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06/Abr/2020

Preços do trigo e derivados estão em alta no Brasil

Os últimos sete dias estão sendo atípicos no mercado interno de trigo. Após semanas de comercialização lenta com moinhos e produtores retraídos, os negócios estão avançando, puxados pelo aumento no consumo doméstico de farinha e derivados. Em virtude das medidas de isolamento social, o consumo de farinhas, massas e biscoitos pelas famílias aumentou. Nos últimos dias de março e nos primeiros dias deste mês houve correria da população para supermercados para estoque de produtos alimentícios, especialmente insumos para produção própria de pães, bolos e massas. Esse movimento acendeu o apetite da indústria moageira por novos lotes de trigo. Em compensação, há queda na demanda por farinha de panificação, utilizada por padarias e confeitarias. Esse cenário de aumento na demanda, somado à oferta restrita, em virtude da entressafra nacional, está elevando os preços internos do cereal.

Há registro de alta de R$ 50,00 por tonelada a cada semana nos lotes no Paraná e entre R$ 20,00 e R$ 30,00 por tonelada nos lotes no Rio Grande do Sul desde o início de março. No Paraná, na região centro-oeste, os contratos têm sido fechados por R$ 1.200,00 por tonelada FOB. No Rio Grande do Sul, na região da Serra, a cotação é de R$ 1.000,00 por tonelada FOB. A valorização é mais acentuada no Paraná, em virtude do menor volume disponível do Estado em comparação com o Rio Grande do Sul. Os moinhos do Paraná e de Santa Catarina, inclusive, estão adquirindo cereal no Rio Grande do Sul, pela melhor paridade. A tendência é de que as cotações subam ainda mais. O movimento de maior procura por lotes foi intensificado, após uma reunião de representantes da indústria moageira em que foi sinalizada a necessidade de 2,2 milhões de toneladas de trigo para moagem até agosto e a indisponibilidade desse volume pela Argentina.

Desde o dia 31 de março, os moinhos estão ainda mais ativos nas negociações, com ordem de compras agressivas, inclusive aceitando os valores sugeridos pelos produtores. Diante da possibilidade de ausência de suprimento do cereal argentino e de uma eventual necessidade de importação deste volume de outros destinos, como Estados Unidos e Rússia, a indústria moageira discute com o governo a ampliação da cota de importação de trigo com isenção da Tarifa Externa Comum (imposto aplicado sobre produtos importados de fora do Mercosul). O aperto na oferta da Argentina e o patamar elevado do dólar, acima de R$ 4,25, limitam as aquisições externas. Apesar da alta nos preços internos, o cereal brasileiro segue mais competitivo que o argentino. Dados de line-ups mostram que lote oriundo da Argentina é cotado a R$ 1.500,00 por tonelada em moinho de São Paulo, enquanto o nacional chega a R$ 1.200,00 por tonelada, em média.

Em comparação com o cereal norte-americano, que é descarregado em São Paulo por R$ 1.780,00 por tonelada, o trigo brasileiro tem relação ainda mais atraente. Embora a negociação atual esteja limitada, os moinhos brasileiros monitoram os embarques e entregas de contratos de importação previamente fechados, especialmente da Argentina. A possibilidade de restrições logísticas no país, em virtude das medidas restritivas impostas pelo governo para controle do coronavírus, preocupa a indústria moageira nacional. Entidades exportadoras de grãos argentinas afirmam que o fluxo para os terminais portuários foi normalizado, mas não descarta instabilidade nas operações. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.