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23/Mar/2020

Preços do trigo firmes e a comercialização travada

A comercialização de trigo no mercado doméstico segue sem ritmo. Com os preços da farinha mais altos, moinhos encontram dificuldade nas negociações, especialmente para São Paulo - maior comprador de farinha -, e desaceleram a moagem. Os produtores, por outro lado, se voltam para a colheita de soja e negociação do milho verão, cujos preços são mais atrativos e não demonstram muito interesse na venda do cereal de inverno. No cenário internacional, a possibilidade de suspensão dos embarques argentinos em virtude do coronavírus preocupa os moinhos brasileiros, que importam cerca de 500 mil toneladas do cereal por mês. A falta de acordo entre vendedor e moinho sobre preço trava o mercado no Rio Grande do Sul. Na região de Passo Fundo, há negócios a R$ 950 a tonelada FOB para retirada imediata e pagamento após 30 dias, mas produtores pedem a partir de R$ 1.020 a tonelada.

No Porto de Rio Grande, para os mesmos prazos, as ofertas chegam a R$ 1.270 a tonelada CIF. Não há demanda de exportação. Além de haver pouco cereal disponível no Estado, os compradores estão com bons estoques. O trigo já está na mão dos moinhos. Agora eles vão esperar escoar a farinha que está no mercado para voltar a moer. No Paraná, na região dos Campos Gerais, os compradores indicam R$ 1.100 a R$ 1.130 por tonelada CIF em moinho de Ponta Grossa, com entrega imediata e pagamento de 30 a 40 dias. O preço subiu de R$ 50 por tonelada, puxado pela alta do dólar e pelo baixo volume de ofertas. Muitos vendedores não querem movimentar trigo ao mesmo tempo em que comercializam milho e soja. Contudo, alguns moinhos estão abastecidos até abril, o que limita a alta dos preços. Isso porque continuam recebendo trigo importado que compraram antes da disparada da moeda norte-americana. Mas esse movimento pode mudar com a parada de portos argentinos.

A movimentação é lenta também na entrada do trigo importado de contratos fechados antecipadamente, e pode piorar à medida em que a Argentina decreta novas restrições logísticas como prevenção contra a pandemia de coronavírus. A incerteza quanto às definições portuárias no país vizinho preocupa os moinhos brasileiros, que costumam se programar com antecedência para receber o trigo negociado. Se de uma hora para outra a suspensão dos embarques for concretizada, os moinhos que dependem do cereal importado, normalmente na Região Sudeste ou mais acima podem ter sérios problemas. No curto prazo, entretanto, os moinhos estão abastecidos e devem conseguir continuar as operações até a metade abril.

Os efeitos serão maiores se os bloqueios durarem mais de 15 dias, o que, além de atrapalhar o fluxo de moagem, pode provocar até o fechamento dos moinhos. O Brasil não produz trigo suficiente para atender à demanda interna e, especialmente neste ano, teve parte da safra afetada pelo clima. Importar o trigo em outras origens, como os Estados Unidos, sairia muito mais caro agora, principalmente por causa do nível do dólar em relação ao Real. A média de preços do cereal argentino é de US$ 263 a tonelada, considerando frete e despesas portuárias, o que ultrapassaria os R$ 1.300 a tonelada. Em algumas regiões, entretanto, os fretes altos no Brasil por causa da colheita de soja fizeram com que o preço do trigo nacional superasse as cotações do cereal argentino, observado em R$ 1.250 a tonelada. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.