29/Out/2019
A desvalorização do dólar frente ao Real está aumentando o interesse de compradores brasileiros na importação de trigo. Vale lembrar que esse cenário é o oposto do verificado em semanas anteriores, quando moinhos relatavam que o elevado patamar da moeda norte-americana não estava compensando trazer o cereal de fora do País. Entre os dias 18 e 25 de outubro, o dólar se desvalorizou 2,6%, a R$ 4,00 no dia 25 de outubro, diminuindo a diferença entre os preços do trigo importado e o nacional. Ainda assim, o cereal externo se mantém negociado acima do doméstico. Tomando-se como base dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até a primeira quinzena de outubro, a paridade de importação com origem na Argentina estava em US$ 244,78 por tonelada para o produto posto no Paraná. Considerando-se o dólar na primeira metade do mês, o cereal importado era negociado a R$ 1.006,29 por tonelada, ao passo que o trigo brasileiro, no Paraná, estava cotado a R$ 833,41 por tonelada.
De 21 a 25 de outubro, a desvalorização do dólar fez com que o importado fosse negociado em torno de R$ 993,00 por tonelada, enquanto a média no Paraná esteve em R$ 831,62 por tonelada no período. Para o Rio Grande do Sul, a paridade do produto argentino seria de US$ 237,54 por tonelada na primeira quinzena deste mês, equivalente a R$ 976,53 por tonelada em moeda nacional. Na semana passada, contudo, o trigo importado teve média de R$ 963,65 por tonelada, e o produto do Rio Grande do Sul esteve cotado a R$ 705,03 por tonelada. No Brasil, o avanço da colheita e a necessidade de venda do produtor para pagamentos de dívidas de custeio seguem pressionando as cotações em muitas regiões. Nos últimos sete dias, os valores no mercado de balcão (valor pago ao produtor) registram recuo de 0,22% no Rio Grande do Sul, mas alta de 0,4% no Paraná. No mercado de lotes (negociações entre empresas), há estabilidade no Rio Grande do Sul, mas quedas de 0,6% no Paraná, de 0,4% em São Paulo e de 0,2% em Santa Catarina.
No Rio Grande do Sul, dados da Emater-RS apontam que a colheita teve avanço semanal de 9%, totalizando 16% da área semeada até o dia 24 de outubro. Em relação às áreas a serem colhidas, 58% das lavouras estão em fase de maturação, 25%, em enchimento de grãos e 1% está em floração. Na região de Ijuí, o cereal segue apresentando umidade um pouco acima do adequado, necessitando de secagem dentro dos armazéns. A incidência de giberela continua, especialmente nas espiguetas. Na região de Soledade, a colheita do trigo foi suspensa, devido ao excesso de chuvas. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral/Seab), a colheita havia atingido 82% da área do Paraná até o dia 22 de outubro, avanço semanal de 3%. Quanto ao desenvolvimento das lavouras, 78% apresentam condições boas, 20%, médias e 2%, ruins. Destas, 64% estão em fase de maturação, 35%, em frutificação e 1% está em floração. No Estado, 44,4% do trigo da safra 2018/2019 já foi comercializado. A produção está estimada para ser 22% inferior à da temporada passada, devido à queda de 13% na produtividade.
Nos Estados Unidos, as cotações futuras do trigo Soft Red Winter na Bolsa de Chicago, considerando-se o primeiro vencimento (dezembro/2019), apresentam queda de 2,7%, a US$ 5,17 por bushel (US$ 190,24 por tonelada). Na Bolsa de Kansas, o trigo Hard Red Winter registra desvalorização de 2,5%, a US$ 4,22 por bushel (US$ 155,33 por tonelada). Os futuros são pressionados pelo avanço no semeio nos Estados Unidos, que está adiantado em relação aos últimos anos, e pelo fraco ritmo de embarque do cereal norte-americano. Dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontam que a colheita do cereal de primavera havia alcançado 96% da área total até o dia 20 de outubro, avanço de 2% em relação à semana anterior. Quantos às lavouras de inverno, 77% da área havia sido semeada até a data, contra 75% na média dos últimos cinco anos, sendo que 53% emergiram.
Segundo o Ministério da Agroindústria da Argentina, os preços FOB registram recuo de 0,9%, a US$ 228,00 por tonelada. Esse recuo pode ser explicado pela leve melhora na qualidade das lavouras. Segundo a Bolsa de Cereais de Buenos Aires, os trabalhos de campo foram retomados na região norte do país, apresentando rendimento acima das médias históricas. Em paralelo, as chuvas nos dias anteriores tranquilizaram a situação hídrica no centro-leste e focos de giberela foram relatados em setores da região de Entre Rios. Ao mesmo tempo, a escassez de chuvas na região centro-oeste, assim como o aumento da temperatura, comprometeu ainda mais as condições de colheita. No sul do país, a alternância de temperaturas quentes e frias durante o desenvolvimento pode prejudicar o rendimento das lavouras, especialmente em grandes setores de La Pampa e do oeste de Buenos Aires. Apesar disso, em geral, as condições das lavouras melhoraram. Até o dia 23 de outubro, 66,5% das lavoras estavam entre normal e excelente, melhora de 1,1% em relação à semana anterior. Quanto às condições hídricas adequadas, passaram de 67,8% para 73%, no mesmo comparativo. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.