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16/Jun/2020

Tendência de aumento da oferta de trigo no Brasil

As estimativas brasileira e mundial de trigo seguem otimistas até este momento. No Brasil, os preços atrativos do cereal e o clima favorável nas principiais regiões produtoras devem elevar a produção. Quanto aos principais países produtores, as projeções também indicam crescimentos na produção e nas exportações. No Brasil, o semeio de trigo tem sido favorecido pelo clima. A área estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) é de 2,18 milhões de hectares, 6,7% acima da temporada anterior. A produção pode somar 5,7 milhões de toneladas, 10,4% a mais que a da safra anterior. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), o semeio chegou a 79% da área estimada no Paraná. Destaca-se que 85% das lavouras estão em desenvolvimento vegetativo, 14%, em germinação e 1%, em floração. Quanto às condições, 82% apresentam boa qualidade, 15% têm condições médias e 3%, ruins.

Segundo a Emater-RS, para o Rio Grande do Sul, no geral, as lavouras implantadas estão com baixa incidência de pragas e doenças, o crescimento está acelerado, com excelente estabelecimento inicial e emergência uniforme. Na região de Passo Fundo, os produtores finalizam o preparo das primeiras áreas de plantio, e as perspectivas são de ampliação de área (30%) em relação à safra passada. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projetou produção mundial recorde em 2020/2021, de 773,434 milhões de toneladas, crescimento de 1,2% em relação à safra anterior (2019/2020), impulsionada por países como Índia, China, Turquia e Austrália. O consumo global, no entanto, deve permanecer praticamente estável frente à safra anterior, a 753,185 milhões de toneladas. Para 2020/2021, a estimativa de produção é de 141 milhões de toneladas para a União Europeia, contra 155 milhões de toneladas no ano anterior (2019/2020).

Esta oferta mais restrita torna o trigo europeu menos competitivo frente aos outros grãos. A menor disponibilidade do cereal para uso em ração animal deve favorecer as exportações da União Europeia, apesar de uma colheita substancialmente menor. As exportações de trigo do o europeu estão projetadas em 28 milhões de toneladas, 23,3% a menos que a temporada anterior. Todavia, a União Europeia deve ser o segundo maior exportador de trigo mundial em 2020/2021. A Austrália está se recuperando do período de seca, que restringiu os suprimentos exportáveis nos últimos três anos. Dessa forma, o clima tem beneficiado o semeio, o que, associado à menor produção na União Europeia, deve favorecer uma recuperação na exportação australiana. Os estoques mundiais, por sua vez, devem crescer 1,9% frente ao relatório de maio, somando 316,089 milhões de toneladas, e a relação estoque/consumo final deve passar para 41,9%, contra 41,1% no mês anterior.

No Brasil, os preços do trigo no Brasil seguem registrando movimentos distintos entre as regiões, influenciados pela baixa oferta nacional e pelas oscilações do dólar. Nos últimos sete dias, as cotações do trigo no mercado balcão (valor pago ao produtor) registram recuo de 3,7% no Paraná e de 0,04% em Santa Catarina, mas alta de 1,3% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociação entre empresas), as quedas nos preços são de 2,2% no Paraná, de 1,8% em São Paulo e de 0,3% em Santa Catarina. No Rio Grande do Sul, o aumento é de 0,2%. A Câmara de Comércio Exterior (Camex) deve divulgar o parecer final sobre o aumento da cota de importação de trigo sem Tarifa Externa Comum (TEC) para países de fora do Mercosul. Se concedida, esta decisão deve incentivar e aliviar a indústria moageira nacional.

Nos Estados Unidos, o contrato Julho/2020 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago registra desvalorização de 2,6% nos últimos sete dias, a US$ 5,02 por bushel (US$ 184,45 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter apresenta recuo de 2,8%, a US$ 4,48 por bushel (US$ 164,80 por tonelada) no mesmo comparativo. A queda está atrelada às projeções otimistas de produção e estoques do USDA. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os valores FOB no Porto de Buenos Aires permanecem estáveis nos últimos sete dias, a US$ 242,00 por tonelada. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.