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19/Fev/2020

Cerrado tem grande potencial para plantio de trigo

A região que produz o melhor trigo do País e um dos melhores do mundo em qualidade para panificação, o Cerrado do Brasil Central tem potencial para aumentar em vinte vezes sua área de produção. Segundo dados da Embrapa, em 2019, foram plantados 100 mil hectares com trigo sequeiro na região e há mais de 2 milhões de hectares passíveis de serem cultivados com o grão nessa região. De olho nesse potencial, pesquisadores e produtores rurais se reuniram no X Encontro Técnico da Cadeia Produtiva do Trigo para discutir as possibilidades e os desafios do plantio do trigo sequeiro e irrigado no Cerrado. O trigo melhora o desempenho da lavoura, quebra o ciclo das doenças que atacam a soja, evita o aparecimento de plantas daninhas, reduz a infestação de nematoide e deixa uma excelente palhada na propriedade. Em 2019, com 30 mil hectares de trigo de sequeiro no Distrito Federal e Entorno e uma produção média de 2.000 quilos por hectare, são 60 mil toneladas colhidas.

O Planalto Central dispõe de mais de 2 milhões de hectares onde o trigo pode ser plantado e, considerando uma produtividade de 2.000 quilos por hectare, que é uma produtividade baixa, o Cerrado poderia produzir facilmente 4 milhões de toneladas explorando essa área com trigo sequeiro. O Centro-Oeste consome cerca de 1,5 milhão de toneladas de trigo, o que é facilmente atingível. Outro ponto importante é a qualidade do grão produzido na região, que se destaca mesmo quando comparado com o trigo do Canadá e dos Estados Unidos, países com produção de excelente qualidade industrial. Quando o produtor vai comercializar a BRS 264, uma das cultivares desenvolvidas pela Embrapa, qualquer moinho compra sua produção sem questioná-lo. Hoje, essa cultivar é plantada em cerca de 80% da área cultivada com trigo no Cerrado. Atualmente, o Cerrado do Brasil Central produz um dos melhores trigos do mundo em termos de qualidade industrial para panificação.

Os moinhos têm atestado isso a partir da qualidade da farinha produzida com o trigo da região, tanto nas áreas irrigadas quanto nas de sequeiro. A qualidade para panificação é medida em relação à estabilidade do grão – enquanto os moinhos exigem no mínimo 14 minutos de estabilidade, o trigo do PAD-DF tem mais de 30 minutos de estabilidade, mais que o dobro do tempo exigido –, e quanto à força de glúten. Os moinhos exigem força de glúten (W) entre 200 a 250. Na região, o grão chega a ter 500 de W. As cultivares de trigo desenvolvidas pela Embrapa para o Cerrado são: BRS 254, 264, 404 e 394. A brusone é a principal doença que atinge o trigo no Centro-Oeste e que impede a maior expansão da cultura na região. Ela é de difícil controle e não existem produtos específicos para combatê-la. É preciso trabalhar com épocas de plantio e manejo para que o espigamento do trigo fuja dos períodos mais favoráveis à doença. A Embrapa lançará variedade de trigo para 2021, também destinada ao Cerrado brasileiro para sistemas irrigados, com alta produtividade, qualidade para panificação e maior tolerância à brusone.

Outra vantagem da produção de trigo no Cerrado é o preço pago pelo cereal produzido na região. A região é a primeira a colher trigo no Brasil. Começa a colheita em agosto, um período seco sem chuvas na colheita, quando os moinhos têm pouco ou nenhum estoque, enquanto o Sul colhe a maior parte da safra entre outubro e dezembro. Por isso o produtor consegue preços maiores por sua produção e facilidade na comercialização. Outros benefícios para a produção do Cerrado é a proximidade dos principais centros consumidores, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, o que deixa o produto mais barato do que o trigo do Sul do País e da Argentina, devido ao frete. O maior preço pago também se aplica ao trigo de sequeiro. Esse trigo é semeado no mês de março e a colheita ocorre em junho ou julho, quando já não chove mais. Isso faz a qualidade do grão ser muito boa porque a seca favorece o seu PH e impede a contaminação por micotoxinas, problema que é enfrentado por outras regiões produtoras. Fonte: Embrapa. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.