ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

20/Abr/2020

Derivados de trigo têm demanda e preços em alta

A indústria de pães, massas e biscoitos do Brasil prepara reajustes de 12% a 30% em seu portfólio ao longo deste semestre, para repassar o aumento de custos com o trigo, ao mesmo tempo em que vê o consumo de seus produtos crescendo com os isolamentos contra o coronavírus. A alta de preços pode até gerar uma desaceleração na demanda, em um primeiro momento. O setor está sendo beneficiado pelo isolamento domiciliar, pois vende produtos que oferecem facilidades aos consumidores, com a praticidade muitas vezes prevalecendo sobre os custos na hora da decisão de compra. Em março, a indústria de pães, massas e bolos industrializados registrou alta de 15% a 20% no volume comercializado em relação ao igual período do ano anterior, no momento que parte da população temeu pela eventual escassez de produtos por causa do isolamento.

Macarrão é barato e um produto que sai ganhando quando a população passa a se alimentar dentro de casa. O pão de forma também tem a demanda mantida porque as pessoas reduzem o deslocamento a padarias. Não deve haver recuou de volume de vendas no ano. Não há problemas no abastecimento destes produtos para o comércio varejista. O bom desempenho do setor trouxe confiança para a Abimapi prever aumento de 3% a 5% nas vendas. No ano passado, estes segmentos, juntos, movimentaram R$ 36,7 bilhões, 3,5% acima do valor alcançado no ano anterior, e 3,3 milhões de toneladas em volume de vendas, mesmo resultado obtido em 2018, segundo a Abimapi, com base em dados coletados pela consultoria Nielsen. O aumento nas despesas com o trigo, matéria-prima da farinha usada nesses produtos industrializados, ocorrerá na esteira da valorização do câmbio ante o Real, considerando que o Brasil precisa importar o cereal para complementar a oferta local.

Os reajustes de preços dos produtos do portfólio ocorrem todos os anos, durante a entressafra do trigo, mas em 2020 serão mais intensos por causa do patamar histórico do dólar. A moeda norte-americana registra ganhos de mais de 30% em 2020. O repasse de custos deve ser iniciado a partir deste mês. Este aumento tende a ser gradual, pois não há espaço para elevar os preços de uma só vez para o consumidor final. As indústrias estão com estoque de trigo e produto acabado para cerca de dois a três meses, a depender do fabricante. Isso significa que os fabricantes precisarão do cereal importado até meados de setembro, quando começa a colheita da safra nacional. Das 11 milhões de toneladas de trigo consumidas por ano no Brasil, metade vêm principalmente da Argentina, este ano com 30% de aumento de preço, em média.

Os preços do trigo no mercado brasileiro seguiram o preço do produto importado, registrando alta no ano de 30% no Paraná (principal produtor brasileiro), oscilando perto de patamares recordes nominais em torno de R$ 1.150 por tonelada. A farinha representa 70% do custo das massas, 60% nos pães e bolos e 30% nos biscoitos. Sendo assim, qualquer variação no preço do trigo tem impacto direto para os fabricantes. A indústria de biscoitos, que responde pela maior participação no faturamento do setor, fechou o ano passado com receita de R$ 18,7 bilhões, aumento de 1,7% ante 2018, e vendas de 1,47 milhão de toneladas, retração de 1,1% em volume. Em 2019, as indústrias de pães movimentaram um total de R$ 7 bilhões, com aumento de 4,5% na receita, resultante da venda de 537 mil toneladas de produtos, com alta de 3,4%. Já o mercado de bolos industrializados atingiu R$ 1,1 bilhão em faturamento, 1,5% a mais se comparado com 2018. Fonte: Reuters. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.