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16/Nov/2020

Tendência de maior estabilidade do preço do trigo

A comercialização de trigo no mercado interno perdeu força. Sem necessidade imediata de abastecimento, os moinhos pressionam as cotações, usando o dólar como argumento para oferecer valores mais baixos pelo cereal. A moeda norte-americana fechou a semana em R$ 5,4756, acumulando queda de 4,58% desde o início de mês. Mas a pressão é limitada pela demanda para ração - com a alta do milho o trigo vem sendo mais utilizado para ração. No Rio Grande do Sul, na região de Passo Fundo, os preços recuaram, após terem rodado lotes por R$ 1.520 a R$ 1.530 por tonelada com retirada imediata e pagamento em 30 dias. A disponibilidade do cereal aumentou e chegaram a rodar lotes por R$ 1.500 a tonelada. Os moinhos indicam apenas referências de R$ 1.350 a R$ 1.370 a tonelada. As empresas também relatam vendas fracas de farinha, o que contribui para o ritmo lento da negociação. Moinhos catarinenses chegaram a buscar lotes no Rio Grande do Sul, mas já compraram o que precisavam e se afastaram para avaliar o mercado.

O trigo da Argentina chega ao Estado nos mesmos preços do trigo gaúcho, por volta de R$ 1.500 a R$ 1.520 a tonelada. A qualidade do trigo gaúcho está bastante similar à do argentino neste ano. Ainda assim, foi reportado negócio na faixa de R$ 1.450 a tonelada em São Gabriel, para retirada imediata e pagamento de 15 a 20 dias. Muitos produtores, contudo, buscam R$ 1.500 a tonelada para começar a vender na região. Nesses preços o trigo do Rio Grande do Sul está competindo com o milho, e as fábricas de ração estão substituindo um produto pelo outro. No Paraná, na região dos Campos Gerais, a negociação travou. Os compradores pararam de abrir indicações em virtude das quedas recentes do dólar. Além disso, os moinhos haviam fechado lotes recentemente e preferiam carregar os volumes adquiridos. Não há comprador no mercado, após terem saído negócios entre R$ 1.500 a R$ 1.530 e tonelada até metade da semana passada. Dentro de mais 30 dias, os moinhos devem parar para expurgo e voltar apenas em janeiro. Já do lado do vendedor, a pedida continua em pelo menos R$ 1.500 a tonelada.

O vendedor não precisa de espaço de armazenagem, pois está com milho e soja vendida. Também não precisa de recursos com urgência e pode receber no ano que vem. Somado a isso, os moinhos estão recebendo trigo paraguaio, e mais trigo argentino chegava no porto. Em São Paulo, a falta de chuvas afetou a produção de trigo, resultando em uma produtividade menor do que a inicialmente prevista para a safra 2020. O volume do grão colhido no Estado é de 260 mil toneladas, o que representa uma redução de 15% do projetado no início da safra, que era de um volume recorde de 300 mil toneladas, mas as condições climáticas acabaram afetando a produtividade. O cenário é altista para os preços do trigo no mundo. Estamos vivenciando um momento de aumento nos preços do trigo, em plena safra, e, também, de alta volatilidade no mercado, oscilações no dólar e produtores segurando seus estoques de trigo no Brasil. Ainda está muito conturbado e, para a indústria moageira, fica a dúvida de como precificar essa volatilidade na farinha e, consequentemente, repassar ao consumidor final.

O cenário pode representar um incentivo para que o produtor invista na produção de trigo na próxima safra 2021, devido à rentabilidade elevada. O custo de produção nesta safra foi muito semelhante ao da passada, mas os preços de venda do trigo estão elevados, o que aumentou a rentabilidade do produtor a patamares semelhantes aos que anteriormente eram registrados apenas na soja. Isso pode animar o produtor a investir em áreas maiores para o trigo em 2021. Os preços futuros de trigo fecharam em alta na Bolsa de Chicago (CBOT) na sexta-feira (14/11), revertendo as perdas das duas sessões anteriores. Os contratos foram impulsionados pela desvalorização do dólar norte-americano ante outras seis divisas fortes, o que costuma tornar as commodities produzidas no país mais baratas, podendo aumentar a demanda pelo cereal. O contrato de trigo para dezembro na CBOT terminou com avanço de 5,25 cents (0,89%), em US$ 5,93 por bushel. Em Kansas City, igual vencimento do trigo duro vermelho de inverno ganhou 8,00 cents (1,47%) e fechou cotado a US$ 5,52 por bushel. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.