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17/Mar/2020

Tendência é de alta do trigo com recorde do dólar

Em um cenário de baixa oferta interna e de dólar elevado, os preços domésticos do trigo em grão seguem firmes. O aumento expressivo da moeda norte-americana limitou ainda mais as importações do cereal. Com vendedores retraídos e firmes em suas ofertas, a liquidez doméstica está baixa. Do lado da demanda, os compradores com necessidade de estoques enfrentam dificuldades em encontrar lotes. Nos últimos sete dias, os preços do cereal no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registram alta de 0,6% no Paraná e de 0,62% no Rio Grande do Sul. Quanto ao mercado de lotes (negociações entre empresas), os aumentos são de 2,1% no Paraná, de 0,6% em São Paulo, de 0,5% no Rio Grande do Sul e de 1,3% em Santa Catarina. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, o preço FOB do se mantém estável, a US$ 245,00 por tonelada.

Nos Estados Unidos, o vencimento Março/2020 do trigo Soft Red Winter na Bolsa de Chicago apresenta recuo de 1,2%, cotado a US$ 5,14 por bushel (US$ 189,14 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter registra baixa de 1,8%, a US$ 4,31 por bushel (US$ 158,46 por tonelada). Esta queda está relacionada ao fortalecimento do dólar, às incertezas nos mercados mundiais por conta do Covid-19 e ao desempenho negativo do milho, substituto direto do trigo em ração animal. Em relatório divulgado no dia 10 de março, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) manteve a estimativa de importação em 7 milhões de toneladas e as exportações, em 300 mil toneladas. Assim, o suprimento interno manteve-se em 12,9 milhões de toneladas e o estoque final, em 850,6 mil toneladas. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), em relatório divulgado no dia 10 de março, aponta produção mundial levemente mais alta, devendo totalizar 764,5 milhões de toneladas na safra 2019/2020, volume 0,1% maior em relação ao estimado no relatório de fevereiro, mas 4,5% superior ao da temporada 2018/2019.

As maiores produções na Argentina e na Índia mais do que compensam as reduções na Austrália e na Turquia. As transações mundiais foram elevadas, com importações muito maiores para a Turquia. Quanto às exportações, o aumento dos embarques da Argentina e da Rússia mais do que compensaram a redução projetada para o Canadá e a Austrália. Assim, as transações mundiais foram reajustadas para 184,1 milhões de toneladas, volume 0,4% maior em relação ao estimado no mês passado e 5% acima do da temporada anterior. A Rússia segue como o principal exportador mundial do cereal pelo terceiro ano consecutivo. O clima favorável, atrelado à uma melhor tecnologia de produção, beneficiou os rendimentos e a qualidade. Com maior oferta, o país se tornou cada vez mais competitivo. O Egito é o maior importador mundial, suprindo grande parte de sua demanda na Rússia, que fornece mais de dois terços das importações egípcias.

Além disso, um recente aumento nas importações da Turquia também beneficiou as exportações da Rússia. A Turquia foi autorizada a importar quantidades adicionais de trigo com isenção de impostos para estabilizar os preços domésticos. O Egito e a Turquia, juntos, representam mais de um terço das exportações da Rússia, devido à competitividade de preços e logística. Mercados mais distantes também estão respondendo aos preços competitivos da Rússia, como Bangladesh, Nigéria e Indonésia. O aumento na demanda por trigo de qualidade também levou as Filipinas, a Argélia e o Brasil a elevarem as importações da Rússia. O USDA manteve a projeção das reservas norte-americanas ao fim de 2019/2020 em 25,6 milhões de toneladas. A previsão de estoques mundiais foi reduzida para 287,1 milhões de toneladas, volume 0,3% menor em relação ao relatório de fevereiro, mas 3,4% maior que o da safra 2018/2019. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.