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03/Dez/2019

Tendência de alta para o trigo de melhor qualidade

A baixa disponibilidade de grão de qualidade, a desvalorização do Real frente ao dólar e preocupações quanto à safra e à comercialização do trigo argentino impulsionaram as cotações brasileiras do cereal em novembro. A postura retraída de compradores, que se mostram abastecidos, no entanto, limitou o movimento de alta. No acumulado de novembro, os preços no Paraná e no Rio Grande do Sul subiram 5% e 6,5%, respectivamente. Quando comparadas as médias mensais, nota-se alta de 2% no Paraná, com o trigo a R$ 849,40 por tonelada em novembro. No Rio Grande do Sul, a média de novembro foi 4,9% inferior à de outubro, a R$ 709,98 por tonelada. Nos últimos sete dias, especificamente, os preços do trigo no mercado de lotes (negociações entre empresas) registram alta de 0,7% no Rio Grande do Sul, 0,4% no Paraná, 1,1% em São Paulo e 3,6% em Santa Catarina.

No mercado de balcão (pago ao produtor), os valores apresentam avanço de 2,29% no Rio Grande do Sul, 0,8% no Paraná e 1,1% em Santa Catarina. O dólar alto tem deixado os compradores domésticos retraídos também para a importação. Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o dia 22 de novembro, a paridade de importação com origem na Argentina estava em US$ 245,17 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se a média da moeda norte-americana até a data, o cereal importado era negociado a R$ 1.013,35 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, estava cotado a R$ 842,54 por tonelada no mesmo período. Para o Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 238,02 por tonelada em novembro (até o dia 22), o equivalente a R$ 983,80 por tonelada em moeda nacional. Já o trigo brasileiro era negociado a R$ 702,15 por tonelada no Rio Grande do Sul.

No campo, o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab) indica que a colheita no Paraná foi encerrada, com produção média de 2.186 quilos por hectare. Até o dia 20 de novembro, 68,7% da safra do Estado havia sido negociada. No Rio Grande do Sul, a Emater-RS indicou, em relatório divulgado no dia 28 de novembro, que a colheita está na reta final, com apenas 2% da área para ser colhida. Na região de Santa Rosa, a produtividade média foi de 2.974 quilos por hectare. Nas regiões de Soledade e Ijuí, a área colhida e a produtividade diminuíram frente ao estimado inicialmente. A maior parte do trigo obteve PH entre 74 e 78. Em Santa Maria, faltando 1% da área da região a ser colhida, o PH do cereal está entre 64 e 72. Na região de Erechim, cerca de 20% do cereal é de baixa qualidade, com PH entre 70 e 72. Na região de Caxias do Sul, algumas áreas registraram PH excelente (acima de 78) e outras, ruins.

Em Santa Catarina, a qualidade do trigo, em geral, tem sido boa. Entretanto, em algumas regiões, a seca no início do desenvolvimento das lavouras e as chuvas no final prejudicaram o desenvolvimento e, consequentemente, a qualidade, fator que tem sustentado os preços no Estado. Nos Estados Unidos, os futuros estão em forte alta. O impulso vem de um maior volume de vendas externas do produto norte-americano e de chuvas desfavoráveis na França, que está atrasando o semeio. Nos últimos sete dias, o primeiro vencimento (dezembro/2019) do trigo Soft Red Winter na Bolsa de Chicago registra avanço significativo de 6,3%, cotado a US$ 5,47 por bushel (US$ 201,17 por tonelada), o maior valor desde 17 de agosto de 2018, em termos nominais. Na Bolsa de Kansas, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter apresenta aumento de 3,5%, a US$ 4,38 por bushel (US$ 161,21 por tonelada).

Quanto às lavouras de inverno nos Estados Unidos, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) aponta que o semeio foi encerrado e, até o dia 24 de novembro, 52% estavam em condições boas a excelentes, 34%, médias e 14%, ruins e muito ruins. Da área semeada, 87% havia emergido até a data. Segundo Ministério da Agroindústria da Argentina, os preços FOB se mantêm estáveis nos últimos sete dias, a US$ 197,00 por tonelada. Problemas climáticos em importantes países produtores de trigo elevaram a demanda global pelo cereal argentino, contexto que tem sustentado as cotações. Segundo a Bolsa de Rosário, 80% do cereal para exportação já foi comprometido. Nos últimos sete dias, 850 mil toneladas foram negociadas, volume 67% maior em relação ao da semana anterior. Para dezembro, 410 mil toneladas de trigo argentino já estão programadas, mais que o triplo se comparado ao mesmo período de 2018.

O Brasil continua como o principal destino, representando 58% do total exportado pela Argentina. O Chile aparece em segundo lugar. Outro país que se destaca é a Indonésia, com quase 9%, sendo o único país do Sudeste Asiático registrado entre os destinos. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, em relatório divulgado no dia 28 de novembro, 31,1% da área semeada havia sido colhida até a data, avanços de 10,9% na semana, mas atraso de 0,9% frente ao mesmo período do ano anterior. Os maiores progressos semanais se concentraram no núcleo norte e no centro-oeste de Santa Fé. A estimativa de produção se mantém em 18,5 milhões de toneladas. Quanto à qualidade, até o dia 27 de novembro, 36,9% das lavoras estavam entre normal e excelente, piora de 3,1% em relação à semana anterior. Quanto às condições hídricas adequadas, passaram para 66,8%, aumento de 0,5% no mesmo período. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.