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08/Jan/2020

Tensão no Oriente Médio pode afetar trigo dos EUA

A crescente tensão no Oriente Médio ameaçam dificultar ainda mais o mercado de exportação dos produtores de trigo dos Estados Unidos. Temores de retaliação do Irã após o ataque aéreo norte-americano que matou o general iraniano Qassem Soleimani, em Bagdá, despertaram a preocupação de que os produtores dos Estados Unidos possam perder acesso aos mercados do Oriente Médio, destino importante para exportações de grãos norte-americanos. Sem demanda contínua do Oriente Médio, os agricultores, que já enfrentaram dificuldades por causa da recente guerra comercial entre Estados Unidos e China e do clima difícil no ano passado, podem enfrentar novos obstáculos em 2020. Os futuros de trigo negociados na bolsa de Chicago já tiveram impacto desde o ataque aéreo, caindo 2,2% para cerca de US$ 5,50 por bushel nos últimos dois pregões. Antes do declínio, o trigo estava em alta, atingindo o maior nível desde o verão de 2019, a US$ 5,60 por bushel na semana passada.

Esse nível de preço refletia o otimismo de que a assinatura de um acordo comercial preliminar neste mês destravaria a demanda da China. O conflito também influenciou o Índice Jefferies Shipping, que acompanha o desempenho das companhias de navegação. O aumento da semana passada foi de 2,4%, com base na previsão de que o ataque levaria a um "pagamento de risco" para navios de carga que operam na área. Colocar um navio-tanque ou um cargueiro na região será mais arriscado, pois não se sabe como o Irã reagirá. Os países do Oriente Médio devem importar 17,3 milhões de toneladas de trigo no ano comercial de 2019/2020, de acordo com o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o que os tornará alguns dos maiores importadores da commodity fora do Sudeste da Ásia e do norte da África. Em contrapartida, os Estados Unidos reivindicam apenas uma pequena parcela das exportações para a região.

O Oriente Médio importou apenas 1,6 milhão de toneladas dos Estados Unidos em 2018, conforme dados da Comissão de Comércio Internacional dos Estados Unidos, o último ano de dados completos atualmente disponíveis. Desses países, o Iraque e o Iêmen estão entre os maiores importadores de trigo dos Estados unidos. Nesta semana, o Iraque, que importou cerca de 470 mil toneladas de trigo norte-americano até outubro de 2019, votou pela expulsão das tropas norte-americanas do país em reação ao ataque aéreo que matou Soleimani em Bagdá. A votação estimulou ameaças de sanções do presidente Donald Trump. A expectativa dos comerciantes de grãos dos Estados Unidos é a de que eventos climáticos, como os incêndios na Austrália, aumentem a demanda por trigo e outras produções agrícolas dos Estados Unidos. Além disso, os traders mantiveram a esperança de um enfraquecimento do dólar norte-americano em 2020 possa estimular ainda mais o interesse pelas commodities dos Estado Unidos. O trigo é um mercado mundial e seria o maior beneficiário.

Mas, em vez disso, as notícias do ataque aéreo impulsionaram os investidores em direção a ativos-refúgio, incluindo dólar e ouro. A incerteza prolongada em torno de um aumento das hostilidades na área pode fazer com que o dólar se fortaleça e, assim, atenue ainda mais a demanda de trigo. Os agricultores dos Estados Unidos têm lutado para passar por uma estação de crescimento difícil, especialmente no Cinturão do Milho. O tempo chuvoso recorde, combinado com a demanda restrita de exportação durante a guerra comercial, levou a falências agrícolas em 2019. Mas, apesar da situação incerta no Oriente Médio, alguns comerciantes de grãos afirmam que ainda é cedo para julgar o efeito no trigo norte-americano e nos outros grãos. O mercado precisa precificar com alguma preocupação, mas não há certeza de que isso impactará o mercado ainda. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.