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14/Out/2020

Tendência alta do trigo com a retração vendedora

Os valores do trigo e dos derivados seguem em alta no mercado brasileiro, sustentados pela retração de vendedores. Esse cenário é verificado mesmo com a colheita seguindo firme no Paraná. Dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) apontam que as atividades atingem 73% da área. No Rio Grande do Sul, as primeiras áreas começam a ser colhidas, e as poucas negociações no Estado referem-se ao trigo remanescente da safra anterior. Nos últimos sete dias, as cotações do trigo no mercado de balcão registram alta de 2,94% no Rio Grande do Sul, 2,76% no Paraná e 0,15% em Santa Catarina. No mercado de lotes, os avanços são de 3,81% no Rio Grande do Sul, de 3,42% no Paraná, de 3,21% em São Paulo e 1,37% em Santa Catarina. No geral, há temor de que a oferta de trigo de boa qualidade seja restrita nesta safra, devido ao clima adverso nos últimos meses. Apesar disso, o relatório divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) neste mês traz estimativas otimistas para o trigo.

No Paraná, a produtividade média prevista ainda é considerada satisfatória, mas, no Rio Grande do Sul, a ocorrência de geadas e a instabilidade pluviométrica reduziram o potencial produtivo. Ainda assim, a produção no Estado deve superar a de 2019. Em comparação com levantamento anterior, a área e a produção de trigo devem crescer ambos 0,3%, somando respectivos 2,334 milhões de hectares e 6,833 milhões de toneladas. As exportações são estimadas em 700 mil toneladas. Dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicam que, até o dia 5 de outubro, 53% das lavouras do Paraná estavam em maturação, 37%, em frutificação, 9%, em floração e 1% estava em desenvolvimento vegetativo. Do total semeado, 75% apresentavam boas condições, 21%, médias e 4%, ruins. No Rio Grande do Sul, a Emater-RS indicou que, até o dia 8 de outubro, a colheita havia atingido 2% da área prevista. Das lavouras implantadas, 58% estão em enchimento de grãos, 32%, em maturação e 8%, em floração.

Na Argentina, a ocorrência de chuvas aliviou a situação de algumas regiões. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, das lavouras implantadas, 47% apresentam condições de regular a ruim, 40%, normais e 13%, de excelente a boa. Em relação às condições hídricas, 53% estão em ótima situação e 47%, de regular a seco. O Ministério da Agricultura da Argentina aprovou a variedade transgênica de trigo tolerante à seca HB4 da empresa Bioceres. A aprovação vai permitir o cultivo e o consumo da variedade naquele país. Todavia, a exportação de trigo oriundo desta variedade ao Brasil só poderá ser iniciada quando a semente for autorizada pelo governo brasileiro. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as importações brasileiras de trigo em grão somaram 466,5 mil toneladas em setembro, volume 17% inferior ao de agosto e 5,2% a menos que em setembro/2019. Do total importado pelo Brasil no mês passado, 53,2% vieram da Argentina, 21,6%, dos Estados Unidos, 10,1% da Rússia, 7,2%, do Paraguai, 6,9%, do Canadá e 0,4% veio do Uruguai.

O preço médio da importação foi de US$ 221,00 por tonelada, 1,9% abaixo do valor de agosto/2020 e 5% inferior ao de setembro/2019. O preço médio do trigo importado foi de R$ 1.193,84 por tonelada FOB, considerando-se o dólar a R$ 5,40 em setembro, 24% a mais que em setembro/2019. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os valores FOB no Porto de Buenos Aires registram alta de 2% nos últimos sete dias, a US$ 258,00 por tonelada (maior valor registrado neste ano). Nos Estados Unidos, o contrato Dezembro/2020 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago apresenta valorização de 3,6% nos últimos sete dias, a US$ 5,93 por bushel (US$ 218,17 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter registra avanço de 5,1%, a US$ 5,35 por bushel (US$ 196,76 por tonelada). Apesar de o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgar estoques mundiais acima da expectativa, os futuros se valorizaram em decorrência do clima mais seco nas principais regiões de produtoras da Rússia.

A projeção para a produção mundial em 2020/2021 avançou 0,3% em relação ao relatório do mês anterior, a 773,082 milhões de toneladas, e ficou 1,1% maior que a da safra 2019/2020 (764,025 milhões de toneladas). O aumento se deve às maiores safras da Rússia e da União Europeia, que compensaram as reduções no Canadá, Ucrânia e Argentina. O consumo mundial praticamente não mudou. Destaca-se que a procura por farinhas destinadas às massas cresceu, por conta das mudanças nos padrões de consumo provocadas pela Covid-19. Em relação aos estoques mundiais, devem aumentar 0,7% frente ao relatório de setembro, somando 321,451 milhões de toneladas e 7,4% maior que os disponíveis em 2019/2020 (299,395 milhões de toneladas). A relação estoque/consumo deve ser de 42,8%. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.