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05/Mai/2020

RS tem indefinição sobre área cultivada com trigo

A área a ser cultivada com trigo em 2020 no Brasil ainda é indefinida. Em seu primeiro levantamento referente à safra deste ano, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou lavoura de 2,09 milhões de hectares com o cereal, 2,4% maior que a semeada no ano passado, e produção de 5,43 milhões de toneladas (+1,6). Os números, contudo, não são um consenso no setor produtivo. Isso porque o Rio Grande do Sul, segundo maior produtor do cereal, mostra que o plantio é uma incógnita. Segundo a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), no momento, não há como prever a área das lavouras que serão implantadas. O produtor ainda não tomou a decisão, porque aguarda capital de giro.

Os produtores do Estado têm pouco capital para investimento na cultura por causa dos prejuízos acumulados na safra de verão (1ª safra 2019/2020). Nesta temporada, em virtude de uma estiagem prolongada, o Estado deve colher 47,2% a menos de soja e 30% a menos de milho do que o inicialmente previsto. O produtor depende dos lucros da safra de verão para aplicar nas lavouras de inverno, que exigem alto investimento. Agora, ele aguarda a prorrogação das dívidas com os bancos para definir o aporte. No Rio Grande do Sul, o plantio do trigo começa em maio. Por isso, em abril a intenção quanto à área a ser semeada já estaria definida. No ano passado, o Estado plantou 757.320 hectares com a cultura e colheu 2,2 milhões de toneladas.

Neste ano, o produtor ainda não decidiu o quanto irá cultivar porque não sabe a renda que terá disponível para comprar insumos. No Paraná, a menor janela de plantio para a 2ª safra de milho, cultura considerada alternativa para a semeadura de trigo, somada à forte recuperação recente nos preços do trigo devem impulsionar o cultivo do cereal de inverno. Segundo a Organização das Cooperativas do Estado do Paraná (Ocepar), em algumas regiões, a semeadura da 2ª safra de 2020 foi totalmente inviabilizada pelo atraso na colheita da safra de verão (1ª safra 2019/2020). Para estes produtores, a opção como cultura de inverno e para rotação é o trigo. A Ocepar projeta crescimento de até 5% na área destinada ao cereal no Estado, passando dos atuais 1,05 milhão de hectares para 1,10 milhão de hectares.

A frustração que o produtor obteve na última safra foi compensada pela melhor rentabilidade da cultura, a que se deve o investimento nas lavouras. Com o incremento de área, e se o clima for favorável, o Paraná deve colher 3,40 milhões de toneladas de trigo. Em 2019, o Paraná produziu 2,1 milhões de toneladas de trigo, segundo o Departamento de Economia Rural (Deral). Foi o pior resultado desde 2013 e a terceira safra consecutiva com quebras relevantes que fizeram a produção ficar abaixo da moagem estadual, estimada em mais de 3 milhões de toneladas. Aproximadamente 4% da área projetada para o Paraná foi semeada. Depois da região norte, a semeadura segue pelas regiões oeste e centro e, por fim, sul, onde o produtor ainda não concluiu a decisão de área plantada.

Nessas regiões, o investimento vai ser baseado principalmente da paridade entre o trigo e o milho 2ª safra. O avanço na rentabilidade, descrita pelos produtores como motivo para expansão de área, é observada nos preços físicos do cereal. No mercado interno, as cotações dos lotes registram valorização em média de 30% desde o início do ano, passando de R$ 850,00 por tonelada para R$ 1.100,00 por tonelada. O indicador Cepea Esalq para trigo tipo pão à vista no Paraná mostra alta de 40% no período. No Rio Grande do Sul, o Indicador para tipo brando aumentou 31% em igual intervalo. Esse cenário de preços firmes deve se estender no curto prazo. Em abril, as cotações já atingiram a máxima prevista para junho, de R$ 1.300,00 por tonelada.

A tendência é de que os preços subam ainda mais, para cerca de R$ 1.350,00 por tonelada no curto prazo. O avanço é atribuído à oferta restrita do cereal no mercado interno em virtude da entressafra, combinada com o incremento no consumo doméstico, impulsionado pelas medidas de isolamento social. O movimento deve continuar até agosto, quando a nova safra nacional começa a ser ofertada. Até lá, o ritmo de negócios no spot vai continuar acelerado com moinhos ativos e baixa oferta disponível. Apesar do momento favorável para o trigo, a alta do custo dos insumos importados supera a alta dos preços do grão. Por isso, outros indutores serão avaliados na tomada de decisão, como o comportamento do dólar, a projeção para safra da Argentina, desempenho econômico e mercado de alimentos. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.