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19/Fev/2020

Tendência do trigo sustentado pelo dólar elevado

Os valores do trigo em grão estão em alta em todas as regiões. O impulso vem da baixa disponibilidade interna e do patamar recorde do dólar, que segue encarecendo as importações. Nesse cenário, enquanto os vendedores elevam os valores de suas indicações, os compradores estão cautelosos em realizar novas aquisições. Esses agentes apontam que ainda detêm o cereal estocado e têm produto para receber via contratos a termo. Nos últimos sete dias, os preços do trigo no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registram alta de 0,63% no Rio Grande do Sul e de 0,4% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os aumentos são de 2% tanto no Rio Grande do Sul quanto em São Paulo, de 1,7% no Paraná e de 1,6% em Santa Catarina. Na Argentina, os valores do trigo estão mais fracos este mês. Assim, os preços do produto importado da Argentina e posto no Paraná e no Rio Grande do Sul registram recuo e se aproximam das cotações domésticas.

O dólar elevado, contudo, ainda mantém o cereal brasileiro mais atrativo aos compradores. De 3 a 7 de fevereiro, tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a paridade de importação do trigo com origem na Argentina era de US$ 238,91 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar médio do período, de R$ 4,26, o cereal importado foi negociado a R$ 1.019,95 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro no Paraná teve média de R$ 954,61 por tonelada. Para o Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 218,15 por tonelada de 3 a 7 de fevereiro, o equivalente a R$ 931,33 por tonelada, contra R$ 825,83 por tonelada (dados do Cepea) no Estado na primeira semana de fevereiro.

Segundo a Bolsa de Rosário, a comercialização de trigo tem sido baixa na Argentina nas últimas semanas. A intensa negociação do cereal no último trimestre de 2019 atendeu às necessidades de importadores e reduziu o interesse para novos contratos. Foram embarcadas 4,6 milhões de toneladas no Porto de Grande Rosário de 1º de dezembro de 2019 a 13 de fevereiro de 2020. Esse movimento estabilizou os preços FOB na Argentina e, assim, os agentes de mercado começam a observar a campanha 2020/2021, com negócios já reportados. Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, o preço FOB permanece estável nos últimos sete dias, a US$ 240,00 por tonelada. Nos Estados Unidos, o vencimento Março/2020 do trigo Soft Red Winter na Bolsa de Chicago registra recuo de 2,9% nos últimos sete dias, cotado a US$ 5,42 por bushel (US$ 199,43 por tonelada).

Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter apresenta queda de 1,5%, a US$ 4,65 por bushel (US$ 171,04 por tonelada). A pressão sobre os preços norte-americanos vem da desvalorização do milho. Além disso, preocupações quanto ao avanço do coronavírus, o dólar elevado no mercado internacional, que torna commodities produzidas nos Estados Unidos menos atraentes a compradores estrangeiros, e liquidações de posições compradas, após o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicar estoques mundiais de trigo acima da expectativa de agentes, também influenciam as quedas dos futuros. Em relatório divulgado no dia 11 de fevereiro, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontou que o semeio da próxima safra brasileira do cereal tem início em abril e há perspectivas de manutenção de área.

Foi reajustada a estimativa de importação para 7 milhões de toneladas e reduzida a previsão de exportações para 300 mil toneladas, devido à baixa oferta doméstica de trigo. Esse cenário modificou também o suprimento interno (12,9 milhões de toneladas) e o estoque final (850,6 mil toneladas). Em relatório publicado também no dia 11 de fevereiro, o USDA reduziu a produção mundial de trigo em grão na safra 2019/2020 para 763,9 milhões de toneladas, volume 0,1% menor em relação ao estimado no relatório de janeiro, mas 4,4% superior ao da temporada 2018/2019. As transações mundiais foram reajustadas para 183,3 milhões de toneladas, com maior demanda da China, Turquia e da Tailândia. O aumento das exportações do Cazaquistão, da União Europeia e dos Estados Unidos mais do que compensaram o menor embarque do Canadá. As reservas norte-americanas ao fim de 2019/2020 foram projetadas em 25,6 milhões de toneladas, volume 2,6% inferior ao relatório de janeiro e 13% menor em relação à temporada passada. A previsão de estoques mundiais foi mantida em 288 milhões de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.