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14/Jan/2020

Tendência de preços sustentados para trigo grãos

Os preços do trigo em grão iniciam 2020 enfraquecidos no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina, pressionados pela retração de compradores. Os agentes de moinhos dessas regiões se mostram abastecidos e sem interesse em aquisições no curto prazo. Vale lembrar, no entanto, que a disponibilidade de trigo de PH 78 ou acima, especialmente no Rio Grande do Sul, é baixa e as importações estão encarecidas pelo dólar elevado.

No Paraná e em São Paulo, os valores do trigo estão em alta, influenciados pela maior presença de compradores, que adquirem lotes para manutenção de estoques. Nos primeiros dez dias de janeiro, os preços do trigo no mercado de lotes (negociações entre empresas) do Rio Grande do Sul registram queda de 2,2% e em Santa Catarina, de 2,5%. Em São Paulo, os preços apresentam alta de 2,8% e no Paraná, a alta é de 0,2%. No mercado de balcão (valor pago ao produtor), as cotações se mantêm estáveis no Rio Grande do Sul e registram leve avanço de 0,4% no Paraná.

Nos Estados Unidos, os futuros estão em alta, impulsionados pelo menor estoque norte-americano e pela redução nas tensões no Oriente Médio. Nos primeiros dez dias de janeiro, o vencimento Março/2020 do trigo Soft Red Winter na Bolsa de Chicago registra avanço 1%, a US$ 5,64 por bushel (US$ 207,42 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter acumula valorização de 1,8%, a US$ 4,94 por bushel (US$ 181,79 por tonelada). Na Argentina, entre 30 de dezembro e 10 de janeiro, o preço FOB do Ministério da Agroindústria registra alta de 1,4%, a US$ 211,00 por tonelada. A maior demanda pelo cereal argentino segue sustentando as cotações.

Segundo a Bolsa de Cereais de Rosário, nos oito primeiros dias de janeiro, foram embarcados 2,1 milhões de toneladas do cereal. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, em relatório divulgado no dia 9 de janeiro, a colheita do trigo na Argentina está na reta final, atingindo 95,5% da área semeada, avanço semanal de 3,4%. Os maiores rendimentos no sudeste de Buenos Aires estão acima da expectativa inicial e, assim, a estimativa de produção subiu para 18,8 milhões de toneladas. Quanto à qualidade, até o dia 8 de janeiro, 50% das lavoras estavam em condições normais, 46%, em regular e, 4%, ruim. Quanto às condições hídricas adequadas, passaram para 69%.

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), as importações brasileiras de trigo em grão somaram 650,2 mil toneladas em dezembro, volume 45,8% superior ao de novembro/2019, mas 0,3% abaixo do volume de dezembro/2018. Desse total, 90,7% tiveram como origem a Argentina, 6,6%, os Estados Unidos e 2,7%, o Paraguai. O preço médio do trigo importado foi de R$ 797,29 por tonelada FOB, considerando-se o dólar a R$ 4,11 em dezembro. As exportações de trigo em grão, por sua vez, totalizaram 52 mil toneladas em dezembro, após terem sido praticamente nulas em novembro. O principal destino foi o Vietnã.

Relatório divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento no dia 8 de janeiro indica que a produção nacional de trigo foi finalizada em 5,1 milhões de toneladas, 5% menor que a da temporada anterior. O clima desfavorável foi o fator determinante para a redução na produção. No Paraná, maior Estado produtor, a produtividade e a produção foram 19,4% e 24,9% menores, respectivamente, em relação à safra anterior, totalizando 2,1 milhões de toneladas na atual temporada. Por outro lado, no Rio Grande do Sul, segundo maior produtor, a produtividade e a produção cresceram 9,2% e 17,9%, na mesma ordem.

A produção somada à estimativa de importação de 6,8 milhões de toneladas e ao estoque inicial de 802 mil toneladas resultam em estimativa de estoque de passagem (em julho/2020) de 550,6 mil toneladas, o menor dos últimos 8 anos. O consumo doméstico foi mantido em 11,8 milhões de toneladas e as exportações, em 400 mil toneladas. Para este ano são esperadas, para as culturas de inverno, 6,6 milhões de toneladas, com 79% deste volume correspondendo ao trigo, ou seja, crescimento anual de 1,2% na produção. A área, a princípio, está mantida em 2,04 mil hectares.

Em relatório publicado no dia 10 de janeiro, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) reduziu levemente (0,1%) a produção mundial de trigo em grão na safra 2019/2020 em relação ao relatório de dezembro, a 764,4 milhões de toneladas. A menor colheita na Rússia e Austrália compensaram o maior volume na União Europeia. As transações mundiais foram reajustadas para 181,7 milhões de toneladas, com uma maior demanda da Turquia. O aumento das exportações da União Europeia mais do que compensaram o menor embarque da Rússia. As reservas norte-americanas ao fim de 2019/2020 foram projetadas em 26,3 milhões de toneladas, volume 0,9% inferior ao relatório de dezembro. A previsão de estoques mundiais foi reduzida em 0,5%, para 288 milhões de toneladas. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.