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06/Jul/2020

Dólar elevado melhora a competitividade do trigo

O principal motivo apontado para o maior apetite dos produtores em investir nas lavouras de trigo é a valorização da commodity, impulsionada pelo recuo na produção da temporada passada e pelo fortalecimento do dólar ante o Real. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), por um lado, o dólar forte ante o Real encarece os insumos, mas por outro lado puxa os preços no mercado interno por melhorar a competitividade do cereal local ante o importado. As cotações do trigo são as mais altas desde 2013, descontada a inflação. A área semeada com o cereal deve crescer 10% no Paraná para 1,13 milhão de hectares e 20% no Rio Grande do Sul para 915,7 mil hectares. O incremento de área foi impulsionado também por fatores relacionados a outras culturas.

No caso do Paraná, a menor janela para plantio do milho 2ª safra de 2020, que torna o cultivo do cereal mais arriscado, fez com que produtores preferissem destinar maior área ao trigo. Segundo a Emater-RS, no Rio Grande do Sul, a frustração com a safra de verão (1ª safra 2019/2020) levou os agricultores a aumentarem o aporte no cereal. O produtor buscou alternativa de renda e as culturas de inverno são a primeira oportunidade para buscar recuperação. Nem mesmo a tradicional pressão de preços que ocorre no auge da safra desestimulou a decisão de investimento dos produtores. Segundo o Ministério da Agricultura, o produtor sabe que não vai receber o patamar atual quando a nova safra entrar, mas, mesmo assim, os valores devem ficar acima ante a temporada passada. No spot, nos últimos dias o valor sugerido para lotes da safra passada foi de R$ 1.400,00 por tonelada FOB na região de Ponta Grossa (PR) e de aproximadamente R$ 1.200,00 FOB na região de Erechim (RS).

Os preços remuneradores do trigo compensaram o incremento do custo dos insumos para o cultivo das lavouras. O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) estima que o valor pago ao produtor esteja entre 30% a 40% maior que em igual período do ano passado. Já o custo de produção cresceu em média de 5%, dependendo da região produtiva. O produtor tradicional adquiriu os insumos de forma articulada, diminuindo exposição a oscilações cambiais bruscas, e por isso, tende a ter um menor crescimento do custo por hectare. A apreciação do dólar ante o Real, que torna os insumos importados mais caros para os produtores brasileiros, é apontada também como principal responsável pelo aumento do custo de produção da cultura em ambos os Estados, de acordo com os representantes consultados. Sementes, agrotóxicos e fertilizantes respondem juntos por cerca de 38% do custo total de produção do cultivo.

Em maio deste ano, o custo total de produção do cereal no Paraná era de R$ 3.819,84 por hectare, enquanto em igual mês do ano passado a despesa era de R$ 3.609,54 por hectare, segundo os dados mais recentes disponibilizados pelo Deral/Seab. Ou seja, em um ano, o custo de produção do cereal no Paraná subiu 5,8%. O mês de maio é usado como referência por ser o período em que os trabalhos de campo nas lavouras de inverno são intensificados no Estado. No período, a moeda norte-americana, à vista, registrou aumento de quase 40%, saindo de R$ 3,9596 por hectare no dia 2 de maio de 2019 para R$ 5,5208 por hectare no dia 4 de maio passado. No Rio Grande do Sul, o custo total de produção é estimado pela Federação da Agricultura do Estado (Farsul) em R$ 3.090,48 por hectare para a safra 2020, 3,7 % superior ao calculado na safra 2019 de R$ 2.978,18 por hectare. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.