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19/Mai/2020

Projeção de elevação na oferta do Brasil e global

As estimativas brasileira e mundial de trigo seguem otimistas até este momento. No Brasil, os preços atrativos devem resultar em maior área com a cultura, desde que os produtores não tenham problemas na captação de custeio da nova safra. No Paraná, o maior produtor de trigo do Brasil, o semeio atingiu mais de 1/3 da área prevista e as lavouras apresentam boas condições. Em temos mundiais, os dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) sinalizam que a produção de trigo deve aumentar, assim como o consumo, as vendas e os estoques do cereal. No Brasil, dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que, por enquanto, a área de trigo no País deve ser de 1,09 milhão de hectares, 2,4% acima da temporada anterior. As áreas do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina devem se manter estáveis. Vale lembrar que os produtores desses Estados ainda estão na fase de planejamento. No Paraná, a área deve crescer 5,5%.

A produtividade média nacional está estimada em 2,6 toneladas por hectare, 3% maior que em 2019. Com isso, a oferta está prevista em 5,43 milhões de toneladas, 5,4% superior à da safra passada. Os dados de oferta e demanda para a temporada 2019 (agosto/2019 a julho/2020) foram revisados, elevando o consumo para 12,5 milhões de toneladas e as importações para 7,2 milhões de toneladas. Enquanto a disponibilidade total para o período passa para 13,2 milhões de toneladas, o estoque final foi previsto em apenas 250,6 mil toneladas em 31 de julho deste ano, o mais baixo da série histórica. Além disso, para o período de agosto/2020 a julho/2021, ainda se espera disponibilidade interna menor, apesar de maior importação, no agregado, e demanda crescente. Com isso, é previsto estoque em julho/2021 em 170 mil toneladas, ainda menor que na temporada atual. Certamente, este fator deve manter as cotações em patamares firmes nos próximos meses.

O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) projetou alta na produção mundial da safra 2020/2021, impulsionada por importantes regiões exportadoras, com destaque para Argentina, Austrália, Canadá, Cazaquistão e Rússia. Em contrapartida, as produções dos Estados Unidos e da Ucrânia devem cair levemente. A produção mundial está prevista em 768,49 milhões de toneladas, novo recorde, com aumento de 0,5% frente ao ano anterior. O suprimento abundante por parte dos exportadores tende a gerar uma concorrência crescente por participação de mercado, apesar de a demanda também ser projetada para ser recorde. Quanto ao consumo, deve crescer de 748,55 milhões de toneladas em 2019/2020 para 753,49 milhões de toneladas em 2020/2021. A demanda por ração deve cair 4,1%, de 143,38 milhões de toneladas em 2019/2010 para 137,47 milhões de toneladas em 2020/2021. Mesmo assim, os estoques de passagem devem continuar crescendo. A relação estoque/consumo final deve passar para 41,4%, um recorde histórico.

Os valores do trigo no Brasil seguem em alta, influenciados pela baixa oferta doméstica. Diante disso, as médias continuam renovando as máximas nominais da série histórica do Cepea. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (valor pago ao produtor), os preços do trigo registram alta de 1,6% no Rio Grande do Sul, 1% no Paraná e 0,6% em Santa Catarina. No mercado de lotes (negociação entre empresas), os valores apresentam avanço de 3,4% no Rio Grande do Sul, 1,2% no Paraná, 0,8% em Santa Catarina e 0,4% em São Paulo. Nos Estados Unidos, os valores do trigo estão pressionados pela melhora no clima em importantes praças que cultivam o cereal, tanto no país norte-americano quanto na Europa e na região do Mar Negro. Ademais, a depreciação do dólar no mercado internacional, principalmente frente ao rublo, torna o mercado norte-americano mais competitivo e pressiona os valores naquele país.

Nos últimos sete dias, o contrato Julho/2020 do Soft Red Winter negociado na Bolsa de Chicago registra recuo de 4,2%, a US$ 5,00 por bushel (US$ 183,81 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, para o contrato de mesmo vencimento, o trigo Hard Winter apresenta desvalorização de 5,8%, a US$ 4,52 por bushel (US$ 166,17 por tonelada). Relatório do USDA apontou que os preços mundiais dos exportadores apresentaram direções opostas em abril. Na Rússia, foi registrado aumento nos valores, em decorrência das restrições à exportação devido à Covid-19. Na União Europeia e nos Estados Unidos, os preços caíram, pressionados por expectativas de aumento na produção de culturas concorrentes. Na Argentina, as cotações caíram, influenciadas pelo enfraquecimento da moeda e por boas condições de plantio para a safra 2020/2021. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.