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25/Ago/2020

Tendência de preços firmes com riscos para safra

A atenção de agentes do mercado de trigo está voltada à avaliação dos impactos causados pela mudança de temperatura na Região Sul do País nas duas últimas semanas. Os produtores estão preocupados especialmente com as lavouras que já estavam em desenvolvimento mais adiantado, como é o caso do Paraná. Na Argentina, os produtores também estão apreensivos, tendo em vista que, mesmo com o semeio finalizado, algumas áreas que registravam déficit hídrico agora podem ter os danos intensificados pela incidência de geadas. Nesse cenário, o volume de negócios no mercado brasileiro segue pontual, com agentes à espera da entrada do produto da nova safra, e os preços, estáveis. Nos últimos sete dias, as cotações do trigo no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registram alta de 0,64% no Paraná e 0,3% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociação entre empresas), os aumentos são de 0,36% no Rio Grande do Sul e de 0,03% no Paraná. Apenas em São Paulo os apresentam queda (-0,39%).

Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), até o dia 18 de agosto, antes das geadas e chuvas volumosas, das lavouras implantadas no Paraná, 38% estavam em frutificação, 25%, em floração, 23%, em desenvolvimento vegetativo e 14%, em maturação. Do total semeado, 83% apresentavam boas condições, 15%, médias e 2%, ruins. De acordo com o Boletim Informativo do Deral do dia 21 de agosto, a sequência de dias chuvosos preocupou os produtores do Estado, apesar de ter amenizado o déficit hídrico. A umidade no solo provocada pelo grande volume de chuvas pode ocasionar germinação em lavouras prontas para a colheita e, até mesmo, o surgimento de doenças. No norte do Paraná, a colheita dos primeiros lotes foi interrompida por conta das precipitações, mas as atividades devem ser retomadas em breve. Segundo a Emater-RS, no Rio Grande do Sul, até o dia 20 de agosto, as lavouras das regiões de Pelotas, Frederico Westphalen, Santa Rosa, Passo Fundo e Erechim apresentavam bom desenvolvimento. Na Região Sudeste, previsões de geadas deixaram os agentes em alerta.

No geral, os efeitos da passagem da frente fria pelo Brasil devem ser quantificados nos próximos dias. Segundo dados da Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o semeio de trigo na Argentina foi finalizado. Agora, o déficit hídrico no centro e norte da área agrícola se somou à ocorrência de geadas frequentes e intensas, cenário que deve dificultar o crescimento e o desenvolvimento do cereal. A estimativa é de perdas de até 50% em algumas regiões do país. Por enquanto, no centro da área agrícola, o cereal apresenta tamanho reduzido e atrasos no desenvolvimento. Apenas no sul da Argentina que a lavoura está em estágio de emergência e de crescimento das folhas e, mesmo com a incidência de geadas, não apresenta danos significativos. Quanto às importações brasileiras, na segunda semana de agosto, as compras externas de trigo apresentaram média diária de 23,4 mil toneladas, contra 22,1 mil no mesmo mês de 2019. Os preços de importação estão na casa de US$ 228,30 por tonelada FOB origem, 0,6% abaixo dos registrados no mesmo período do ano passado (US$ 229,70 por tonelada).

No mercado internacional, o Ministério da Agroindústria da Argentina informa que os valores FOB no Porto de Buenos Aires registram avanço de 0,8% nos últimos sete dias, cotado a US$ 240,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Setembro/2020 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago apresenta valorização de 5,5% nos últimos sete dias, a US$ 5,27 por bushel (US$ 193,73 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter registra avanço de 4,8%, a US$ 4,75/bushel (US$ 163,79 por tonelada) no mesmo comparativo. A valorização está atrelada às boas expectativas de demanda pelo grão norte-americano, principalmente por parte de compradores chineses. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA0 indicam que, na semana encerrada em 13 de agosto, as exportações norte-americanas somaram 523 mil toneladas (safra 2020/2021), 42% a mais que o reportado no período anterior, mas 8% abaixo da média das últimas quatro semanas. Os principais destinos do cereal norte-americano foram as Filipinas (182,9 mil toneladas) e o Brasil (90 mil toneladas). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.