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04/Nov/2020

Tendência de alta do trigo com retração vendedora

As cotações do trigo em grão fecharam o mês de outubro em alta no mercado doméstico. A retração de vendedores, a postura mais ativa de compradores e o dólar elevado, que encarece as importações, deram suporte aos preços nacionais. Em relação à indústria moageira, agentes seguem adquirindo lotes pontuais de trigo e muitos mostram dificuldades em repassar os atuais custos elevados do cereal aos derivados (farinhas e farelos). Em outubro, o valor médio do trigo no mercado de lotes (negociações entre empresas) no Paraná foi de R$ 1.286,02 por tonelada, aumento expressivo de 11% frente ao de setembro e 54,5% acima do verificado em outubro/2019, em termos nominais. Em São Paulo, a média foi de R$ 1.290,09 por tonelada em outubro, avanços de 9,6% no mês e de 49,4% em um ano. Para o Rio Grande do Sul, a média foi de R$ 1.221,10 por tonelada, elevações de 1,9% em relação à de setembro e de 63,6% frente à de outubro/2019.

Em Santa Catarina, a média foi de R$ 1.291,81 por tonelada, aumentos de 1,4% no mês e de 46,8% em um ano. Nos últimos sete dias, especificamente, os preços do trigo no mercado de balcão (preço pago ao produtor) registram alta de 5,28% no Paraná, 4,36% em Santa Catarina e 4,21% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes, os avanços são de 6,84% no Paraná, de 6,74% em São Paulo, de 6,47% no Rio Grande do Sul e de 6,31% em Santa Catarina. Dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) divulgados no dia 26 de outubro indicam que a comercialização antecipada do cereal havia atingido 47,3% do volume previsto, contra 29,2% há um mês. A fixação de trigo no mercado interno permanece baixa e a preços elevados em função da capitalização dos produtores. Apesar de o cenário nacional não agradar os compradores, a aquisição do trigo brasileiro ainda está mais viável que as importações. Em outubro, o dólar se valorizou 2,3% frente ao Real, encerrando o mês a R$ 5,74. Até o dia 26 de outubro, a área colhida no Paraná havia alcançado 90% da área plantada, ritmo mais acelerado do que o das últimas safras.

Das lavouras que ainda estão no campo, 74% estavam em maturação e 26%, em frutificação. Do total semeado, 82% apresentavam boas condições, 17%, médias e 1%, ruins. Dados divulgados pelo Deral/Seab no dia 29 de outubro, apontam que as perdas no Paraná, ocasionadas por adversidades climáticas nos últimos meses, foram responsáveis pela redução de 15% no potencial produtivo, passando de 3,68 milhões de toneladas para uma projeção de 3,13 milhões. No Rio Grande do Sul, a Emater-RS indicou que, até o dia 29 de outubro, a colheita no estado havia atingido 60% da área, o equivalente a 550 mil hectares. O tempo seco na semana favoreceu os trabalhos, que avançaram 29% na semana. No mesmo período do ano anterior, os trabalhos somavam 42% da área. Das lavouras implantadas, 30% estão em maturação e 10%, em enchimento de grãos. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a quarta semana de outubro, as compras externas de trigo apresentavam média diária de 5,5 mil toneladas, contra 6,3 mil no mesmo mês de 2019.

Os preços de importação registram média de US$ 227,80 por tonelada FOB origem, 0,2% abaixo dos verificados no mesmo período do ano passado (US$ 228,40 por tonelada). Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), de 19 a 23 de outubro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 253,78 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,69, o cereal importado superou a casa dos R$ 1.400,00 por tonelada e era negociado a R$ 1.445,48 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média de R$ 1.2305,16 por tonelada. Para o Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 237,67 por tonelada, o equivalente a R$ 1.353,70 por tonelada em moeda nacional, contra R$ 1.233,87 por tonelada no Rio Grande do Sul. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os valores FOB no porto de Buenos Aires registram alta de 0,8% nos últimos sete dias, a US$ 256,00 por tonelada.

Nos Estados Unidos, o contrato Dezembro/2020 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago apresenta desvalorização de 5,4%, a US$ 5,98 por bushel (US$ 219,91 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter registra recuo de 5%, a US$ 5,41 por bushel (US$ 198,88 por tonelada). A desvalorização dos futuros está atrelada às previsões de clima úmido em áreas agrícolas da Rússia, do Mar Negro e ao sul das Grandes Planícies nos Estados Unidos. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que, na semana encerrada em 15 de outubro, as exportações norte-americanas somaram 367,5 mil toneladas (safra 2020/2021), 102,2% a mais que o reportado no período anterior e 54% acima da média das últimas quatro semanas. Os principais destinos do cereal norte-americano foram a Coreia do Sul (195 mil toneladas) e o México (111,4 mil toneladas). Em relação à safra 2021/22, foram comercializadas 60 mil toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.