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10/Jul/2020

Indústria prevê um consumo firme no 2º semestre

A alta no consumo de massas, biscoitos, pães e bolos industrializados deve continuar firme no segundo semestre. Apesar da flexibilização do isolamento social em grandes cidades e capitais com a reabertura de restaurantes e padarias, os fabricantes acreditam que a recessão econômica deve manter a alimentação das famílias dentro de casa. Nesse cenário, a liberação de novas parcelas do auxílio emergencial pelo governo federal deve ser determinante para as vendas do setor, com os consumidores adaptando o orçamento apertado às necessidades básicas. Para o ano, a Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi) espera um crescimento em média de 3% a 5% no volume vendido da categoria, ante os 3,33 milhões de toneladas comercializadas em 2019.

O faturamento deve crescer entre 6% a 10% até o fim do ano, na comparação com a receita de R$ 36,7 bilhões registrada no ano passado. Em um cenário econômico de retração de vários segmentos da indústria e de anos de estabilidade nas vendas, a expectativa de crescer 5% é considerada muito satisfatória. O resultado anual deve ser impulsionado principalmente pelos números reportados no primeiro semestre deste ano. No período, as pessoas passaram a fazer o maior número de refeições em casa, em virtude das medidas de distanciamento social para controle da Covid-19. De janeiro a abril, a indústria vendeu 849,2 mil toneladas, volume entre 10% a 15% maior que em igual período de 2019, e faturou R$ 9,6 bilhões (avanço de 5%). Quanto aos meses de maio e junho, a entidade ainda não tem números consolidados, mas projeta que as vendas devem ter crescido na mesma proporção do quadrimestre.

Produtos de ticket médio menor, ofertados em embalagens grandes e disponibilizados em atacarejos foram os preferidos de vendas do período. Embora desacelere o ritmo, a indústria acredita que o consumo continuará aquecido no segundo semestre mesmo com a volta do funcionamento de restaurantes e serviços de alimentação. O afrouxamento das medidas de distanciamento social não deve trazer impactos negativos ao setor porque a maior parte das atividades continua à distância e as pessoas ainda se sentem inseguras para retornar ao consumo fora do lar. Além disso, os produtos da categoria são relativamente baratos, pertencentes à cesta básica de alimentação e a população está menos capitalizada, revisando as suas prioridades de consumo. A gigante de alimentos M. Dias Branco também espera que a venda de itens básicos continue em alta em todo o País. A demanda continuou forte após março em todas as regiões, especialmente por massas e itens de preço médio menor, como bolachas maisena, maria e cream cracker.

A fabricante não revela estimativas nominais, mas viu seu faturamento líquido aumentar 24% no primeiro trimestre deste ano, em parte puxado pelo consumo elevado durante o isolamento social. Além das massas e biscoitos, segmento em que é líder no mercado nacional com mais de 30% de participação, a companhia observa também incremento acentuado no consumo de farinhas para uso doméstico, enquanto o uso do produto por estabelecimentos de food service recuou. A expectativa é de que as vendas possam continuar firmes no segundo semestre. A pandemia vai deixar alguns legados dentro dos lares com as famílias retomando os hábitos de fazer a maior parte das refeições em casa. Outro fator que deve ser determinante para o crescimento contínuo das vendas de derivados de trigo é a prorrogação do programa Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda do governo federal, segundo os representantes da indústria.

Na semana passada, o governo anunciou que vai conceder mais duas parcelas de R$ 600,00 para pessoas que foram afetadas pela pandemia de Covid-19. Com isso, o crescimento do setor deve ser, pelo menos, mantido nos meses em que o recurso estiver disponível. Os reflexos do auxílio emergencial no mercado de alimentos são observados imediatamente, logo após o período do pagamento do benefício. A M. Dias Branco observa crescimento pontual nas vendas na esteira da liberação do auxílio. Sem dúvidas, o auxílio contribui para o crescimento das vendas do setor. A Bauducco que também viu crescer a demanda por seus produtos prevê um impulso maior do setor no último trimestre do ano, período das datas festivas.

Apesar do cenário desafiador, a perspectiva é de manutenção dos resultados nas categorias de biscoitos, pães e torradas no segundo semestre, somado a novas oportunidades para o Natal. Durante o período de isolamento social a companhia obteve resultado de vendas alinhado com o setor. Há boa performance nas categorias em que a empresa é líder historicamente, como wafers, torradas e cookies. A empresa ressalta que, mesmo com a conjuntura incerta, mantém as estratégias de longo prazo, tendo entregue todos os lançamentos previstos para o primeiro semestre de 2020 e com a expectativa de novos produtos para as festas de fim de ano. A expectativa é de um futuro desafiador, mas cheio de oportunidades, como o Natal por exemplo, o principal momento no ano. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.