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01/Set/2020

Preços do trigo sustentados com quebras na safra

A forte queda nas temperaturas em agosto na Região Sul do Brasil, além de geadas e chuvas volumosas, deve diminuir a produtividade das lavouras de trigo. Ainda há incertezas quanto às perdas totais, mas estima-se menor produtividade nos três Estados da Região Sul. Na Argentina, por sua vez, é a estiagem que preocupa os produtores e compromete a produtividade das lavouras. Dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicam que, até o dia 26 de agosto, 41% das lavouras implantadas no Paraná estavam em frutificação, 21%, em maturação, 20%, em desenvolvimento vegetativo e 18%, em floração. Do total semeado, 73% apresentavam boas condições, 20%, médias e 7%, ruins. A microrregião sudoeste do Estado deve registrar as maiores perdas devido às geadas nas últimas semanas. Na região norte, que não foi atingida pelo frio excessivo, a produtividade deve recuar por falta de chuvas, pelo acamamento e pela ocorrência pontual de doenças e granizo. Nas microrregiões sul e centro-sul, a frente fria ajudou na recomposição da umidade do solo, beneficiando as lavouras.

De modo geral, deve haver uma redução de cerca de 5% do potencial produtivo no Paraná, que é de 3,7 milhões de toneladas. Segundo a Emater-RS, ainda é cedo para se dimensionar os impactos no Rio Grande do Sul. Das lavouras implantadas, 60% estão em germinação/desenvolvimento vegetativo, 31%, em floração e 9%, em enchimento de grãos. Em termos regionais, 8% das lavouras em Santa Rosa estão em enchimento de grãos, e a produtividade deve recuar de 3.090 quilos por hectare para 2.970 quilos por hectare. Em Ijuí, estima-se que 50% da área cultivada deve ter impactos das geadas. Na Argentina, segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, das lavouras implantadas, 44% apresentam condição normal, 38%, de regular a ruim e 18%, de excelente a boa. Em relação às condições hídricas, 62,2% estão de regular a seco e 38%, em ótima situação. A escassez hídrica, a incidência de geadas e o enchimento de grãos no centro e norte da área agrícola estão comprometendo o desempenho da cultura. As estimativas de perdas variam entre 20% e 50% nos setores de NOA, NEA e Córdoba.

No mercado brasileiro, com produtores atentos às ofertas da nova safra e a contabilização de possíveis danos da frente fria, as negociações de trigo no mercado interno seguem pontuais. Dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicam que a comercialização antecipada do cereal está em 15,7% do volume previsto. Nos últimos sete dias, as cotações do trigo no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registram alta de 1,27% no Paraná, 1,11% em Santa Catarina e 0,64% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes, os recuos são de 1,12% em São Paulo, 0,56% no Paraná e 0,48% no Rio Grande do Sul. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), na terceira semana de agosto, as compras externas de trigo apresentaram média diária de 30,1 mil toneladas, contra 22,1 mil no mesmo mês de 2019. Os preços de importação têm média de US$ 223,40 por tonelada FOB origem, 2,73% abaixo dos registrados no mesmo período do ano passado (US$ 229,70 por tonelada). Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os valores FOB no Porto de Buenos Aires registram avanço de 2,1% nos últimos sete dias, a US$ 245,00 por tonelada.

Nos Estados Unidos, o contrato Setembro/2020 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago registra alta de 2,3%, cotado a US$ 5,39 por bushel (US$ 198,14 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter apresenta avanço de 3,6%, a US$ 4,61 por bushel (US$ 169,66 por tonelada) no mesmo comparativo. A valorização está atrelada à expectativa de queda das exportações da França, principal produtor e exportador de trigo da União Europeia. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que, na semana encerrada em 20 de agosto, as exportações norte-americanas somaram 764,1 mil toneladas (safra 2020/2021), 46% a mais que o reportado no período anterior e 41% acima da média das últimas quatro semanas. Os principais destinos do cereal norte-americano foram o México (134,3 mil toneladas) e a China (123 mil toneladas). Em relação à safra 2021/2022, foram comercializadas 11,9 mil toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.