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17/Dez/2019

Tendência de baixa liquidez no mercado nacional

A colheita em estágio final vem confirmando a menor produção nacional de trigo. Diante disso, os produtores estão firmes em seus preços, sem grande interesse em negociar, na expectativa de novas valorizações, fundamentados no elevado patamar do dólar, que encarece as importações. Os compradores, por sua vez, se mostram abastecidos com o grão importado de períodos anteriores. Ressalta-se, ainda, que boa parte dos moinhos deve paralisar a moagem na próxima semana, para manutenção. Nesse cenário, a liquidez segue baixa. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (valor pago ao produtor), as cotações do grão registram alta de 0,6% no Paraná e de 1% no Rio Grande do Sul. No mercado de lotes (negociações entre empresas), os valores apresentam avanço de 1,1% em São Paulo e de 0,5% em Santa Catarina. No Paraná, as cotações se mantêm estáveis. No Rio Grande do Sul, por outro lado, os preços registram recuo de 0,7% no período.

Relatório divulgado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no dia 10 de dezembro indica que a produção nacional de trigo deve somar 5,2 milhões de toneladas, 3,9% menor que a da temporada anterior. O clima desfavorável durante o desenvolvimento das lavouras prejudicou a produção, especialmente no Paraná. Neste Estado, a produtividade caiu 17,1% e a produção, 22,7%, totalizando 2,2 milhões de toneladas na atual temporada. Para o Rio Grande do Sul, por outro lado, a área semeada aumentou 8%, a produtividade cresceu 9,2% e a produção, 17,9%, totalizando, também, 2,2 milhões de toneladas. Apesar de o Rio Grande do Sul também ter registrado problemas climáticos, houve recuperação da oferta frente a 2018, ano marcado por intempéries. O suprimento interno (estoque inicial + produção + importação) deve totalizar 12,8 milhões de toneladas.

O consumo doméstico foi reduzido para 11,8 milhões de toneladas e as exportações, mantidas em 400 mil toneladas, com estoques finais (em julho/20) estimados em 612,7 mil toneladas. Segundo o relatório do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgado no dia 10 de dezembro, a produção mundial de trigo em grão permanece praticamente inalterada frente ao relatório de novembro, a 765,4 milhões de toneladas na safra 2019/20. As maiores produções na China e na Rússia compensaram as reduções na Austrália, Argentina e Canadá. As transações mundiais foram levemente reajustadas para 180,4 milhões de toneladas. O aumento da demanda pelo trigo da Turquia, Síria, União Europeia, Rússia e Estados Unidos equilibrou os embarques menores projetados para a Argentina e Austrália. As reservas norte-americanas ao fim de 2019/2020 foram projetadas em 26,5 milhões de toneladas, volume 3,9% inferior ao relatório de novembro.

A previsão de estoques mundiais, por outro lado, foi elevada para 289,5 milhões de toneladas (+0,4%). Nos Estados Unidos, os futuros foram impulsionados pela expectativa de que a "Fase 1" do acordo comercial entre os Estados Unidos e a China resulte em maior demanda do país asiático pelo trigo norte-americano. O enfraquecimento do dólar frente às principais moedas, o significativo volume embarcado do cereal dos Estados Unidos e a redução no estoque final do país na safra 2019/2020 também sustentaram as cotações. Nos últimos sete dias, o primeiro vencimento (dezembro/2019) do trigo Soft Red Winter na Bolsa de Chicago registra avanço de 1,3%, cotado a US$ 5,39 por bushel (US$ 198,14 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter apresenta elevação de 3%, a US$ 4,27 por bushel (US$ 157,08 por tonelada). Na Argentina, segundo o Ministério da Agroindústria, o preço FOB registra valorização de 0,5%, a US$ 201,00 por tonelada.

O impulso vem do avanço da colheita e do fluxo recorde de caminhões que chegam aos portos de Gran Rosario (45% acima do ano anterior). Em novembro, 821,4 mil toneladas de trigo argentino foram embarcadas. Entre dezembro de 2018 e novembro de 2019, cerca de 11,4 milhões de toneladas foram exportadas, um pouco abaixo do fechamento da campanha de 2017/2018, 10% inferior ao da campanha de 2016/2017, mas 45% acima da média dos últimos cinco anos. Segundo a Bolsa de Rosário, o ritmo dos embarques segue intenso em dezembro. O Brasil segue como principal destino do trigo argentino na safra 2018/19, recebendo cerca de metade das exportações do país vizinho.

Em relatório divulgado no dia 12 de dezembro, a Bolsa de Cereais de Buenos Aires apontou que a colheita atingiu 61,3% da área semeada, avanço semanal de 15,3% e adiantamento anual de 3,9%. A escassez de chuvas durante a semana permitiu o avanço nos trabalhos de campo nas regiões sul da área agrícola. Até o momento, o rendimento médio das lavouras está em 2,8 toneladas por hectare, cenário que mantém a estimativa de produção em 18,5 milhões de toneladas. Quanto à qualidade, até o dia 11 de dezembro, 30,7% das lavoras estavam entre normal e excelente, piora de 4,6% em relação à semana anterior. Quanto às condições hídricas adequadas, passaram para 51,2%, piora de 7,1% no mesmo período. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.