05/Nov/2019
Fortes chuvas no Rio Grande do Sul têm deixado os agentes atentos às condições das lavouras, que podem registrar perdas. Por enquanto, os produtores aguardam para avaliar possíveis estragos, mas esse cenário já tem sustentado os preços do cereal no Estado e limitado as quedas nos valores do trigo no Paraná. Nos últimos sete dias, no mercado de balcão (pago ao produtor), os valores registram queda de 0,06% no Rio Grande do Sul e de 0,2% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), há alta de 2,7% no Rio Grande do Sul e de 0,5% em São Paulo. No Paraná e em Santa Catarina, os preços apresentam recuo de 0,1% e 0,4%, respectivamente. Quando comparadas as médias estaduais mensais de setembro e outubro, no entanto, as quedas nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Santa Catarina foram intensas, sendo, na mesma ordem, de 12,3%, de 3,4%, de 1,7% e de 0,6%.
Segundo a Emater-RS, no Rio Grande do Sul, a colheita atingiu, até o dia 31 de outubro, 50% da área semeada, avanço de 34% frente à semana anterior. Em relação às áreas a serem colhidas, 45% das lavouras estão em fase de maturação e 5%, em enchimento de grãos. A região de Ijuí apresenta disparidade na produtividade entre as lavouras, devido à tecnologia utilizada e a danos causados pelo clima e por doenças. Na região de Santa Maria, os produtores estão preocupados com o excesso de chuva, que pode resultar em perda de qualidade do cereal a ser colhido. As últimas áreas colhidas registraram PH entre 74 e 76. Na região de Erechim, a qualidade do produto que já foi colhido é muito boa, mas há preocupação com as previsões de novas chuvas, tendo em vista que existe um percentual grande de lavouras prontas para a colheita. Nas demais regiões do Estado, os trabalhos de campo seguem em ritmo normal e o cereal colhido indica boa qualidade.
Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), até o dia 28 de outubro, a colheita no Paraná havia atingido 87% da área, avanço semanal de 5%. Quanto ao desenvolvimento das lavouras, 78% apresentam condições boas, 20%, médias e 2%, ruins. Destas, 76% estão em fase de maturação e 35%, em frutificação. Nos Estados Unidos, os futuros operaram em queda na maior parte da semana passada. A pressão vem da forte concorrência no mercado de exportação e das boas condições das lavouras de inverno naquele país. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam que 85% das lavouras de inverno haviam sido semeadas até o dia 27 de outubro, sendo que, desse total, 56% estavam em condições boas a excelentes, 31%, médias e 13%, ruins e muito ruins. Da área semeada, 63% havia emergido até a data.
As perdas, no entanto, foram limitadas pelo recuo do dólar, fator que torna commodities norte-americanas mais atraentes, e por especulações quanto ao novo governo da Argentina, que pode elevar tarifas de exportação de grãos produzidos no país. Nos últimos sete dias, o primeiro vencimento (dezembro/2019) do trigo Soft Red Winter na Bolsa de Chicago registra recuo de 0,3%, cotado a US$ 5,16 por bushel (US$ 189,60 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, por outro lado, o mesmo vencimento do trigo Hard Red Winter apresenta valorização de 0,8%, a US$ 4,26 por bushel (US$ 156,53 por tonelada). Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os preços FOB registram recuo expressivo de 12,3% nos últimos sete dias, a US$ 200,00 por tonelada. Segundo a Bolsa de Rosário, a pressão vem, principalmente, do resultado eleitoral no país, fator que deixou os agentes cautelosos para novos negócios.
Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, em relatório divulgado no dia 31 de outubro, há reajuste negativo na projeção de produção da safra de trigo argentino para 18,8 milhões de toneladas. Essa queda teve como fundamento a estiagem na região oriental do país. As lavouras que ainda não foram colhidas tiveram a expectativa de produtividade reduzida. As precipitações ocorridas em outubro apenas suavizaram o estresse das lavouras na região oriental, que sofreram com geadas e granizo. Ao mesmo tempo, as lavouras localizadas na região oeste passaram por déficit hídrico e baixas temperaturas. Até o momento, 3,5% da área semeada foi colhida no país. Até o dia 30 de outubro, 57,7% das lavoras estavam entre normal e excelente, piora de 8,8% em relação à semana anterior. Quanto às condições hídricas adequadas, passaram para 74,4%, melhora de 1,4% no mesmo período. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.