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09/Set/2020

Negociações com trigo pontuais no mercado físico

Agentes brasileiros estão atentos às ofertas da nova safra, com o avanço da colheita do trigo no Brasil, especialmente no Paraná. Para o Rio Grande do Sul, os efeitos das geadas ainda estão sendo contabilizados, mas o clima favorável está beneficiando o desenvolvimento e a recuperação das plantas atingidas pelo frio. Na Argentina, a ocorrência de chuvas não atingiu toda a área agrícola do país e, por isso, algumas regiões ainda sofrem com o déficit hídrico. Dados da Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicam que, até o dia 1º de setembro, 39% das lavouras implantadas no Paraná estavam em frutificação, 36%, em maturação, 13%, em floração e 12%, em desenvolvimento vegetativo. Do total semeado, 71% apresentavam boas condições, 21%, médias e 8%, ruins. Destaca-se que a colheita da nova safra no Paraná atingiu 3% da área cultivada. Para o Rio Grande do Sul, segundo a Emater-RS, o tempo seco e ensolarado no início última semana favoreceu as lavouras atingidas pelas geadas. No final da semana, a ocorrência de chuvas reestabeleceu a umidade no solo.

Das lavouras implantadas, 45% estão em germinação/desenvolvimento vegetativo, 40%, em floração e 15%, em enchimento de grãos. As geadas no final do mês de agosto nas regionais de Santa Rosa e Bagé provocaram perdas estimadas em 25% e 15%, respectivamente. Em Ijuí, umas das regiões mais afetadas, as estimativas apontam perdas superiores a 50% do potencial produtivo. Em Frederico Westphalen, as geadas, as ocorrências de granizo e os fortes ventos também prejudicaram as lavouras. Estimam-se perdas de 21% na produção. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, 42% as lavouras implantadas na Argentina apresentam condição normal; 41%, de regular a ruim e 17%, de excelente a boa. Em relação às condições hídricas, 54% estão de regular a seco e 46%, em ótima situação. A ocorrência de chuvas no Centro e no Sul da área agrícola devem impulsionar a recuperação do cereal atingido por geadas no final do mês de agosto. Todavia, a ausência de precipitações em algumas regiões argentinas ainda está comprometendo o crescimento e desenvolvimento da cultura.

No mercado brasileiro, com produtores atentos às ofertas da nova safra, as negociações de trigo no mercado interno seguem pontuais. As preocupações de produtores com os efeitos da geada resultam em alta dos preços por parte das cooperativas, que buscam atrair os agricultores. Quanto à colheita da safra nova, a maioria das ofertam está concentrada no norte do Paraná. Nos últimos sete dias, as cotações do trigo no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registram alta de 1,79% no Paraná, 1,74% no Rio Grande do Sul e 0,25% em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociação entre empresas), os recuos são de 1,27% em Santa Catarina, de 0,73% no Paraná e de 0,46% em São Paulo. Para o Rio Grande do Sul, há aumento de 0,33%. De acordo com a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as importações brasileiras de trigo em grão somaram 562,3 mil toneladas em agosto, volume 10,4% superior ao de julho/2020 e 15,6% a mais que em agosto/2019. Do total importado pelo Brasil no mês passado, 52,8% vieram da Argentina, 17,5%, dos Estados Unidos, 9,2%, da Rússia, 8,8%, do Canadá, 6,2%, do Uruguai e 5,5%, do Paraguai.

O preço médio da importação foi de US$ 225,30 por tonelada, 0,5% acima do valor de julho/2020 e 1,9% inferior ao de agosto/2019. O preço médio do trigo importado foi de R$ 1.228,35 por tonelada FOB, considerando-se o dólar a R$ 5,45 em agosto, 33% a mais que em agosto/2019 a R$ 925,53 por tonelada. Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) de 24 a 28 de agosto, a paridade de importação do trigo com origem na Argentina estava em US$ 245,27 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 5,50, o cereal importado era negociado a R$ 1.364,97 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, teve média de R$ 1.193,85 por tonelada. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os valores FOB no Porto de Buenos Aires registram recuo de 0,4%, cotado a US$ 244,00 por tonelada.

Nos Estados Unidos, o contrato Setembro/2020 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago registra valorização de 0,1% nos últimos sete dias, a US$ 5,39 por bushel (US$ 198,32 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter apresenta avanço de 2,8%, a US$ 4,74 por bushel (US$ 174,35 por tonelada) no mesmo comparativo. Apesar de os futuros terem fechado em alta a semana passada, o mercado foi pressionado pelo avanço da colheita volumosa na região do Mar Negro. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que, na semana encerrada em 27 de agosto, as exportações norte-americanas somaram 585,4 mil toneladas (safra 2020/2021), 23% a menos que o reportado no período anterior, mas 4% acima da média das últimas quatro semanas. Os principais destinos do cereal norte-americano foram a China (250,8 mil toneladas) e as Filipinas (116,4 mil toneladas). Em relação à safra 2021/2022, foram comercializadas 11,9 mil toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.