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06/Jan/2020

Tendência de preços firmes para o trigo em grãos

A tendência é de preços sustentados para o trigo em grãos nestes primeiros meses de 2020, com a menor oferta interna, resultante da quebra da safra 2019 no Brasil, dólar em patamares elevados que eleva o custo de importação. As cotações domésticas de trigo em grão iniciaram 2019 em alta, mesmo em um cenário de maior oferta na safra 2019 no Brasil e, também, na Argentina. O que chamou a atenção naquele período foi o intenso ritmo das importações, que se mantiveram acima de 600 mil toneladas a cada mês, contexto verificado mesmo com o dólar em patamar elevado. De abril até o final do primeiro semestre, os valores do trigo caíram no mercado brasileiro, refletindo a baixa liquidez interna. Ainda assim, as importações do grão se mantiveram firmes naqueles meses. No balanço da safra 2018/2019 (agosto/2018 a julho/2019), o volume importado somou 6,75 milhões de toneladas, avanço de 5,7% sobre a temporada anterior (agosto/2017 a julho/2018).

As exportações também registraram bom desempenho, ficando praticamente três vezes maiores que na temporada 2017/2018. Apesar do enfraquecimento verificado de abril a junho, as médias de preços no primeiro semestre de 2019 foram as maiores, em termos nominais, desde 2004. Esse cenário confirmou as expectativas do setor no início de 2019, de que o mercado de trigo se fundamentaria mais em fatores de sustentação do que de pressão. No segundo semestre, as cotações do cereal estiveram firmes, sustentadas pelo clima desfavorável, que prejudicou boa parte das lavouras do Paraná e Rio Grande do Sul. A postura retraída de compradores, que se mostravam abastecidos, e a venda fraca de farinhas, no entanto, limitaram movimentos de alta no período. Em outubro, especificamente, os valores caíram com certa força, o que esteve atrelado ao avanço da colheita e à necessidade de venda por parte de produtores, que precisavam pagar dívidas de custeio. Esse cenário reduziu o ritmo das importações no período.

Na média do ano, as cotações domésticas estiveram acima das verificadas em 2018, em termos nominais. Os preços do trigo no mercado de lotes (negociação entre empresas) subiram 2,6% no Rio Grande do Sul, 2,4% no Paraná e 9% em Santa Catarina. Já em São Paulo, houve ligeiro recuo de 1,1%. Para a colheita de 2019, a estimativa inicial indicava produção superior à de 2018, totalizando 5,63 milhões de toneladas. Entretanto, devido aos problemas climáticos, a produção acabou sendo reajustada em 5,2 milhões de toneladas em dezembro/2019, redução de 3,9% em relação à safra anterior. No Paraná, maior estado produtor, houve queda de 17,1% na produtividade e de 22,7%, na produção, totalizando 2,2 milhões de toneladas na atual temporada. No Rio Grande do Sul, por outro lado, houve incremento de 9,2% na produtividade e 17,9%, na produção, totalizando, também, 2,2 milhões de toneladas. A maior oferta no estado gaúcho, inclusive, resultou em queda de preços mais acentuadas em relação a outras regiões. Vale lembrar que o Rio Grande do Sul também registrou problemas climáticos, mas conseguiu recuperar parte da oferta.

Os preços nas bolsas norte-americanas encerraram o ano em direções opostas. No acumulado de 2019, o primeiro vencimento do trigo Soft Red Winter negociado na CME Group avançou 10,5%, ao passo que, na Bolsa de Kansas, os futuros do trigo Hard Winter recuaram 1,8%. O movimento baixista veio da menor demanda do grão norte-americano no primeiro semestre e da maior oferta de trigo da América do Sul. Já os fatores de sustentação vieram do clima desfavorável às lavouras de primavera e da expectativa de menor área de semeio. Na Argentina, os valores foram pressionados pela baixa demanda externa e pela maior necessidade de venda. O Brasil abriu cota de 750 mil toneladas de importação de trigo livre de tarifas, o que preocupa os triticultores argentinos – este volume representou 6% do consumo do País em 2018. Os preços FOB no porto de Buenos Aires recuaram 12,4% no ano. Fonte: Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.