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14/Abr/2020

Tendência de preços do trigo sustentados no Brasil

Os preços domésticos do trigo seguem firmes, operando por volta de R$ 1.150,00 por tonelada no Paraná e de R$ 990,00 por tonelada no Rio Grande do Sul, sendo ambos patamares recordes nominais das respectivas séries, iniciadas em 2004. A sustentação vem da baixa disponibilidade interna de cereal. Do lado da demanda, nos últimos dias, verificou-se certo enfraquecimento. Assim, os moinhos seguem atendendo a pedidos pontuais, com dificuldades no repasse das valorizações do cereal para as farinhas. No mercado de balcão (valor pago ao produtor), nos últimos sete dias, os preços registram alta de 0,9% Paraná e 0,4% em Santa Catarina, mas recuo de 0,89% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociação entre empresas), há avanço de 1,3% no Rio Grande do Sul, de fortes 6,6% em Santa Catarina, de 2,5% em São Paulo e de 0,6% no Paraná.

No campo, a falta de chuvas no Rio Grande do Sul durante a safra de verão (1ª safra 2019/2020) pode comprometer o semeio de trigo no Estado, considerado o segundo maior produtor do País. Ainda assim, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima aumento de 2,4% na área plantada, indo para 2,09 milhões de hectares, com a produção somando 5,43 milhões de toneladas. Com a baixa oferta doméstica, as importações cresceram em março, mesmo diante do dólar elevado. De acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as compras internacionais somaram 659,8 mil toneladas em março, volume 2,4% superior ao de fevereiro/20. A principal origem do trigo foi a Argentina. As exportações de trigo totalizaram 64,9 mil toneladas em março, 39,2% a menos que em fevereiro/2020. O principal destino do trigo brasileiro foi o Vietnã.

Na Argentina, os valores FOB no Porto de Buenos Aires apresentam queda de 0,4% nos últimos sete dias, a US$ 246,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o contrato Maio/2020 do Soft Red Winter registra valorização de 1,3% nos últimos sete dias, a US$ 5,56 por bushel (US$ 204,48 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o contrato de mesmo vencimento do trigo Hard Winter acumula avanço 4,2% no período, a US$ 4,92 por bushel (US$ 180,78 por tonelada). O recuo do dólar frente a outras moedas e o frio intenso nas grandes planícies do país norte-americano dão suporte às cotações. Conforme dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), a produção mundial de trigo em 2019/2020 deve superar os recordes da safra anterior.

Os principais produtores, como China, União Europeia, Índia, Rússia e Estados Unidos, ampliaram suas produções para atender à crescente demanda global. Ademais, as colheitas de trigo de inverno nos países do Hemisfério Norte devem começar nos próximos meses. Os estoques mundiais também devem atingir novos recordes, visto que a China detém metade desse volume global. A Índia, terceira maior produtora mundial, encerrou as projeções de seus estoques com alta, sendo considerado o sétimo ano consecutivo de recorde em suas colheitas. Os oito principais exportadores de trigo detêm 20% e devem sustentar os níveis previstos da demanda mundial. Com o avanço da pandemia de Covid-19, o relatório do USDA indica que a segurança alimentar e o suprimento de grãos básicos têm se tornado um problema global.

Apesar de os estoques serem suficientes, vários exportadores estão sendo cercados por restrições comerciais com o propósito de ampliar a segurança alimentar doméstica. Alguns países, como a Rússia, Ucrânia e o Cazaquistão, adotaram restrições para a exportação de trigo (entre outras commodities) de abril a junho de 2020. Por conseguinte, esta medida tende a criar preocupações regionais e globais de curto prazo em relação ao fornecimento do cereal. A União Europeia deve continuar suas exportações acima da média no último trimestre, ao lado da Rússia, como o maior exportador global de trigo. Destaca-se, também, que a Austrália, depois de três anos afetada pela escassez hídrica, está trabalhando com exportações acima do esperado e deve ser um forte concorrente mundial. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.