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31/Mar/2020

Tendência de alta do trigo com demanda aquecida

Os preços de trigo seguem em alta no mercado doméstico, impulsionados pelo baixo excedente do grão e pela maior procura por seus derivados. Além disso, os impasses logísticos nos portos argentinos e nas rodovias brasileiras tendem a dificultar novas compras e o recebimento do cereal já contratado, contexto que deve seguir sustentando os valores. Também há preocupação com o abastecimento das farinhas nos diferentes estados brasileiros. Quanto aos contratos futuros do trigo negociados na Bolsa de Chicago, continuam avançando, sustentados pelas exportações do trigo norte-americano. Nos últimos sete dias, os preços do cereal no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registram alta de 0,5% no Paraná, de 2,6% em Santa Catarina e de 1,6% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os aumentos são de 5,9% no Paraná, de 4,4% no Rio Grande do Sul e 3% em São Paulo. Alguns moinhos estão aguardando a reposição do cereal oriundo de contratos já negociados e, no caso das indústrias, estão buscando novas compras a preços não tão elevados.

Todavia, os vendedores permanecem retraídos e o mercado transita com poucas negociações, visto que é entressafra do trigo e as comercializações de outros grãos (soja e milho) estão mais atrativas. A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) alertou, no dia 26 de março, para possíveis impasses no abastecimento de trigo e seus derivados em decorrência do fechamento de fronteiras estaduais e de serviços básicos nas rodovias. Condições precárias aos motoristas, como falta de alimentação e escassez de serviços voltados à borracharia, tendem a limitar o funcionamento do modal rodoviário e, consequentemente, prejudicar o abastecimento. Em alguns Estados, de 30% a 35% das farinhas já não estão sendo entregues. Todavia, as ações dos Ministérios da Agricultura e Infraestrutura, aliadas à participação municipal, devem controlar iniciativas que possam prejudicar o sistema logístico desta commodity e seus subprodutos. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, o preço FOB do trigo registra avanço de 0,8% nos últimos sete dias, a US$ 245,00 por tonelada.

Vale lembrar que o governo argentino bloqueou todas as suas fronteiras, inclusive portos, aeroportos, travessias internacionais e/ou centros de fronteira, no intuito de conter o avanço do coronavírus. Os impasses logísticos na Argentina, por sua vez, elevaram as exportações dos Estados Unidos. Dados da Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) mostram que foram vendidas 740 mil toneladas de trigo norte-americano da safra 2019/2020, alta expressiva de 73% em relação à média das quatro últimas semanas. A maior demanda pelo cereal dos Estados Unidos, por sua vez, deu sustentação aos contratos futuros negociados da Bolsa de Chicago. O contrato Maio/2020 do trigo Soft Red Winter na Bolsa de Chicago registra alta de 5,9% nos últimos sete dias, cotado a US$ 5,71 por bushel (US$ 209,90 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter apresenta avanço de 3,8% no mesmo período, a US$ 4,86 por bushel (US$ 178,85 por tonelada). Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.