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18/Ago/2020

Preço do trigo estável com safra recorde próxima

Os preços atrativos de trigo e derivados em 2020 estimularam produtores, que elevaram a área cultivada com o cereal no Brasil. Até o momento, as perspectivas para a safra 2020 seguem positivas, mas a oferta total e a qualidade ainda dependem do andamento do clima. Quanto às negociações no spot nacional, ainda estão lentas, mas já há ofertas da nova safra, especialmente no mercado de lotes. Além disso, parte dos vendedores tenta liquidar os estoques remanescentes da temporada passada, otimistas com a entrada da nova safra. Os preços seguem firmes. Nos últimos sete dias, as cotações do trigo no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registram alta de 1,18% no Rio Grande do Sul e 1,15% em Santa Catarina, mas recuo de 0,04% no Paraná. No mercado de lotes (negociação entre empresas), os preços apresentam queda de 1,07% no Paraná e 0,10% no Rio Grande do Sul.

Relatório divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) neste mês indica crescimento de 14,1% na área com trigo em 2020, indo para 2,33 milhões de hectares, puxado pelo maior cultivo na Região Sul do País (os aumentos foram de 25,1% no Rio Grande do Sul e de 10,4% no Paraná). A produtividade nacional esperada é de 2,9 toneladas por hectare, 16,1% superior à média de 2019, sustentada pela estimativa de aumento de expressivos 41,8% no Paraná. Assim, a previsão atual é que a oferta chegue a 6,8 milhões de toneladas, 32,5% acima da de 2019. Com isso, foi reduzida a estimativa de importações entre agosto/2020 e julho/2021, para 6,7 milhões de toneladas, em linha com os 12 meses anteriores. A disponibilidade interna (estoque inicial + produção + importações) deve chegar a 13,76 milhões de toneladas, 5,6% superior à da temporada passada. O consumo interno está previsto em 12,5 milhões de toneladas, volume observado também nos dois anos anteriores, gerando um excedente de 1,26 milhão de toneladas, contra 570 mil toneladas na temporada anterior, o que deve recuperar parcialmente os estoques de passagem.

No campo, dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indicam que, das lavouras implantadas no Paraná, 32% estão em frutificação, 30%, em floração, 29%, em desenvolvimento vegetativo e 8%, em maturação. Do total semeado, 83% apresentam boas condições, 14%, médias e 3%, ruins. Essas condições são melhores que as observadas nas três últimas safras. Segundo a Emater-RS, no Rio Grande do Sul, as boas condições de umidade no solo aliados ao tempo seco, ensolarado e com grande amplitude térmica proporcionam um bom desenvolvimento da cultura na semana passada. Em relação às regiões, em Erechim, Ijuí, Passo Fundo e Soledade, o tempo seco favoreceu a continuidade dos tratos culturais e o desenvolvimento das lavouras. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, o semeio de trigo na Argentina atingiu 99,7% da área prevista, avanço de 1,4% em relação à semana anterior, mas atraso de 0,3% frente ao mesmo período de 2019.

A ausência de chuvas no norte e no centro-oeste do país reduziu as expectativas de rendimento nestas regiões. No leste do país, a umidade do solo está estável. Ainda na Argentina, conforme a Bolsa de Rosário, a seca nas áreas de cultivo ao norte e oeste do país limitou a área de plantio, mas as estimativas da nova safra foram mantidas. Apesar das dificuldades, a comercialização da nova safra mantém um ritmo mais rápido em relação ao ano passado e, também, está acima da média dos últimos cinco anos. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os valores FOB no porto de Buenos Aires registram recuo de 0,8% nos últimos sete dias, a US$ 238,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Setembro/2020 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago apresenta valorização de 0,8% nos últimos sete dias, a US$ 5,00 por bushel (US$ 183,72 por tonelada. Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter registra avanço de 2,3%, a US$ 4,25 por bushel (US$ 156,25 por tonelada).

A valorização está atrelada ao recuo do dólar perante o mercado internacional, que torna a commodity norte-americana mais atrativa a compradores. Conforme o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a projeção para a produção mundial em 2020/2021 recuou 0,4% em relação ao relatório do mês anterior, a 766,028 milhões de toneladas, mas ainda está 0,3% maior que a da safra 2019/2020 (764,114 milhões de toneladas). Esta queda mensal se deve à menor produtividade na União Europeia. Quanto ao consumo mundial, a redução foi de 0,2% no mesmo comparativo mensal, a 750,142 milhões de toneladas. Em relação aos estoques mundiais, devem avançar 0,6% frente ao relatório de julho, somando 316,793 milhões de toneladas, e a relação estoque/consumo deve ser de 42,2%. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.