28/Out/2019
O mercado interno de trigo recuou ainda mais na última semana. Tanto produtores quanto moinhos aguardam o fim da colheita a fim de verificar o real tamanho da safra e, assim, definir o preço da proposta. No Paraná, a colheita está praticamente finalizada, com apenas 18% do cereal plantado a ser retirado do campo. Segundo o Departamento de Economia Rural (Deral), 44% da safra do Estado já foi comercializada. Apesar da proximidade do fim da colheita, a estabilidade dos preços não anima os produtores a efetivar novos negócios no spot. Há registro de negócios pontuais a R$ 860,00 por tonelada FOB na região norte do Estado. No Rio Grande do Sul, as condições desfavoráveis de tempo vêm limitando os trabalhos de campo. A Emater-RS estima que 16% da área plantada foi colhida, ante 27% em igual período de um ano antes.
O atraso da colheita se reflete no baixo ritmo de comercialização. Os agentes estão apreensivos com a ocorrência de chuvas neste período de maturação do cereal, conhecido como estágio crítico para desenvolvimento. O produtor quer primeiro garantir que terá o cereal no armazém e depois realizar a venda. Apenas negócios pontuais ocorrem na média de R$ 750,00 por tonelada, a ser colocada em fábrica da região de Porto Alegre. O atual patamar de preço não atrai o produtor, por isso ele quer terminar a colheita para ver o que efetivamente vai poder oferecer de qualidade e especificidade. Segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), os moinhos brasileiros compraram e receberam 32,2 mil toneladas de trigo norte-americano da safra 2019/2020 na semana entre os dias 11 e 17 de outubro.
O produto é específico para uso na mescla da panificação. A carga integra um lote de 400 mil toneladas adquirido pela indústria da Região Nordeste. O restante da mercadoria deve chegar em portos brasileiros até as primeiras semanas de novembro. A partir de novembro, os moinhos devem voltar às compras para a Argentina e para as Regiões Sul e Sudeste do Brasil. Essa aquisição de volume significativo de trigo norte-americano ocorreu durante a retração de oferta pelos produtores argentinos, após o primeiro turno das eleições presidenciais. Em novembro, com nova safra argentina, as transações serão normalizadas. De acordo com o sistema de Estatísticas de Comércio Exterior do Agronegócio Brasileiro (Agrostat), em setembro (dados mais recentes disponíveis) o Brasil importou 492,3 mil toneladas, volume 16% inferior ao reportado em igual mês do ano passado, de 587,3 mil toneladas. O valor desembolsado com o produto do exterior recuou 21%.
Em setembro deste ano, a indústria gastou US$ 114,6 milhões com a aquisição do cereal. Entre as origens, a Argentina segue liderando as importações, com 353,8 mil toneladas. Estados Unidos, Paraguai, Rússia, Líbano e França também venderam trigo para o Brasil no mês de setembro. Nos primeiros nove meses do ano, a indústria moageira nacional importou 4,87 milhões de toneladas, 6% a menos que o adquirido do mercado externo em igual intervalo de 2018, de 5,18 milhões de toneladas. No período, moinhos desembolsaram 0,89% a mais que em igual intervalo do ano anterior, gastando US$ 1,13 bilhão com a aquisição do cereal externo. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.