13/Out/2020
Os preços internacionais do trigo atingiram o nível mais alto em mais de cinco anos em reação ao clima quente e seco nas regiões produtoras, às preocupações com a insegurança alimentar provocada pela pandemia do novo coronavírus. Mas, também há um componente especulativo no mercado. O período de junho a agosto foi o verão mais quente para todo o Hemisfério Norte já registrado, superando 2019 e 2016, que estavam empatados neste quesito, de acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos. Porém, a alta das cotações dos últimos dias sugere que especuladores estavam, em parte, alimentando essa recuperação. É seguro dizer que há compras especulativas. Em relação à produção, a falta de chuva é o destaque. A estiagem este ano atingiu áreas de cultivo do grão em todo o mundo, incluindo os Estados Unidos, Ucrânia e Rússia.
A janela ideal para as safras de trigo de inverno germinadas e estabelecidas está diminuindo rapidamente. A contínua falta de chuva nas próximas semanas pode prejudicar significativamente o desenvolvimento. Em resposta ao clima desafiador, o Ministério da Agricultura da Rússia confirmou que estava planejando introduzir uma nova cota em suas exportações de trigo a partir de janeiro de 2021, para proteger a oferta interna. Como maior exportador de trigo do mundo, uma cota russa levanta preocupações com a oferta global apertada, enquanto a demanda global segue forte. Entre os principais produtores da região do Mar Negro, incluindo Rússia, Ucrânia e Cazaquistão, os preços do trigo dispararam e atingiram o maior nível desde o início de 2019. Com a preocupação de que a Europa e os Estados Unidos possam estar vendo uma segunda onda do novo coronavírus, crescem as expectativas de que a Rússia reintroduza sua cota de exportação.
Além disso, o vírus da Covid-19 tem impulsionado uma forte demanda por alimentos básicos, além de representar desafios logísticos para as colheitas e cadeias de suprimentos complexas. Outro ponto levantado são as compras do Egito, o maior importador de trigo do mundo, que chegou a realizar licitações quase semanais para preencher estoques de alimentos básicos. Apesar de ser um grande produtor de trigo, a China também aumentou suas importações do grão neste ano. A disputa do Egito e de outros importadores de trigo pelo grão deu muito apoio aos preços russos. Mas, há também uma especulação clara. Há uma percepção de que os fundos estão entrando e ajudando a impulsionar essa alta. Não é só o comércio que está elevando os preços. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.