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23/Jun/2020

Tendência de alta do trigo e negociação aquecida

Os altos preços do trigo no mercado interno estão estimulando duas ações importantes na cadeia produtiva. De um lado, visando reduzir o custo para a população em geral, o governo liberou a importação de 450 mil toneladas de fora do Mercosul com isenção da Tarifa Externa Comum (TEC). Os baixos estoques no Mercosul e o avanço da colheita do trigo de inverno no Hemisfério Norte favoreceram essa medida. No campo, os preços elevados têm atraído produtores, que irão aumentar a área com a cultura nesta temporada. A solicitação de elevar os volumes de importação com TEC zerada foi feita pela (Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) e aprovada pelo Comitê Executivo de Gestão (Gecex), órgão deliberativo da Câmara de Comércio Exterior (Camex), ligada ao Ministério da Economia. Assim, caso sejam atingidos 85% do volume de 750 mil toneladas por ano que já são permitidas para ser importadas com TEC zerada, o mecanismo entra em vigor imediatamente, tendo efeito a partir de 1º de julho, e poderá ser utilizado até 17 de novembro deste ano.

Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), nesta parcial de junho, as importações de trigo apresentam média diária de 16,1 mil toneladas, ritmo inferior ao registrado no mesmo mês de 2019, quando a média diária estava em 22,1 mil toneladas em junho de 2019. Quanto aos preços de importação, estão na casa de US$ 229,00 por tonelada FOB origem, 2,8% abaixo dos registrados no mesmo período do ano passado. Entretanto, a taxa de câmbio atual está bem maior, encarecendo as compras externas. No campo, produtores do Paraná que realizaram a colheita do milho nas semanas anteriores agora semeiam o trigo (terceira cultura no ano-safra). No Rio Grande do Sul, em especial, ainda é momento de cultivo da safra de inverno, sendo possível destinar mais área também ao trigo. Segundo dados do Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), o semeio de trigo no Paraná chegou a 82% da área estimada.

Destaca-se que 69% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo, 7%, em germinação e 3%, em floração. Quanto às condições, 85% apresentam boa qualidade, 12% têm condições médias e 3%, ruins. Segundo a Emater-RS, para o Rio Grande do Sul, a expectativa de produção na safra de inverno é de 2,969 milhões de toneladas em 2020. Os principais grãos de inverno (trigo, cevada, canola e aveia branca) devem ocupar uma área de 1,3 milhão de hectares, contra 1,13 milhão de hectares na safra anterior. Em relação ao trigo, principal cereal do estado, estima-se produção de 2,19 milhões de toneladas e cultivo de 915,7 mil hectares, 20,34% a mais do que na safra passada (760,9 mil hectares). Até o dia 18 de junho, 43% da área prevista para 2020 havia sido cultivada. As lavouras implantadas nas regiões de Bagé, Caxias do Sul, Erechim, Frederico Westphalen, Ijuí, Pelotas, Santa Maria, Santa Rosa e Soledade já estão em fase de germinação e desenvolvimento vegetativo.

Com o avanço das culturas na Região Sul do País, as negociações de trigo (referentes à próxima safra) também avançam no mercado interno. Segundo o Deral/Seab, 5,7% da produção prevista está comprometida. Em termos de preços no mercado físico, as cotações do trigo no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registram alta de 0,81% em Santa Catarina, 0,54% no Rio Grande do Sul e 0,26% no Paraná. No mercado de lotes (negociação entre empresas), os aumentos nos preços são de 1,96% em São Paulo, de 0,4% no Paraná, de ligeiro 0,02% no Rio Grande do Sul e de 0,02% Santa Catarina. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os valores FOB no Porto de Buenos Aires registram recuo de 0,8%, a US$ 240,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Julho/2020 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago registra desvalorização de 4,1% nos últimos sete dias, a US$ 4,81 por bushel (US$ 176,83 por tonelada).

Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter apresenta queda de 4,5%, a US$ 4,28 por bushel (US$ 157,35 por tonelada) no mesmo comparativo. A queda está atrelada à valorização do dólar, visto que a commodity norte-americana tende a se tornar menos atrativa aos demais compradores. Além disso, o clima mais favorável em regiões de cultivo da Europa e do Mar Negro, principalmente na Rússia, também influencia os futuros. Conforme o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), na semana no dia 11 de junho, as exportações norte-americanas somaram 504,8 mil toneladas (safra 2019/2020), 87% a mais que no período anterior. Os principais destinos do cereal norte-americano foram a Guatemala (128,5 mil toneladas) e o México (102,2 mil toneladas). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.