25/Nov/2019
A comercialização interna de trigo está em maior ritmo nos últimos sete dias. Operadores relatam que, apesar das negociações ainda serem restritas a determinadas regiões moageiras, os volumes são um pouco mais expressivos que os observados nas semanas anteriores. A aceleração do mercado nacional é atribuída à perspectiva de quebra na oferta doméstica. No Paraná, de acordo com dados divulgados na quinta-feira (21/11) pelo Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a colheita do trigo na safra 2018/2019 alcançou 98% da área total, com 69% já comercializado. A redução de cerca de 40% da produção do Estado já era realidade, mas os agentes ainda esperavam para avaliar a colheita no Rio Grande do Sul tanto em volume como em qualidade. Segundo a Emater-RS, a safra do Rio Grande do Sul deve totalizar 2,24 milhões de toneladas, com 91% da área plantada já retirada do campo. Nos últimos dias, contudo, os dados apontaram para uma piora na qualidade do cereal cultivado no Estado, com chuvas intensas e consecutivas durante o mês de outubro e a primeira quinzena de novembro.
A chuva teve reflexo na qualidade, mas imaginava-se que seria impacto maior. Apesar de algumas perdas pontuais por conta do clima, os produtores do Rio Grande do Sul colheram uma das maiores safras de inverno da história. A perda de qualidade nas lavouras do Rio Grande do Sul tem levado os moinhos a buscar cereal com características superiores no Paraná, na região dos Campo Gerais. O mercado desta região está muito aquecido pela qualidade ofertada, como houve quebra na produção das regiões norte e oeste do Estado e piora na safra gaúcha, a demanda evoluiu pelo cereal dos Campos Gerais. Os preços mais firmes estão atraindo os produtores para negociação. Lotes para entrega em janeiro e pagamento em fevereiro são negociados a R$ 900,00 por tonelada, cereal tipo pão, para entrega em moinho de Ponta Grossa (PR) e a R$ 900,00 por tonelada FOB, para retirada imediata em Campos Gerais. A demanda no spot é pontual porque as indústrias já estão abastecidas e vão entrar em recesso coletivo em breve.
Os produtores do Paraná enfrentam concorrência acirrada do trigo do Rio Grande do Sul, que chega cerca de R$ 100,00 por tonelada a menos em moinho de Ponta Grossa (PR). Mas, mesmo assim, as vendas seguem em ritmo forte porque a qualidade dos cereais de outras origens não corresponde às necessidades. A preferência é por fechar os contratos até meados de janeiro. No Rio Grande do Sul, há registro de negócios a R$ 800,00 por tonelada para cereal tipo pão e a R$ 900,00 por tonelada para cereal tipo branqueador. A tendência é que o preço continue firme, devido à quebra na safra. Outro fator que contribui para destravar a comercialização é a valorização do dólar ante o Real, que aproxima a paridade entre o cereal nacional e importado, especialmente o argentino. Os moinhos anteciparam a reposição de trigo importado de janeiro para dezembro, porque esperam uma entressafra longa. No Porto de Paranaguá (PR), o cereal argentino chega em torno de US$ 220,00 por tonelada. A previsão dos traders é que de 8 a 10 navios argentinos atraquem em portos brasileiros ainda em dezembro. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.