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20/Out/2020

Tendência de alta do trigo com ofertas restritas

Os preços do trigo continuam avançando no Brasil, influenciados especialmente pela retração das vendas por parte de produtores do Paraná, que se mostram capitalizados e atentos à colheita do cereal. Dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) apontam que as atividades já alcançaram 79% da área do Estado. Além disso, estimativas indicando menor oferta para o Rio Grande do Sul e para a Argentina, principal fornecedora do cereal ao Brasil, também reforçam o movimento de avanço nas cotações. Nesses casos, os baixos volumes de chuvas reduziram a produtividade e a qualidade dos cereais no Rio Grande do Sul e na Argentina. Do lado da demanda, os compradores com necessidade de estoques enfrentam dificuldades em encontrar novos lotes. No geral, a liquidez doméstica está baixa. Nos últimos sete dias, as cotações do trigo no mercado de balcão (preço pago produtor) registram alta de 8,13% no Rio Grande do Sul, 7,2% em Santa Catarina e 2,37% no Paraná.

No mercado de lotes (negociação entre empresas), os avanços são de 3,19% em Santa Catarina, de 3,18% em São Paulo, de 3,05% no Rio Grande do Sul e de 2,5% no Paraná. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), 59% das lavouras do Paraná estavam em maturação até o dia 13 de outubro, 34%, em frutificação e 7%, em floração. Do total semeado, 78% apresentavam boas condições, 19%, médias, e 3%, ruins. O clima tem favorecido o avanço da colheita, mas a seca tem antecipado o ciclo do cereal, o que pode comprometer o enchimento de grãos. Segundo a Emater-RS, até o dia 15 de outubro, a colheita havia atingido 18% da área prevista no Rio Grande do Sul. Das lavouras implantadas, 43% estão em enchimento de grãos, 35%, em maturação, e 4%, em floração. Destaca-se que na região de Ijuí, a colheita está avançando, mas com queda de produtividade. A baixa umidade do solo também pode comprometer o enchimento de grãos.

A projeção é de que a área plantada nesta safra foi de 915,7 mil hectares, 20,34% acima do ciclo anterior (760,9 mil hectares). Apesar disso, a primeira estimativa de produção é de que as lavouras somem 2,18 milhões de toneladas, recuo de 4,23% em relação ao ano passado (2,2 milhões de toneladas), segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo a Bolsa de Rosário, a projeção deste mês para a safra 2020/2021 na Argentina aponta produção de 17 milhões de toneladas, 5,6% a menos que o apontado há um mês (18 milhões de toneladas). A falta de chuvas e a incidência de geadas em algumas regiões influenciaram o reajuste negativo na estimativa de produção. Dos 6,5 milhões de hectares semeados, 608 mil hectares não serão colhidos, por conta dessas adversidades climáticas. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), até a segunda semana de outubro, as compras externas de trigo registravam média diária de 7,2 mil toneladas, contra 6,3 mil no mesmo mês de 2019.

Os preços de importação registram média de US$ 223,40 por tonelada FOB origem, 2,2% abaixo dos verificados no mesmo período do ano passado (US$ 228,40 por tonelada. Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de 5 a 9 de outubro, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 250,26 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,58, o cereal importado era negociado a R$ 1.397,81 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média de R$ 1.215,41 por tonelada. Para o Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 234,44 por tonelada, o equivalente a R$ 1.308,66 por tonelada, contra R$ 1.151,66 por tonelada no Estado. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os valores FOB no Porto de Buenos Aires registram recuo de 0,8%, a US$ 256,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Dezembro/2020 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago apresenta valorização de 5,3% nos últimos sete dias, a US$ 6,25 por bushel (US$ 229,74 por tonelada).

Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter registra avanço de 4,3%, a US$ 5,58 por bushel (US$ 205,31 por tonelada) no mesmo comparativo. A valorização dos futuros está atrelada ao clima seco no sul das Grandes Planícies dos Estados Unidos, às possíveis compras chinesas e à menor previsão para a safra da Argentina. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que, na semana encerrada no dia 8 de outubro, as exportações norte-americanas somaram 528,5 mil toneladas (safra 2020/2021), 0,4% a menos que o reportado no período anterior, mas 23% acima da média das últimas quatro semanas. Os principais destinos do cereal norte-americano foram o México (229 mil toneladas) e o Japão (62,2 mil toneladas). Em relação à safra 2021/2022, foram comercializadas 71,2 mil toneladas, sendo 60 mil toneladas somente para o Brasil. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.