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11/Mai/2020

Desacordo sobre preços limita negócios com trigo

A comercialização de trigo é lenta no mercado interno, com produtores indicando preços acima do que o comprador quer pagar. Os produtores seguram o pouco volume de cereal ainda disponível, à espera de melhores oportunidades, e não cedem quanto ao valor esperado. Na outra ponta, os moinhos estão abastecidos para o curto prazo (meados de junho e julho) e buscam alongar estoques com lotes de menor custo para o médio e longo prazo (agosto, setembro e até outubro). Apesar da queda de braço, os preços seguem firmes no físico, estáveis ante as semanas anteriores. No Paraná, os moinhos indicam R$ 1.300,00 por tonelada CIF, para entrega imediata em Curitiba. Os vendedores indicam R$ 1.350,00 por tonelada, nas mesmas condições. Os moinhos compraram volumes expressivos em abril, alongaram estoques até meados de junho e julho e agora estão mais cautelosos, apesar da perspectiva de incremento sazonal na demanda com a chegada do inverno.

A lentidão no mercado deve-se também ao atraso no plantio do cereal, porque produtores estão céticos quanto ao início da colheita. Alguns produtores estimam que em agosto ainda não haverá trigo da safra nova. Se isso se concretizar, o preço do cereal remanescente da safra anterior pode disparar, por isso ele segura a venda. No Rio Grande do Sul, os negócios também seguem pontuais. Os compradores indicam entre R$ 1.030,00 e R$ 1.050,00 por tonelada, para retirada na região da Serra Gaúcha, enquanto os vendedores indicam entre R$ 1.100,00 e R$ 1.150,00 por tonelada. O estoque nacional da safra 2019 deve estar entre 200 a 300 mil toneladas. O volume é muito baixo, por isso o produtor se mantém firme. Além disso, não há certeza quanto à oferta na próxima temporada. Os moinhos do Estado buscam administrar novas compras em meio à retração da moagem em virtude dos reflexos do isolamento social.

O consumo de farinhas para uso doméstico aumentou consideravelmente, mas não compensou a queda nas vendas para outros segmentos, como food servisse. A comercialização para entrega futura, na entrada da próxima safra nacional, também evolui pouco. Isso porque os produtores e moinhos estão cautelosos quanto à fixação de preços pelas incertezas relacionadas ao plantio do próximo ciclo. A área destinada às lavouras de trigo ainda não está definida nos maiores Estados produtores, Rio Grande do Sul e Paraná, por condições climáticas desfavoráveis à implantação do cultivo como déficit hídrico no solo. No Rio Grande do Sul, os compradores externos indicam R$ 1.000,00 por tonelada para lote do tipo pão a ser posto no Porto de Rio Grande em dezembro. Se na data a mercadoria não estiver na qualidade acordada, o produtor concede desconto de 10% no valor do contrato. Aproximadamente 600 mil toneladas de cereal gaúcho da safra 2020 já foram comercializadas em contratos para entrega futura.

Os moinhos do Paraná indicam R$ 950,00 por tonelada CIF tipo pão, para entrega em setembro na região de Curitiba; R$ 900,00 por tonelada nas mesmas condições, para entrega em outubro; e R$ 850,00 por tonelada, para entrega em novembro. Mesmo nesse patamar, considerado elevado, o comprador não consegue atrair o vendedor. Somente produtores que precisam de capital imediato fecham negócios neste momento. A compra de cereal externo também segue travada. Neste caso, a alta acentuada do dólar ante o Real, em patamares históricos, desmotiva a indústria moageira local. Dados de importação referentes a abril e ao primeiro quadrimestre deste ano devem ser conhecidos nesta próxima semana, quando se espera a divulgação pelo sistema de Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro (Agrostat). Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.