis em 2019/2020 (300,755 milhões de toneladas). Dessa forma, a relação estoque/consumo passa de 42,8% para 42,6%. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.