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26/Mai/2020

Tendência de preços firmes para o trigo no Brasil

O cultivo da nova safra de trigo segue avançando no Brasil e foi iniciado na Argentina nos últimos dias. No geral, se o clima favorecer, a área nacional deve crescer frente à de 2019, tendo em vista que produtores estão estimulados pela demanda aquecida e pelo câmbio, que eleva a paridade de importação. Entretanto, até a primeira metade da semana passada, os produtores brasileiros estavam preocupados com o clima seco na Região Sul do País, que atrasava o cultivo da nova safra. As chuvas em forte intensidade na segunda metade da semana passada acabaram aliviando as preocupações e devem contribuir para que o cultivo se acelere nos próximos dias, especialmente no Paraná, principal estado produtor.

Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), até o dia 19 de maio, o semeio chegou a quase metade (47%) da área estimada no Paraná. No mesmo período do ano passado, cerca de 2/3 da área já havia sido semeada e, em 2018, pouco mais de 50%. Destaca-se que 55% das lavouras estão em germinação e 45%, em desenvolvimento vegetativo. Em relação às condições, 71% apresentam boa qualidade, 25% têm condições médias e 4%, ruins. Para o Rio Grande do Sul, segundo maior Estado produtor, a Emater-RS indicou que a ocorrência de chuvas na última semana fez com que produtores começassem a realizar os preparativos para a semeadura de inverno. Assim, as atividades devem ganhar ritmo nas próximas semanas.

Na Argentina, maior fornecedora de trigo ao Brasil, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires aponta que a semeadura da safra 2020/2021 chegou a 5% da área estimada, em 6,8 milhões de hectares. Esse ritmo está levemente superior ao do mesmo período de 2019. A baixa disponibilidade doméstica e a demanda interna aquecida mantêm firmes as importações de trigo. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), na primeira quinzena de maio, as importações de trigo apresentaram média diária de 20,5 mil toneladas, contra 18,4 mil toneladas em maio de 2019. Os preços de importação estão na casa de US$ 223,00 por tonelada, FOB origem, 5,7% abaixo dos registrados no mesmo período do ano passado, mas o dólar bem acima do verificado em maio de 2019 mantém as compras externas encarecidas.

No Brasil, o mercado doméstico segue operando com um volume restrito e os valores, firmes. Nos últimos sete dias, os preços no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registram avanço de 3,5% em Santa Catarina, 1,1% Paraná e 0,1% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociação entre empresas), as altas são de 3% no Paraná, de 2,7% em São Paulo, de 2,3% em Santa Catarina e de 1,6% no Rio Grande do Sul. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os valores FOB no Porto de Buenos Aires apresentam recuo de 1,3% nos últimos sete dias, a US$ 240,00 por tonelada.

Nos Estados Unidos, o contrato Julho/2020 do Soft Red Winter da Bolsa de Chicago registra avançou 1,7% nos últimos sete dias, a US$ 5,08 bushel (US$ 186,93 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter apresenta desvalorização de 1,7% no mesmo comparativo, a US$ 4,44 por bushel (US$ 163,33 por tonelada. O clima seco nas áreas de cultivo da Europa e a redução das estimativas de produção de grãos na Rússia (de 125,3 milhões de toneladas para 120 milhões de toneladas) elevaram os valores em alguns dias.

Por outro lado, o mercado foi pressionado pelo fortalecimento do dólar e, consequentemente, pela menor atratividade do cereal norte-americano aos compradores estrangeiros. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), as exportações norte-americanas na semana passada somaram 175,8 mil toneladas de trigo (da safra 2019/2020), quedas de 14% se comparado ao da semana anterior e de 39% em relação à média das quatro últimas semanas. Os principais destinos do cereal norte-americano foram Filipinas (59 mil toneladas) e Coreia do Sul (37,7 mil toneladas). Em relação à temporada 2020/2021, foram comercializadas 252,4 mil toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.