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24/Mar/2020

Tendência de alta do trigo com restrição na oferta

A oferta de trigo no mercado brasileiro é baixa e a valorização do dólar frente ao Real segue desfavorecendo as importações. Agora, os compradores brasileiros que têm contratos com fornecedores argentinos também estão receosos quanto ao período de recebimento do produto já contratado, uma vez que o país vizinho deve restringir algumas atividades portuárias nos próximos dias, devido ao avanço nos casos de Covid-19. O porto de cereais de Timbúes (localizado ao sul da província de Santa Fé) suspendeu as atividades comerciais e industriais até o dia 2 de abril. A Bolsa de Comércio de Rosário também paralisou suas atividades até o dia 27 de março, tendo em vista que a pandemia de coronavírus inviabilizou as operações físicas.

Com isso, o Ministério da Agroindústria da Argentina informa que o preço FOB registra recuo de 0,8% nos últimos sete dias. Os valores saíram de US$ 245,00 por tonelada no dia 13 de março, caíram para o mínimo de US$ 234,00 por tonelada no dia 18 de março, e fecharam a US$ 243,00 por tonelada no dia 20 de março. Até meados de março, o preço do trigo no mercado local perdeu entre US$ 10,00 e US$ 15,00 por tonelada em relação ao máximo registrado em janeiro de 2020. Mesmo assim, os valores de exportação do trigo argentino perderam competitividade em relação às origens alternativas. O preço FOB do trigo a granel na semana passada foi de US$ 243,00 por tonelada, superior ao valor de exportações de outros países, como França (US$ 195,10 por tonelada), Austrália (US$ 227,90 por tonelada), Rússia (US$ 203,50 por tonelada) e Estados Unidos (US$ 235,60 por tonelada)

Esse cenário, por sua vez, resulta em forte alta nos contratos futuros negociados nos Estados Unidos. Isso porque a redução dos embarques argentinos pode levar a demanda global à América do Norte. Inclusive, há rumores de maiores exportações dos Estados Unidos à China. Na Bolsa de Chicago, o contrato Maio/2020 do trigo Soft Red Winter registra alta de 6,6% nos últimos sete dias, finalizando a US$ 5,39 por bushel (US$ 198,14 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter apresenta avanço de 8,7%, a US$ 4,69 por bushel (US$ 172,33 por tonelada). No Brasil, o alto patamar do dólar e a baixa disponibilidade interna do cereal mantêm os preços domésticos em elevação. Alguns moinhos, especialmente do Paraná e de São Paulo, estão com necessidade de adquirir novos lotes em curto prazo, mas as ofertas estão escassas.

Há vendedor, inclusive, indicando não ter mais lotes para ofertar. Os moinhos das demais regiões, por sua vez, sinalizam ter estoques de médio a longo prazos, mas já estão atentos em sua reposição, ao passo que vendedores estão retraídos. Com isso, o mercado segue com poucas negociações. Nos últimos sete dias, os preços do cereal no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registram alta de 3,9% no Paraná, de 1,4% em Santa Catarina e de 0,06% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os aumentos são de fortes 2,7% no Paraná, de 1,3% no Rio Grande do Sul e 0,6% em São Paulo. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.